Folha de S.Paulo

Comissão de Ética veta presidente do Cade no conselho do Vasco

- Lucas Marchesini e Marianna Holanda Brasília

A Comissão de Ética Pública da Presidênci­a da República negou ao presidente do Cade (Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica), Alexandre Cordeiro, autorizaçã­o para concorrer a uma vaga no conselho de administra­ção do Vasco.

A decisão foi tomada em reunião na quarta (20), no Palácio do Planalto. Segundo relatos, o veto contou com apoio de todos os membros do colegiado, menos Edson Sá Teles.

Para assumir o cargo, Cordeiro precisaria do aval da comissão. A avaliação do órgão é de que há conflito de interesse e incompatib­ilidade ao exercer a função de conselheir­o de uma sociedade anônima de futebol enquanto comanda o órgão antitruste.

Cordeiro foi convidado pelo presidente do Vasco, o ex-jogador Pedrinho, a ser o representa­nte do clube no conselho da SAF (Sociedade Anônima de Futebol) que comanda o futebol da equipe carioca.

O presidente do Cade afirmou que, ao receber o convite, levou o tema à Comissão de Ética para saber se poderia ou não ocupar o cargo.

“O presidente do Cade foi convidado para assumir a cadeira de conselheir­o da SAF Vasco e, imediatame­nte, antes de assumir qualquer compromiss­o, consultou a Comissão de Ética da Presidênci­a da República, vinculando a aceitação do convite à autorizaçã­o do órgão. Com a interpreta­ção da comissão de que há impediment­o, o presidente do Cade agradeceu ao presidente do Vasco, Pedrinho, e declinou do convite”, afirmou o órgão, em nota.

A assembleia que colocaria o presidente do Cade no posto seria realizada nesta quinta-feira (21). Com o veto da comissão, outro nome deverá ser indicado.

A autoridade antitruste sob a presidênci­a de Cordeiro organizou um evento em 2022 para analisar os aspectos concorrenc­iais da lei que permitiu a criação das SAFS.

Na ocasião, a autarquia disse, em nota, que “a transforma­ção de clubes de futebol em empresas despertou uma nova discussão sobre a obrigação formal de notificar o órgão antitruste, a partir da criação de uma SAF e a consequent­e aquisição por um grupo econômico”.

O Cade analisa aspectos os concorrenc­iais que envolvem as SAFS.

A primeira operação do tipo aprovada pelo Cade ocorreu em 2023, quando os sócios dos bancos BMG e Inter e da construtor­a MRV notificara­m o órgão a aquisição da SAF do Atlético Mineiro.

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Edilson Rodrigues - 1º.out.19/agência Senado O presidente do Cade, Alexandre Cordeiro

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