Doença respiratória afeta bebês no RS, e médicos pedem doações
SÃO PAULO Com as baixas temperaturas no Rio Grande do Sul, médicos estão alertando para o aumento de casos de infecções respiratórias em crianças, especialmente as alojadas em abrigos devido às chuvas, e pedem que indústrias farmacêuticas doem medicações para prevenir essas condições.
O foco das preocupações é o VSR (vírus sincicial respiratório), responsável por 75% dos casos de bronquiolite, doença respiratória que dificulta a chegada do oxigênio aos pulmões, e por 40% das pneumonias em bebês e crianças pequenas.
O último boletim InfoGripe, da Fiocruz, divulgado na quinta (16), mostrou um aumento de internações respiratórias causadas pelo VSR e pelo Influenza A em boa parte do país. O estado gaúcho vinha registrando alta dessas hospitalizações, mas os dados não foram considerados nesse boletim devido à dificuldade de atendimento da população atingida pelos eventos climáticos extremos.
Neste momento em que há um grande número de pessoas em abrigos, a situação deve se agravar. No caso da gripe por influenza, o governo gaúcho anunciou que pretende vacinar até segunda (20) toda a população em abrigos que ainda não foi imunizada neste ano.
Já para o VSR, há um medicamento indicado para a prevenção do vírus em bebês que está aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) desde outubro de 2023, mas ainda não disponível no mercado.
Trata-se do Beyfortus (nirsevimabe), da Sanofi, um anticorpo monoclonal, ou seja, uma proteína produzida em laboratório que imita a capacidade do sistema imunológico de combater o vírus.
Atualmente, o SUS já oferece o palivizumabe, da Astrazeneca, indicado somente para quadros graves de infecções respiratórias, com alto risco de hospitalização. Uma revisão da Sociedade Brasileira de Pediatria concluiu que o nirsevimab é mais eficaz na imunoprofilaxia (processos de prevenção) contra o VSR.
No mês passado, a Anvisa também aprovou o registro da vacina Abrysvo, da Pfizer, destinada a grávidas no segundo ou terceiro semestre de gestação para proteção do recém-nascido. No entanto, a vacina também não está no mercado brasileiro.
Há uma outra vacina aprovada no país contra o VSR, da GlaxoSmithKline, mas só para prevenir a doença em pessoas acima de 60 anos.
Em mensagem encaminhada às farmacêuticas Sanofi e Pfizer, Mariana González de Oliveira, professora de medicina neonatal da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre e Lucia Pellanda, reitora da universidade, solicitam a doação urgente da vacina e do imunobiológico para serem ofertados aos abrigados.
Em nota, a Pfizer afirma que, em relação à solicitação de doações da vacina materno-fetal Abrysvo, indicada para a prevenção de infecções causadas pelo VSR e aprovada no Brasil no mês passado, para gestantes e idosos, o imunizante está passando pelo fluxo regulatório determinado pelas autoridades nacionais e ainda não está disponível no país.
Também em nota, a Sanofi afirmou que, em relação ao Beyfortus, o produto deve estar disponível no Brasil no segundo semestre de 2024.