Folha de S.Paulo

Google lança no país pagamento via celular

Android Pay armazena informação de cartão de débito e crédito no aparelho permitindo uso direto na maquininha

- ANAÏS FERNANDES

Banco do Brasil, Santander e Samsung já oferecem o serviço no Brasil, mas segmento ainda não decolou

Brasileiro­s que têm um smartphone com sistema Android a partir da versão 4.4 já podem substituir os cartões de plástico pelo celular na hora de pagar uma conta. O Google lançou nesta terça-feira (14) no país seu sistema de pagamento por aproximaçã­o, o Android Pay.

O recurso, disponível na Play Store, funciona como uma carteira digital: o usuário cadastra cartões no aplicativo e conclui a compra apenas aproximand­o o celular da maquininha. Para transações acima de R$ 49, é preciso fornecer senha.

Podem se cadastrar clientes do Banco do Brasil (crédito e débito), da Caixa (débito), da Neon (débito) e dos emissores Porto Seguro (crédito) e Brasil Pré-Pagos (débito) com bandeira Visa. Em breve, o sistema aceitará clientes do Bradesco e cartões MasterCard.

Para funcionar, celular e maquininha precisam ter NFC (Near Field Communicat­ion), tecnologia que permite comunicaçã­o sem fio entre aparelhos. Segundo o Google, há cerca de 3 milhões de máquinas NFC no Brasil.

O que fica cadastrado no Android Pay é um número virtual criptograf­ado e diferente do original do plástico. Caso o usuário perca o celular, ele pode bloquear sua carteira remotament­e. “O recur- so reduz fila e oferece uma transação mais limpa e simples”, diz Fabio Coelho, presidente do Google Brasil.

O Android Pay foi lançado em 2015 nos Estados Unidos em resposta ao Apple Pay, que surgiu em 2014, mas não tem data para chegar ao Brasil. Por aqui, o BB oferece o serviço desde 2015, o Samsung Pay foi lançado em 2016 e o Santander entrou no segmento neste ano.

Cartões de débito e crédito respondera­m por 31% das transações no Brasil em 2016, segundo relatório da consul- toria Boanerges & Cia, atrás do dinheiro (40%).

“A convivênci­a [entre Google e BB] é harmônica, o cliente pode escolher. Em termos de faturament­o, é tudo cartão BB, então é indiferent­e para nós”, diz Rogério Panca, diretor de meios de pagamento do banco. Segundo ele, 65 milhões de clientes terão acesso ao Android Pay.

Para as empresas de tecnologia, o serviço agrega valor a seus smartphone­s e sistemas operaciona­is. “O objetivo é fortalecer a base Android, não há geração de receita direta para o Google”, diz Coelho.

Apesar de a concorrênc­ia estar aumentando, o serviço enfrenta resistênci­a, seja do consumidor ou das instituiçõ­es. “Quando você sai do mundo físico para o virtual, melhora a velocidade, mas piora a segurança. O banco precisa se sentir seguro para aderir”, avalia Edson Luiz dos Santos, especialis­ta do setor.

“O plástico não vai acabar. Mas as novas gerações tenderão a usar outras formas de pagamento”, afirma Percival Jatobá, vice-presidente de produtos da Visa.

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