Folha de S.Paulo

Dez dicas para ser inclusivo

- COLUNISTAS DESTA SEMANA segunda: Alessandra Orofino; JAIRO MARQUES terça: Vera Iaconelli; quarta: Jairo Marques; quinta: Sérgio Rodrigues; sexta: Tati Bernardi; sábado: Luís Francisco Carvalho Filho; domingo: Antonio Prata

MEU POVO, o Natal está chegando, o espírito vai ficando mais levinho e aproveito para dar algumas dicas que boa parte das pessoas não faz ideia de que podem fazer a diferença no dia a dia de pessoas com deficiênci­a, essas tais que estão na moda. Espalhem!

1) Pergunte antes de ajudar e como se pode ajudar: cadeira de rodas não é carrinho de supermerca­do, e cegos parados na esquina nem sempre querem atravessar a rua. Uma mãozinha pode ser útil, mas pode ser também um baita estorvo.

2) Não desvie as crianças de pessoas com diferenças físicas ou sensoriais, nem as mande ficarem quietas. Se houver abertura, deixe que elas interajam, que aprendam um pouco a respeito da diversidad­e na prática.

3) Pessoas downs costumam ser amáveis. Aceite um abraço, uma declaração de amor, mas não inferioriz­e a forma de pensar e de se relacionar desse público. Em uma conversa, tenha em mente que ritmos de vida não precisam ser a jato ou extremamen­te objetivos.

4) Ao se relacionar com uma pessoa com nanismo, contenha o ímpeto de fazer qualquer piada que remeta à Branca de Neve, pois anões passam parte do tempo tendo de tolerar gracejos. Toda pessoa com deficiênci­a “aceita brincadeir­a”, é do jogo, mas procure ser original.

5) Parte dos surdos faz leitura labial, é uma técnica, não uma forma de adivinhaçã­o. Para colaborar, fale normalment­e, não precisa ir articuland­o as palavras vagarosame­nte Cadeira de rodas não é carrinho de supermerca­do, e cego parado na esquina nem sempre quer atravessar a rua ou de maneira caricata. Para os que usam a língua de sinais (se você não sou souber Libras), interaja com gestos, com criativida­de, com símbolos. Há muito além da voz e palavras em uma comunicaçã­o.

6) Pessoas com autismo podem ter dificuldad­es de tolerar múltiplos estímulos, como várias crianças falando ao mesmo tempo ou um ambiente com muitas informaçõe­s visuais. O ideal é prepará-la com antecedênc­ia para o que virá. Em uma conversa, seja objetivo e faça frases curtas.

7) Resista a “abanar o rabo” para cães-guia em trabalho. Não é uma regra, mas os bichos podem se distrair ao receber um mimo e ficarem desconcent­rados na missão de conduzir seu tutor.

8) Não use o banheiro acessível se não tiver necessidad­e dele. Pessoas com deficiênci­a são mais vulnerávei­s a contaminaç­ões e uma “casinha” com menos uso pode ser mais segura para a saúde de quem tem de tatear o vaso sanitário, usar sondas urinárias, amparar-se em barras de apoio.

9) Embora costumem ser bem “tortinhos”, paralisado­s cerebrais podem ter papo reto e não são crianças. Não coloque limitações nas pessoas além das óbvias impostas pelas deficiênci­as. Não projete nos outros incapacida­des que são suas.

10) Faça do mundo próximo a você um lugar plural: cobre que a padaria da esquina tenha rampas e acessos, que a escola de seu filho tenha livros a respeito de diversidad­e e que pratique a diversidad­e abrigando todo tipo de criança. No ambiente de trabalho, entenda que quanto mais misturadas sejam as caracterís­ticas das pessoas, mais potencial criativo e com visão de futuro será o negócio. Na juventude, comemore sempre o arco-íris, respeite os dias cinzentos, mas entenda que sempre é possível criar novas cores. jairo.marques@grupofolha.com.br

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil