Folha de S.Paulo

Bike para deixar onde quiser estreia em SP só em área nobre e com falhas

Modelo de compartilh­amento já disponibil­iza 500 bicicletas na cidade, com foco na zona oeste

- Mariana Zylberkan Antonio Prata O colunista está em férias

Há duas semanas, bicicletas amarelas têm aparecido pela cidade como orégano salpicado na pizza. O “abandono coletivo” faz parte do sistema de compartilh­amento sem estações fixas, que acaba de estrear em São Paulo.

O modelo permite que os usuários deixem a bicicleta em qualquer lugar para que outra pessoa a pegue também em pontos aleatórios na rua.

O sistema, acionado por aplicativo de celular, custa R$ 1 a cada 15 minutos.

Ao menos nos primeiros dias, a maior parte dos adeptos tem testado a novidade nas ciclovias —descritas pelo prefeito Bruno Covas (PSDB) como “orégano sobre a pizza”, por avaliar que a política cicloviári­a na gestão Fernando Haddad (PT) foi aleatória.

Por enquanto, estão disponívei­s 500 bicicletas, concentrad­as em áreas nobres da zona oeste, como os bairros de Itaim Bibi, Vila Olímpia e Pinheiros. No mapa do aplicativo, é possível perceber um deserto de duas rodas nas regiões norte, sul e no centro.

O símbolo amarelo que representa cada bicicleta explode no entorno das ciclovias próximas do rio Pinheiros —onde a topografia favorece.

Por outro lado, são esparsas as bikes soltas na av. Paulista. “Para chegar à Paulista é pre- ciso subir, então muita gente que pega a bicicleta ali opta por descer pedalando e subir de volta de transporte público”, diz o diretor da empresa de compartilh­amento Yellow Soluções de Mobilidade, Ariel Lambrecht, sócio da 99 Táxi.

Por ser uma bicicleta simples, sem dispositiv­os que facilitam a pedalada, como sistema de marchas e pneu com câmara de ar, é preciso preparo físico para pilotá-la por mais do que 4 quilômetro­s.

Segundo o diretor, a ideia é mesmo que o modelo seja usado para distâncias curtas.

Ainda há problemas no sistema de rastreamen­to das bicicletas, que muitas vezes aparecem no mapa virtual apesar de não estarem mais estacionad­as. A empresa, que também planeja um sistema com patinetes elétricos, diz que o serviço está em testes e atualizaçõ­es têm sido frequentes.

Apesar de a empresa orientar os usuários a estacionar a bicicleta na rua, em locais onde é permitido parar veículos e perpendicu­lar ao meio-fio, tem sido comum ver algumas deixadas na calçada. Impedir a circulação de pedestres com qualquer veículo é infração passível de multa de acordo com o Estatuto do Pedestre.

A Secretaria dos Transporte­s da gestão Covas informou que as empresas são responsáve­is por evitar que as bikes sejam deixadas em locais que atrapalhem a circulação a pé. A pasta disse que irá fiscalizar o cumpriment­o das regras.

Segundo a empresa, estão abaixo do previsto os episódios de vandalismo e roubo, que se resumiram a duas bikes em duas semanas.

Além da trava eletrônica, a bicicleta é equipada com um alarme que é acionado quando há tentativa de movê-la com o cadeado fechado.

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Joel Silva/Folhapress Mulher usa aplicativo no celular para destravar o cadeado na roda traseira de bicicleta

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