Defesa de Trump troca provocações com atriz e irrita juiz
O juiz responsável pelo caso no qual Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, é acusado de pagar pelo silêncio de uma atriz pornô rejeitou um novo pedido da defesa nesta quinta-feira (9) para que o julgamento fosse suspenso —e criticou publicamente os advogados do republicano.
Essa foi a segunda vez na mesma semana que o juiz Juan Merchan negou um pedido do ex-presidente para que o julgamento fosse interrompido —a primeira foi na última terça-feira (7). A defesa justificou a solicitação dizendo que o depoimento da atriz pornô Stormy Daniels, que começou na quarta (8) e continuou nesta quinta, incluiu detalhes sexuais irrelevantes para o caso, como o fato de que Trump não teria usado uma camisinha e que ela teria desmaiado antes do sexo e acordado nua.
Todd Blanche, advogado de Trump, argumentou que “esse não é um caso sobre sexo, nem sobre se o encontro aconteceu ou não aconteceu”. Entretanto, ao negar o pedido, Merchan disse que a insistência da defesa em dizer que a relação sexual não ocorreu “abriu a porta” para que o testemunho incluísse detalhes explícitos em uma tentativa de recuperar a credibilidade de Daniels.
O juiz ainda criticou os advogados do republicano por não questionarem esses detalhes durante o testemunho, dizendo que concorda que a pergunta sobre o uso da camisinha não deveria ter sido feita, mas que não entende por que não houve protesto da defesa nesse momento.
Blanche solicitou que a ordem de silêncio que impede Trump de atacar envolvidos no caso seja flexibilizada para que ele possa se defender publicamente do testemunho de Daniels —pedido que foi negado.
Na segunda (6), Merchan multou Trump em mais US$ 1.000 (cerca de R$ 5.000) e o considerou culpado de desacato ao tribunal pela décima vez por violar essa ordem de silêncio.
O magistrado alertou sobre a possibilidade de prender Trump caso as violações persistam, considerando a prisão como “o último recurso”, dado o impacto no julgamento.