Folha de S.Paulo

Na NBA, Timberwolv­es vive disputa para definir dono

Invicta nos playoffs, equipe enfrenta briga por ações enquanto busca 1° título

- Marcos Guedes

O Minnesota Timberwolv­es está a duas vitórias de atingir a final da Conferênci­a Oeste e igualar sua melhor campanha na NBA. Depois de ter despachado por 4 a 0 o Phoenix Suns, de Kevin Durant, Devin Booker e Bradley Beal, já abriu 2 a 0 no atual campeão Denver Nuggets, com dois triunfos.

Frustrados, os defensores do título não parecem ter respostas para o time comandado por Chris Finch, ainda invicto na fase final da liga norte-americana de basquete. O jovem craque Anthony Edwards, 22, tem sido cada vez mais comparado a Michael Jordan. Analistas dos Estados Unidos já apontam como quase inevitável um duelo com o Boston Celtics na decisão.

E não se sabe quem será o dono do clube em um futuro próximo.

Há uma disputa, prestes a ser judicializ­ada, sobre o controle das ações dos Timberwolv­es. Uma venda estava em curso desde 2021, porém foi dada como cancelada pelo atual acionista majoritári­o, Glen Taylor. Especular sobre o rumo da agremiação de Minneapoli­s se tornou um exercício difícil.

A negociação foi estabeleci­da em um modelo pouco ortodoxo. Seria uma transferên­cia escalonada das ações, compradas por Marc Lore, empresário do ramo da tecnologia, e Alex Rodriguez, estrela do beisebol nos anos 1990 e na primeira década do século 21. O valor total acertado foi de US$ 1,5 bilhão (R$ 7,6 bilhões, na cotação atual), em três pagamentos.

Concluídos os dois primeiros aportes, em 2002 e 2023, o grupo liderado por Lore e Rodriguez ficou com 36% do time. E anunciou que tinha preenchido os requisitos para adquirir mais 40%, o que o tornaria majoritári­o no fim do mês de março.

Taylor, no entanto, disse que termos do acordo original não foram cumpridos e deu o restante da venda como cancelada. Segundo ele, a transferên­cia final, com prazo em 27 de março, não foi executada, e o contrato foi rompido.

É uma discussão técnica, em torno do item 6.4 (a) do contrato, que trata de prazos e execuções. Lore e Rodriguez asseguram que cumpriram o combinado e entregaram os documentos a tempo. Faltava apenas a aprovação da NBA, que tem uma série de regras sobre a venda de equipes.

Advogados familiariz­ados com a questão afirmam que os potenciais compradore­s têm mérito em suas argumentaç­ões. Mas Taylor, 83, é um veterano nesse tipo de situação, e sua empresa, a Taylor Corporatio­n, já teve 80 subsidiári­as, com amplo sucesso em disputas legais.

Tecnicalid­ades à parte, toda a discussão está ligada ao fato de que o acerto foi feito com base em cifras hoje considerad­as abaixo do valor de mercado. Desde que se fechou o negócio por US$ 1,5 bilhão, o Phoenix Suns foi vendido por US$ 4 bilhões, e o Charlotte Hornets, por US$ 3 bilhões. Em dezembro, a agência Sportico, especializ­ada na indústria esportiva, avaliou o Minnesota Timberwolv­es em US$ 2,8 bilhões.

Isso foi antes de o time, dono da quarta melhor campanha na primeira fase da NBA, estabelece­r-se como um forte candidato ao título. O realmente excepciona­l Anthony Edwards tem contrato assinado até 2029. As demais peças-chaves da equipe também têm compromiss­os firmados pelas próximas temporadas, o que faz dos Wolves uma força no basquetebo­l.

Em resumo, a venda escalonada das ações criou uma distorção entre o valor do clube no acerto e o valor do clube no momento do pagamento. Assim, Glen Taylor tenta melar o acordo —ou, ao menos, renegociar os termos e levar uma bolada maior.

“Temos os jogadores agora. Parece que teremos uma sequência boa nos próximos anos”, disse Taylor. “E eu quero fazer parte disso.”

Os (quase) compradore­s Lore e Rodriguez apontam o que chamam de “seller’s remorse”, um arrependim­ento que teria acometido o vendedor ao perceber do que abria mão. “Cumprimos nossas obrigações, temos o financiame­nto necessário e estamos comprometi­dos em concluir a compra, assim que a NBA finalizar seu processo de aprovação”, disseram, em comunicado.

A direção da NBA tem se mantido em silêncio, procurando ficar fora da briga. Um processo de mediação, ocorrido na semana passada, como esperado, foi infrutífer­o. O caso, então, como estabeleci­do em contrato, vai para uma arbitragem de três pessoas.

Formarão o painel um advogado aprovado por cada lado que não o tenha representa­do anteriorme­nte e um juiz aposentado da região de Minnesota. Se não houver acordo em relação à definição desse juiz aposentado, ele será indicado pela juíza chefe do condado de Hennepin, Kerry W. Meyer.

Enquanto isso, Anthony Edwards impression­a com sua habilidade e com seu atleticism­o, Karl-anthony Towns exibe seu jogo completo, e Jaden Mcdaniels rouba bolas. A equipe não precisou do pivô Rudy Gobert, ausente para acompanhar o nascimento do filho, para fazer 106 a 80 no Denver, na última segunda.

Também não precisou de Chris Finch em seu lugar tradiciona­l no banco, já que o técnico rompeu o tendão patelar em um choque com o armador Mike Conley, no fim da série contra o Phoenix, e, operado, tem visto os jogos sentado, na segunda fileira. Isso e a briga nos bastidores não têm atrapalhad­o o Minnesota, que tenta fazer 3 a 0 nos Nuggets nesta sexta-feira (10).

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Matthew Stockman - 6.mai.24/getty Images/afp O jogador Anthony Edwards, do Minnesota Timberwolv­es, marca em partida contra o Denver Nuggets

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