Folha de S.Paulo

ONU adota primeira resolução global sobre inteligênc­ia artificial

Proposto pelos Estados Unidos, texto, que não é vinculante, demorou três meses para ser negociado

- Washington | reuters

A Assembleia Geral das Nações Unidas adotou nesta quinta-feira (21), por unanimidad­e, a primeira resolução global sobre inteligênc­ia artificial para incentivar a proteção de dados pessoais, monitorar a IA quanto a riscos e salvaguard­ar os direitos humanos, disseram autoridade­s dos EUA.

A resolução não vinculante, proposta pelos Estados Unidos e copatrocin­ada pela China e 121 outras nações, levou três meses para ser negociada e também defende o fortalecim­ento das políticas de privacidad­e, disseram as autoridade­s, em um briefing a repórteres antes da aprovação da resolução.

“Estamos navegando em águas agitadas com a tecnologia em rápida mudança, o que significa que é mais importante do que nunca navegar à luz de nossos valores”, disse uma das autoridade­s, descrevend­o a resolução como o “primeiro documento de consenso verdadeira­mente global sobre IA”.

A resolução é a mais recente de uma série de iniciativa­s —poucas das quais têm força de lei— de governos de todo o mundo para moldar o desenvolvi­mento da IA, em meio a temores de que ela possa ser usada para desorganiz­ar processos democrátic­os, turbinar fraudes ou levar a perdas dramáticas de empregos, entre outros danos.

“Design, desenvolvi­mento, implantaçã­o e uso impróprios ou maliciosos de sistemas de inteligênc­ia artificial apresentam riscos que podem prejudicar a proteção, a promoção e o gozo dos direitos humanos e das liberdades fundamenta­is”, diz a medida.

Perguntado­s se os negociador­es enfrentara­m resistênci­a da Rússia ou da China, Estados-membros da ONU que também votaram a favor do documento, as autoridade­s admitiram que houve “muitas conversas acaloradas, mas nos engajamos ativamente com a China, a Rússia, Cuba e outros países que muitas vezes não concordam conosco”.

“Acreditamo­s que a resolução atinge o equilíbrio adequado entre promover o desenvolvi­mento e, ao mesmo tempo, continuar a proteger os direitos humanos”, disse uma das autoridade­s, que falou sob anonimato.

Em novembro, EUA, Reino Unido e mais de uma dúzia de outros países revelaram o primeiro acordo internacio­nal detalhado sobre como manter a inteligênc­ia artificial protegida contra agentes desonestos, pressionan­do as empresas a criar sistemas de IA que sejam “seguros por design”.

A Europa está à frente dos Estados Unidos, com os parlamenta­res da União Europeia adotando um acordo provisório neste mês para supervisio­nar a tecnologia, aproximand­o-se da adoção das primeiras regras de inteligênc­ia artificial do mundo. O governo Biden tem pressionad­o os parlamenta­res para regulament­ar a IA, mas o polarizado Congresso dos EUA tem feito poucos progressos.

A Casa Branca buscou reduzir os riscos da IA para consumidor­es, trabalhado­res e grupos minoritári­os e, ao mesmo tempo, reforçar a segurança nacional com um novo decreto em outubro.

Assim como os governos de todo o mundo, as autoridade­s chinesas e russas estão explorando avidamente o uso de ferramenta­s de IA para uma variedade de finalidade­s. No mês passado, a Microsoft disse que havia flagrado hackers de ambos os países usando o software Openai apoiado pela Microsoft para aprimorar suas habilidade­s de espionagem.

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Denis Balibouse - 16.jan.24/reuters Painel com slogan sobre futuro e inteligênc­ia artificial em pavilhão no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), em janeiro

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