Folha de S.Paulo

TSE tem 2 ministras negras no plenário pela primeira vez

Sessão também foi a quarta realizada no tribunal com maioria feminina

- Mariana Brasil brasília

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) teve nesta quinta-feira (9), pela primeira vez, duas ministras negras na bancada do plenário.

“Temos pela primeira vez na história do Tribunal Superior Eleitoral duas ministras negras na bancada”, disse o presidente da corte, ministro Alexandre de Moraes, ao abrir a sessão dando destaque à presença das magistrada­s suplentes, Edilene Lôbo e Vera Lúcia Santana Araújo.

A sessão teve ainda outro destaque por ter sido a quarta vez que o plenário contou com maioria feminina.

Em sua fala, Moraes destacou as passagens dos ministros negros Benedito Gonçalves e Joaquim Barbosa, ex-titulares no tribunal.

A ministra Edilene Lôbo foi a primeira mulher negra a assumir uma cadeira na corte eleitoral, em setembro de 2023. Vera Lúcia foi nomeada em dezembro do mesmo ano.

“A bancada de julgamento de hoje realça que é crucial a superação da desigualda­de de gênero e de raça nos espaços decisórios no Brasil. Vejo que uma sociedade assentada na desigualda­de não tem um futuro próspero”, disse Edilene.

Ambas são suplentes da corte. Com a ausência de dois titulares, foi possível ter a presença das duas na sessão.

Para a ministra Vera Lúcia, o registro da sessão histórica deve “renovar os compromiss­os com a cidadania e com a promoção da dignidade da pessoa humana como pressupost­os garantidor­es de que sejamos, efetivamen­te, um Estado democrátic­o de Direito”.

Também presente na sessão, a ministra Cármen Lúcia, futura presidente do TSE, falou sobre a disparidad­e entre homens e mulheres em cargos de poder e da sub-representa­tividade a grupos como a população negra.

“Nós temos a maioria da população de mulheres e a maioria da população brasileira é negra. A representa­ção nos espaços de poder é diminuta se for levado em consideraç­ão esse dado, que revela apenas uma estrutura de organizaçã­o social e de organizaçã­o de poder que nos coloca numa posição de desprestíg­io, desvalor e até mesmo de impossibil­idade real de igualdade entre mulheres e homens para participar e contribuir”, disse.

O ministro Alexandre de Moraes destacou a importânci­a da participaç­ão das mulheres e da população negra na Justiça eleitoral e classifico­u o fato como um avanço.

Edilene Lôbo é doutora em direito processual civil pela Puc-minas. Atualmente, Lôbo é professora convidada da Universida­de de Sorbonne (França), onde leciona sobre democracia, direitos políticos, eleições e milícias digitais na América Latina.

Após sua posse em 2023, a ministra afirmou que a chegada de uma mulher negra ao TSE, era um caminho para permitir que se pense, se reflita e se busque a inclusão de meninas e mulheres nos espaços de poder.

“Primeiro, contribuir com minha experiênci­a como estudiosa, professora do direito eleitoral, do direito administra­tivo, do direito partidário. E, mais que isso, poder, nesta corte, trazer a diversidad­e brasileira para compor esta jurisdição tão importante. Então, é um trabalho duplo: contribuir com a função jurisdicio­nal, mas inspirar meninas e mulheres que, como eu, possam ocupar esses espaços públicos”, disse, à época.

Vera Lúcia tem mais de 30 anos de atuação e já participou do Conselho Penitenciá­rio do Distrito Federal e da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

Exerceu os cargos de diretora da FCP (Fundação Cultural Palmares), diretora-presidente da Funap (Fundação de Amparo ao Trabalhado­r Preso do Distrito Federal) e secretária-adjunta de Políticas para a Igualdade Racial do Distrito Federal. Atualmente, compõe o Conselho Econômico e Social da Presidênci­a da República e integra a Executiva Nacional da ABJD (Associação Brasileira de Juristas pela Democracia).

Em nove décadas de Justiça Eleitoral, 12 mulheres integraram o plenário do TSE como ministras efetivas ou substituta­s: Ellen Gracie, Eliana Calmon, Nancy Andrighi, Cármen Lúcia, Laurita Vaz, Maria Thereza de Assis Moura, Rosa Weber, Luciana Lóssio, Maria Cláudia Bucchianer­i Pinheiro, Maria Isabel Gallotti Rodrigues, Edilene Lôbo e Vera Lúcia Santana Araújo.

“A bancada de julgamento de hoje realça que é crucial a superação da desigualda­de de gênero e de raça nos espaços decisórios no Brasil. Vejo que uma sociedade assentada na desigualda­de não tem um futuro próspero Edilene Lôbo ministra substituta do TSE

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Alejandro Zambrana/divulgação TSE As ministras s Edilene Lôbo 1 e Vera Lucia Santana Araujo 2 participam da bancada do plenário do TSE
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