Folha de S.Paulo

Marina Silva investe em consultori­a de moda

Especialis­ta aposta em peças largas para combater imagem de fragilidad­e da candidata, que resiste a mudanças profundas

- Angela Boldrini

Conhecida pelas roupas em tons neutros e pelo onipresent­e coque, Marina Silva quer repaginar o visual em sua terceira campanha para tentar chegar à Presidênci­a.

Refratária a mudanças de candidatad­a Rede passou a contar neste ano coma ajuda de uma consultora de imagem e moda para ajudá-lana escolha de roupas para a campanha.

O objetivo édriblara imagem de frágil, pecha que a perseguiu durante a eleição de 2014, em meio à saraivada de ataques dos adversário­s.

Em um dos debates, por exemplo, seu então concorrent­e e atual vice, Eduardo Jorge, a chamou de “magrinha”.

A candidata, à época no PSB, respondeu em vídeo .“O pessoal diz :‘ A Mar in aémagrinha, é fraquinha. Sou magrinha, maseu venho da Amazônia, elá tem uma árvore chamada biorana. Experiment­a bater com o machado: sai faísca, e ela não verga”, afirmou.

Neste ano, para evitar que a imagem cole novamente, a brasiliens­e Clarice Dewes tem apostado empeças largas, quede em volumeà silhueta de Marina .“Acho interessan­te você ter volume nas peças, estrutura, o ombro marcado ”, diz .“Elaé muito‘ mignonzinh­a’ ,p od epas saruma imagem de fragilidad­e. Assim você consegue driblar isso.”

Um exemplo foi o look montado para a convenção da Rede, em Brasília, em 4 de agosto. Marina apareceu com uma pantalona escura e uma camisa branca, sem blazer. Terninhos são algo que a consultora diz evitar. “Um tailleur ou blazer acaba ficando engessado”, diz Dewes, que afirma buscar dar “jovialidad­e” à candidata.

Em seu site, a consultora lista pacotes de serviços que vão até R$ 6.890. No caso de Marina, diz fazer como voluntária.

Ela conta que foi apresentad­a à ex-senadora por uma conhecida eque ajudava em eventos específico­s. Desde julho, passou a assessorá-la.

Fã assumida decores sóbrias, Marina surpreende­u ao aparecerem um ade suas transmissõ­es noFa cebo ok usando uma blusa com um tom vibrante de roxo. A mudança veio a partir de um estudo feito por Dewes para entender quais cores combinam melhor com o tom de pele da ex-senadora.

“Agente não usa muita maquiagem, então assim ajuda a iluminar o rosto”, explica ela, segundo quemo azule o roxo são as cores que melhor funcionam com a ex-senadora. Elas serão usadas em pequena escala, porém. O branco, bastante frequente no guarda-roupa de 2014, está de volta neste ano.

Segundo a consultora a palavra final sobre as roupas é da candidata. “Ela tinha muito medo de ficar descaracte­rizada”, diz Dewes.

As peças são compradas, não alugadas, em lojas como Fernanda Yamamoto e Satiko Isabel. A campanha não usa marcas de fast fashion (de grandes redes de lojas).

“A gente tem esse cuidado por questão de ética. Muitas marcas estão envolvidas com trabalho escravo”, afirma.

Marina escolhe as opções de roupas quando está em São Paulo. Afeita a tecidos naturais, como o linho, leva um ferro na mala para as viagens e passa as peças na cama do hotel. Algumas caracterís­ticas conhecidas da exsenadora não devem abandoná-la nesta campanha: os colares de sementes, feitos por ela, o batom artesanal de beterraba e o indefectív­el coque.

A maquiagem natural tem explicação médica: alérgica, Marina fica com os lábios inchados com batons comuns.

Já o coque foi alvo até de campanha nas redes sociais durante a última eleição, quando apoiadores da então candidata do PSB criaram a hashtag CoqueTaNaM­oda.

“Ela não é tão resistente assim a mudar quanto acham”, diz a consultora. Segundo ela, duas questões pesaram na decisão de manter o look conhecido. Em primeiro lugar, justamente a familiarid­ade do penteado. “É uma marca registrada, mudar poderia gerar um espanto que não seja positivo.”

Uma das raras aparições da candidata sem o penteado foi na última campanha, quando, ao declarar apoio a Aécio Neves (PSDB) no segundo turno, preferiu amarrá-los em um rabo de cavalo, deixando os cachos longos soltos nas costas.

Além disso, a correria —e a falta de dinheiro— da campanha pesou. “Para manter um cabelo solto bonito, precisa de um cabeleirei­ro sempre”, afirma. Já o coque, dizem assessores, é a própria Marina que arruma todos os dias.

O visual chegou a ser pauta de uma de suas transmissõ­es no Facebook. Ela respondeu a uma eleitora que pedia que cortasse o cabelo: “isso é mesmo decisivo pro seu voto?”, questionou.

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Adriano Machado - 4.ago.18/Reuters O novo estilo de Marina Silva na convenção da Rede que confirmou sua candidatur­a, no início do mês
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Daniel Marenco - 18.set.14/Folhapress Em 2014, em ato no Rio

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