Folha de S.Paulo

Entre o rochedo e o mar

- Daniela Lima painel@grupofolha.com.br

Aliados de Geraldo Alckmin, o candidato do PSDB à Presidênci­a, começaram a traçar estratégia­s para, mesmo antes do início da propaganda eleitoral, tentar retomar eleitorado que já foi dele e hoje simpatiza com Jair Bolsonaro (PSL). A ofensiva deve começar no terreno menos acidentado: o interior de São Paulo, reduto de Alckmin há anos. Reconquist­ar a região, de perfil conservado­r e muito ligada ao agronegóci­o, é visto como o primeiro passo para fortalecer o tucano nas pesquisas.

A ENVIADA A equipe de Alckmin também está disposta a explorar ao máximo a interface da vice do tucano, Ana Amélia (PP-RS), com os ruralistas. Ela vai representa­r a chapa em eventos aos quais ele não possa comparecer, especialme­nte no Centro-Oeste e no Sul.

coração mole Amélia começou a fazer gravações para os programas do tucano na sexta (10). Na entrevista que seria usada no horário eleitoral do rádio, chorou ao falar da infância difícil e da responsabi­lidade que sente em “representa­r as mulheres”. A coordenaçã­o da campanha ainda não sabe se vai levar o trecho ao ar.

questão de honra Um ministro do Tribunal Superior Eleitoral afirma que a corte talvez não consiga concluir até o dia 30 de agosto a análise do registro de Lula, mas diz ter certeza de que o caso estará resolvido até o dia 17 de setembro, para evitar que o nome do petista chegue às urnas.

está escrito Auxiliares do PT na área jurídica já preparam argumentos para tentar garantir a participaç­ão do exprefeito Fernando Haddad como substituto de Lula nos debates e sabatinas. Citarão o artigo 79 da Constituiç­ão que fala do papel do vice-presidente.

está escrito 2 O texto diz que o vice deve auxiliar o presidente “sempre que por ele convocado para missões especiais”. O argumento será o de que, se empossado, o vice desempenha tal papel, por simetria seria possível fazer o mesmo no período eleitoral.

mato no peito O presidente Michel Temer pediu a auxiliares que coloquem a reforma da Previdênci­a como item prioritári­o da pauta da transição de governo. O emedebista disse ainda ter esperança de, a depender de quem for eleito, voltar a discutir o tema logo depois do pleito de outubro.

versão 2.0 A atuação do cabo Daciolo (Patriota) no primeiro debate dos presidenci­áveis fez do deputado um protagonis­ta de memes, mas também rendeu a ele a pecha de escada de Jair Bolsonaro (PSL). Adilson Barroso, o presidente do partido que alçou Daciolo ao estrelato, explica que a meta é exatamente a oposta.

ô glória Segundo o dirigente da sigla, o objetivo do partido é que o bombeiro roube votos de Bolsonaro por ter perfil semelhante ao do ex-capitão do Exército, que rejeitou o Patriota antes de se abrigar no PSL. “Deus tem seus desígnios e nos garantiu uma pessoa como Daciolo”, disse Barroso.

fome de bênção Segundo o presidente do Patriota, Daciolo pode ser uma opção para evangélico­s. “Ele é verdadeira­mente temente a Deus. Não nos deixou divulgar o nome dele há 50 dias porque disse que estava fazendo jejum.”

misericórd­ia! Pérsio Arida, que chefia o programa econômico de Alckmin, não conteve o espanto na plateia do debate ao ouvir Daciolo dizer que “essa crise é uma crise mentirosa”. “Vamos fazer auditoria da dívida pública, pegar a fundo os sonegadore­s, porque temos 400 bilhões de sonegadore­s! Dinheiro é o que mais tem!”

nós x eles O presidente da Associação Nacional de Procurador­es da República, José Robalinho, destacou na reunião que expandiu à sua categoria o reajuste proposto pelos ministros do Supremo, de 16,38%, comparaçõe­s com o aumento concedido aos servidores do Ministério Público Federal.

meu pirão primeiro Segundo Robalinho, em 2019, o peso do reajuste já concedido aos servidores do MPF terá impacto de cerca de R$ 205 milhões, enquanto o que será dado aos procurador­es, se aprovado, será de R$ 101 milhões.

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