Brasil quer aproveitar o G para se projetar em encontro; ataque de Irã a Israel deve afetar debates
washington, são paulo Aproveitando a posição de destaque conferida pela presidência do G20, uma comitiva liderada pelo ministro Fernando Haddad viaja a Washington (EUA) nesta semana para promover a agenda brasileira durante o encontro anual do Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional), que ocorre de segunda (15) a sexta-feira (19).
A intenção brasileira, porém, pode acabar ofuscada pelos apelos para que o ataque do Irã a Israel entre nos debates. “Mesmo que a geopolítica seja a última coisa que os ministros queiram discutir, eles podem não ter escolha. Vale lembrar que as Instituições de Bretton Woods foram criadas durante uma guerra para abordar o devastador impacto econômico do conflito”, escreveu o diretor sênior do Centro GeoEconômico do Conselho do Atlântico, Josh Lipsky, em texto divulgado pelo FMI.
“Como o ataque em larga escala do Irã a Israel neste fim de semana nos lembrou, os ministros e governadores precisarão primeiro abordar algo mais —a realidade de que as tensões geopolíticas e os conflitos mudaram o roteiro das relações econômicas globais.”
Já em reforço aos planos iniciais da comitiva brasileira, o presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, disse a jornalistas na última quinta (11) que “o Brasil é uma parte muito ativa do diálogo que temos”.
Haddad será acompanhado por secretários, como Guilherme Mello (política econômica) e Tatiana Rosito (assuntos internacionais), e pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Em paralelo às chamadas reuniões de primavera dos bancos multilaterais, acontece também uma nova reunião da área de finanças do G20.
O grupo se encontra para um jantar na quarta (17), no qual a economista Esther Duflo, Nobel em 2019, fará uma palestra sobre finanças sustentáveis a convite do Brasil.
No dia seguinte, os ministros da Fazenda do bloco, acompanhados pelos chefes dos bancos centrais, se encontram para discutir a reforma da governança do sistema financeiro internacional. Torná-lo mais representativo do mundo atual, com maior peso para os emergentes, e aprimorar sua capacidade de financiamento diante de desafios como crise climática e fome, estão entre as prioridades da presidência brasileira.
No entanto, assim como no encontro anterior, realizado em São Paulo, não é esperada a divulgação de um comunicado conjunto.
Haddad participa também de um evento na terça (16) sobre finanças sustentáveis no Instituto Brasil do Wilson Center, co-organizado pela Fazenda e pelo Instituto Clima e Sociedade. A embaixadora do Brasil nos EUA, Maria Luiza Viotti, faz a abertura.
Encontra o também brasileiro Ilan Goldfajn, hoje na presidência do BID.
No dia seguinte, o ministro participa de um evento patrocinado pelo G20 sobre taxação dos super-ricos.