Bike para deixar onde quiser estreia em SP só em área nobre e com falhas
Modelo de compartilhamento já disponibiliza 500 bicicletas na cidade, com foco na zona oeste
Há duas semanas, bicicletas amarelas têm aparecido pela cidade como orégano salpicado na pizza. O “abandono coletivo” faz parte do sistema de compartilhamento sem estações fixas, que acaba de estrear em São Paulo.
O modelo permite que os usuários deixem a bicicleta em qualquer lugar para que outra pessoa a pegue também em pontos aleatórios na rua.
O sistema, acionado por aplicativo de celular, custa R$ 1 a cada 15 minutos.
Ao menos nos primeiros dias, a maior parte dos adeptos tem testado a novidade nas ciclovias —descritas pelo prefeito Bruno Covas (PSDB) como “orégano sobre a pizza”, por avaliar que a política cicloviária na gestão Fernando Haddad (PT) foi aleatória.
Por enquanto, estão disponíveis 500 bicicletas, concentradas em áreas nobres da zona oeste, como os bairros de Itaim Bibi, Vila Olímpia e Pinheiros. No mapa do aplicativo, é possível perceber um deserto de duas rodas nas regiões norte, sul e no centro.
O símbolo amarelo que representa cada bicicleta explode no entorno das ciclovias próximas do rio Pinheiros —onde a topografia favorece.
Por outro lado, são esparsas as bikes soltas na av. Paulista. “Para chegar à Paulista é pre- ciso subir, então muita gente que pega a bicicleta ali opta por descer pedalando e subir de volta de transporte público”, diz o diretor da empresa de compartilhamento Yellow Soluções de Mobilidade, Ariel Lambrecht, sócio da 99 Táxi.
Por ser uma bicicleta simples, sem dispositivos que facilitam a pedalada, como sistema de marchas e pneu com câmara de ar, é preciso preparo físico para pilotá-la por mais do que 4 quilômetros.
Segundo o diretor, a ideia é mesmo que o modelo seja usado para distâncias curtas.
Ainda há problemas no sistema de rastreamento das bicicletas, que muitas vezes aparecem no mapa virtual apesar de não estarem mais estacionadas. A empresa, que também planeja um sistema com patinetes elétricos, diz que o serviço está em testes e atualizações têm sido frequentes.
Apesar de a empresa orientar os usuários a estacionar a bicicleta na rua, em locais onde é permitido parar veículos e perpendicular ao meio-fio, tem sido comum ver algumas deixadas na calçada. Impedir a circulação de pedestres com qualquer veículo é infração passível de multa de acordo com o Estatuto do Pedestre.
A Secretaria dos Transportes da gestão Covas informou que as empresas são responsáveis por evitar que as bikes sejam deixadas em locais que atrapalhem a circulação a pé. A pasta disse que irá fiscalizar o cumprimento das regras.
Segundo a empresa, estão abaixo do previsto os episódios de vandalismo e roubo, que se resumiram a duas bikes em duas semanas.
Além da trava eletrônica, a bicicleta é equipada com um alarme que é acionado quando há tentativa de movê-la com o cadeado fechado.