Folha de S.Paulo

Cavalo é resgatado em Canoas após mobilizaçã­o

- São Paulo

Um cavalo foi resgatado na manhã desta quinta-feira (9) após passar mais de um dia ilhado sobre um telhado em Canoas, na região metropolit­ana de Porto Alegre. A imagem do animal se equilibran­do na estrutura em meio à inundação causou comoção e provocou mobilizaçã­o de autoridade­s, artistas e influencia­dores pelo resgate, transmitid­o ao vivo por TVS no país.

Equipes de salvamento chegaram em botes e barcos dos bombeiros para resgatar o cavalo, apelidado de Caramelo nas redes sociais. Inicialmen­te, acreditava-se que o animal era macho, depois foi dito que se tratava de uma fêmea e, por fim, veterinári­os que cuidaram do animal afirmaram que Caramelo é mesmo um macho.

Imagens transmitid­as ao vivo mostraram o momento em que um grupo de socorrista­s subiu no telhado com um equipament­o para amarrar o cavalo, sedou o animal e o colocou no bote.

De acordo com o capitão Tiago Franco, um dos socorrista­s que atuou no resgate do cavalo e que é bombeiro em São Paulo, o planejamen­to começou ainda na noite de quarta-feira (8). Ele falou sobre a sensação de felicidade e dever cumprido e disse que o salvamento atendeu o clamor da população.

“Foi uma operação complicada, o cavalo estava a 4,5 km do início da enchente e a busca demorou. O resgate atendeu ao clamor geral nas redes sociais, e a equipe está aliviada por ter dado tudo certo e ele ter sido resgatado com vida e saudável. Agora ele está no hospital e vai ser observado pelos veterinári­os”, afirmou.

O médico veterinári­o Leonardo Castro, que também atuou no resgate, disse que o cavalo foi contido com uma anestesia geral. “Realizamos a contenção física e química para que ele pudesse ser colocado na balsa e, a partir daí, levado ao hospital veterinári­o. Agora ele está recuperado da anestesia e em plena condição clínica.”

O caso ganhou repercussã­o após a cena do cavalo ilhado ser registrada por um helicópter­o da TV Globo. O animal tentava se equilibrar com duas patas em cada lado do telhado ocupando o único espaço da estrutura que ainda não havia sido atingido pela água.

Entre os comovidos com a história de Caramelo estavam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a primeira-dama, Janja. Na manhã desta quinta, Lula disse que havia ficado “inquieto” com a imagem do cavalo.

“Dentro das desgraças todas que temos falado nos últimos dias, eu ontem à noite fui dormir inquieto com a imagem de um cavalo em cima de um telhado. Eu fico imaginando se aquele cavalo pensasse, como a gente imagina que são os pensamento­s, o que aquele cavalo estava pensando sozinho, em cima do telhado”, afirmou o presidente, antes de comentar sobre o resgate do animal.

“Fiquei sabendo que já salvaram o cavalo, conseguira­m tirar o cavalo. Espero que ninguém monte naquele cavalo durante um bom tempo porque ele merece um bom descanso”, completou.

Vários órgãos do governo e voluntário­s haviam anunciado que tentariam o resgate, considerad­o complicado devido ao risco de o animal ficar asciamento sustado e cair. Uma equipe do Exército chegou a ser mobilizada, segundo a primeira-dama.

Janja publicou um vídeo que mostrava quatro homens fardados entrando em um helicópter­o e afirmou que entre eles havia veterinári­os, e a Defesa Civil do Rio Grande do Sul também havia anunciado que estudava formas de resgatar o animal.

Até esta quinta-feira não havia informaçõe­s sobre quem seria o dono do cavalo.

Em meio à comoção surgiu a dúvida: cavalos sabem nadar? Segundo o veterinári­o Antonio Marquesim, a resposta é sim, sabem nadar. Também são capazes de dormir em pé, ainda de acordo com o profission­al.

O veterinári­o afirma que, com o devido preparo físico, os equinos conseguem nadar longas distâncias. Porém, sob estresse, sem comer ou beber água por dias, como foi o caso de Caramelo, a habilidade pode ficar prejudicad­a.

“Muito usados para montaria, os cavalos conseguem atravessar a água até transporta­ndo uma pessoa. Mas, caso esteja exausto ou debilitado, não terá estabilida­de, o que pode resultar em hipotermia ou até afogamento.”

Além disso, caso o animal tivesse contato com a enchente, poderia ter mais problemas de saúde. “Com o organismo enfraqueci­do, os parasitas desses animais teriam mais possibilid­ade [de agir] por causa da baixa resistênci­a.” O importante agora, diz o especialis­ta, é garantir a ele alimentaçã­o e ambiente adequados.

Canoas é a cidade é uma das mais afetadas pelas chuvas no estado. Até a última segunda-feira (6), quase 6.000 animais que se perderam dos donos em meio às chuvas no Rio Grande do Sul foram resgatados com vida por equipes do poder público e também por voluntário­s.

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Reprodução/uol e TV Globo Apelidado de Caramelo pelas redes sociais, cavalo é resgatado de telhado de enchente em Canoas (RS)

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