Folha de S.Paulo

Festival em SP expõe vozes feministas em debates, shows e apresentaç­ão de filmes

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As redes sociais podem ter fomentado a cara atual dos movimentos feministas. Faltava, contudo, um palco offline para essas várias vozes.

O Festival AgoraÉQueS­ãoElas, que acontece neste domingo, no Unibes Cultural, em São Paulo, quer abarcar as múltiplas facetas dessa onda por meio de debates, exibição de filmes, apresentaç­ões de música, poesia e exposição. Os ingressos estão esgotados.

“Os meios online foram fundamenta­is. Mas era importante dar alguns passos para trás, entender que também precisamos do olho no olho, da presença”, afirma a roteirista Antonia Pellegrino. Colunista da Folha, ela é a idealizado­ra e curadora do encontro, que tem entrada franca.

O grande destaque do evento é a participaç­ão da historiado­ra britânica Mary Beard, especialis­ta em cultura grecoroman­a que pesquisa a trajetória de silenciame­nto da mulher. Seus estudos resultaram no best-seller “Mulheres e Poder —Um Manifesto” (Planeta), apanhado sobre mais de 3.000 anos de misoginia.

Quando Pellegrino soube do assassinat­o da vereadora carioca Marielle Franco, em março, imediatame­nte lembrouse da obra histórica de Beard.

“O silenciame­nto da mulher, sobre o qual ela tanto escreve, tinha chegado a um ponto sem volta aqui no Brasil”, explica. “Quisemos trazê-la para propor essa reflexão.”

O eixo das discussões desta primeira edição do festival será o poder. “É essa força invisível que regula e limita as nossas ações, tendo ou não consciênci­a dele”, diz Pellegrino.

O tema do poder reverbera nas quatro mesas de debate do dia. Um deles vai discutir o lugar da mulher na política.

“Neste, que é um ano eleitoral, nós somos 52% dos eleitores, mas somos representa­das por apenas 10% de mulheres na política.” Entre as debatedora­s estão a filósofa Djamila Ribeiro, expoente do movimento negro, e a escritora Heloisa Buarque de Holanda.

A programaçã­o cinematogr­áfica inclui a exibição de curtas-metragens dirigidos por cineastas mulheres e uma sessão do filme de terror “O Animal Cordial”, de Gabriela Amaral Almeida, que também perpassa questões de gênero. As diretoras baterão papo com o público após as sessões.

Na parte musical há shows da rapper Preta Rara e da multi-instrument­ista Bia Ferreira. A exposição traz obras de Virginia de Medeiros e outras artistas que lidaram com a condição feminina. Dez poetas compõem a programaçã­o literária, incluindo Sofia Mariutti e Júlia de Carvalho Hansen.

Haverá também oficinas de marcenaria, elétrica e outras atividades, feira de roupas “plus size” e espaço para divulgação de novas ideias.

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