À FORÇA
Ex-senador do PT protestava contra reintegração de posse, pedida pela gestão Haddad, de terreno da prefeitura
PMs detêm Eduardo Suplicy (PT) durante protesto contra reintegração de posse pedida pela gestão Haddad em São Paulo; para o ex-senador, o ato foi truculento —o governo de SP disse que ele insistiu em obstruir ação
Petista classificou ação da PM como truculenta; governo Alckmin diz que ele ‘tumultuou reintegração de posse’
O ex-senador Eduardo Suplicy (PT) foi detido pela Polícia Militar nesta segunda (25) durante reintegração de posse, pedida pela gestão Fernando Haddad (PT), de um terreno de 11 mil m² que pertence à prefeitura no Jardim Raposo Tavares, na zona oeste da capital paulista.
Suplicy, que deixou a pasta de Direitos Humanos da gestão Haddad em abril para se candidatar a vereador, chamou de inaceitável e truculenta sua detenção.
O governo do Estado, por sua vez, criticou a ação do exsenador petista.
“A truculência da Polícia Militar do governo Alckmin é inaceitável. Se fazem isso com um ex-senador da República, imagine o que sofre a popu- lação que tanto precisa de apoio”, disse o petista em sua página em uma rede social.
Ele foi levado ao 75º DP para prestar depoimento.
“Fiquei com receio de que pudesse haver uma cena de violência quase que incontrolável. Falei: ‘Vou me deitar aqui para prevenir e evitar qualquer violência’”, afirmou Suplicy na delegacia. Ele diz que foi detido após recusar o pedido de duas oficiais de Justiça para que se levantasse.
“Teve um momento em que estavam me levando com uma certa força, mas eu chamei a atenção, falei ‘olha, desse jeito você vai quebrar o meu braço’, e aí eles me leva- ram com maior respeito.”
Em nota, a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) disse “lamentar que o ex-senador Eduardo Suplicy tenha aproveitado a fragilidade de famílias para tumultuar uma reintegração de posse em cumprimento a uma ordem judicial solicitada pela Prefeitura de São Paulo, dona do terreno”.
A nota afirma ainda que Suplicy insistiu na obstrução da via mesmo após negociação, e que, por isso, a oficial de Justiça deu a ordem de prisão e “à PM, coube cumprir a decisão judicial”. EQUÍVOCO Questionado se houve equívoco na ação da PM, o secretário de Segurança Pública do Estado, Mágino Alves, afirmou na tarde desta segunda que Suplicy não deveria ter ido ao local.
“Equívoco, se houve, houve do senador Suplicy de comparecer a um local onde já havia uma situação conturbada, desde as 3h já havia uma situação favorável a ocorrer incidentes”, afirmou.
“Não posso concordar que alguém que até pouco tempo fez parte da administração municipal vá contrariar uma ação que estava sendo promovida pela Prefeitura de São Paulo, isso me parece um contrassenso.”
Desde a chegada da Polícia Militar, de madrugada, manifestantes protestavam no local. Eles fizeram barricadas e atearam fogo na rua. A Tropa de Choque da PM lançou bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral para dispersar o grupo.
O terreno pertence à Subprefeitura do Butantã. Segundo a gestão Haddad, a área apresenta alto risco de desabamento, o que inviabiliza construir moradias populares.
A prefeitura diz que a Defesa Civil municipal estudou a possibilidade de retirar apenas parte dos barracos, mas concluiu que isso colocaria os demais em risco, por causa da fragilidade do conjunto.
De acordo com o grupo de moradores, as famílias não têm para onde ir nem receberam ajuda da prefeitura.