Juíza de liminar contrária a acampamento criticou petista
Autora de decisão contra manifestantes atacava o PT em rede social
Medida que proibiu montagem de barracas em Curitiba inclui multa de R$ 50 mil por descumprimento
A juíza que proibiu acampamentos em Curitiba por causa do depoimento de Lula na Justiça Federal, Diele Denardin Zydek, é uma militante anti-PT que usa o Facebook para atacar o ex-presidente e a ex-presidente Dilma Rousseff. Ela também defende que menores de 18 anos sejam presos como adultos e que a população tenha acesso a armas.
A decisão liminar barrou a montagem de barracas de segunda-feira (8) até a noite desta quarta (10). A medida desagradou militantes petistas, que programaram caravanas à capital paranaense para apoiar o ex-presidente.
Em março do ano passado, Zydek se manifestou favorável à condução coercitiva de Lula e elogiou o juiz Sergio Moro, chamado por ela de “ídolo” e “inspiração”. Uma série de entidades criticou a condução coercitiva porque Lula não havia se recusado a comparecer a interrogatórios da Operação Lava Jato.
No dia da condução coercitiva do petista, a juíza publicou o seguinte comentário no Facebook: “E hoje a casa caiu para Lula”, seguido de cinco símbolos de mãos aplaudindo.
Quando a então presidente nomeou Lula para a chefia da Casa Civil, a juíza atacou a medida: “Essa situação é vergonhosa, mas gostaria de esclarecer que não significa que ele ficará impune, a investigação segue, possibilidade de prisão conforme as investigações avancem sob a direção do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. É triste ver esse tipo de manobra criminosa”.
Posteriormente, o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes suspendeu a nomeação do petista.
Quando Moro tornou pública uma gravação em que Lula conversava com Dilma sobre a sua nomeação para a Casa Civil, Zydek festejou o que considerava ser um temor do ex-presidente: “Lula assustado com a República de Curitiba! Que bom!”.
Dias depois, o ministro do Supremo Teori Zavascki considerou ilegal a decisão de Moro de divulgar a gravação
O perfil da juíza, que estava na rede até a segunda (8), foi apagado nesta terça (9).
A Lei Orgânica da Magistratura, o Código de Ética da Magistratura, o Código de Processo Civil e o Código de Processo Penal proíbem juízes de julgar quando eles já se manifestaram sobre uma questão, segundo o advogado Paulo Rangel do Nascimento, que já defendeu uma série de magistrados em processos em São Paulo.
“A juíza deveria se declarar impedida de julgar porque já se manifestou sobre Lula e o PT”, afirma Rangel do Nascimento. Para ele, “qualquer manifestação sobre o tema, mesmo que feita anos antes do julgamento, pode ser considerada prejulgamento”.
Procurada pela Folha, por meio da assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça do Paraná, a juíza não quis se manifestar.
(MARIO CESAR CARVALHO)