Folha de S.Paulo

Perfil do eleitor de Haddad muda após candidatur­a

Petista cresce entre eleitorado com ensino fundamenta­l e de baixa renda; Alckmin considera disputa estabiliza­da

- Isabel Fleck, Mário Bittencour­t, Fabio Pontes e Igor Gielow

O perfil do eleitor do presidenci­ável Fernando Haddad (PT) mudou após confirmaçã­o da candidatur­a, diz pesquisa Datafolha. Antes com melhor desempenho entre eleitores com ensino superior, agora ele cresce entre os que têm só o fundamenta­l.

O novo candidato do PT ao Planalto, Fernando Haddad, viu o perfil do seu eleitor mudar desde o fim de agosto, quando oficialmen­te era apenas o vice na chapa do ex-presidente Lula.

O ex-prefeito petista foi o candidato que mais cresceu nas pesquisas do Datafolha, de 4% para 13%.

Levantamen­to divulgado na sexta-feira (14) o mostrou em segundo lugar, numericame­nte empatado com Ciro Gomes (PDT). Jair Bolsonaro (PSL) lidera com 26%, e Geraldo Alckmin (PSDB) tem 9%.

Na pesquisa do instituto entre 20 e 21 de agosto, quando Haddad tinha 4% das intenções de voto, seu melhor desempenho era entre eleitores com ensino superior (9%), renda mensal de mais de dez salários mínimos (9%) e mais jovens, com idades entre 25 e 34 anos (5%).

No levantamen­to feito na última segunda (10), essas ainda eram as faixas em que ele ia melhor.

Na pesquisa divulgada nesta sexta, após a oficializa­ção da candidatur­a de Haddad, ele já aparece com seu melhor desempenho entre eleitores que têm só o ensino fundamenta­l, com renda mensal de até dois salários mínimos e com idades entre 45 e 59 anos.

Nessas faixas, Haddad, cresceu até 13 pontos percentuai­s. Entre os eleitores com a renda mais baixa, por exemplo, ele subiu de 3% para 16%, e entre os menos escolariza­dos, de 2% para 14%.

Entre as regiões, o ex-prefeito de São Paulo, que tinha 5% das intenções no Nordeste e no Sudeste no fim de agosto, cresceu para 20% e 10%, respectiva­mente.

Neste sábado, o petista fez sua primeira agenda como candidato à Presidênci­a no Nordeste.

Haddad foi recebido por uma multidão estimada nas ruas de Vitória da Conquista, terceiro maior município da Bahia. “Vamos crescer ainda mais, agora que estamos oficialmen­te na campanha, e vencer essa eleição”, afirmou Haddad em rápida entrevista.

Ele teve o seu nome confundido por eleitores que o chamaram de “Andrade”.

Neste sábado, Alckmin esteve em Rio Branco, no Acre, e disse que sairá vitorioso no segundo turno. O Datafolha apontou o tucano oscilando um ponto percentual para baixo na comparação com o levantamen­to anterior.

“[A pesquisa] mostra que está estabiliza­do. Quer dizer, você não tem 1%, é tudo margem de erro. Está indefinido esse quadro eleitoral”, disse o candidato do PSDB.

Na sexta, o tucano havia dito que a pesquisa mostra que ele é o “único que impede o PT e seus adoradores de voltarem ao poder”. “Venço Haddad por 8 pontos no cenário de segundo turno. E também o Bolsonaro, por 4 pontos.”

A lógica tucana é estimular o voto útil contra o PT. O tucano apostará na intensific­ação do bombardeio contra Bolsonaro e Haddad na reta final da campanha do primeiro turno.

Há pontos no campo conservado­r ainda na mão de adversário­s nanicos nas pesquisas, como Alvaro Dias (Podemos), Henrique Meirelles (MDB) e João Amoêdo (Novo). Cada um tem 3%, um bloco nada desprezíve­l a atrair.

Para o comando tucano, a estabilida­de da rejeição ao líder das pesquisas em 44% e o fato de que 98% dos brasileiro­s não mudaram de voto de- vido ao ataque em Juiz de Fora (MG) no último dia 6 permitem detonar uma nova rodada de inserções e falas contra ele. O tucano vinha vetando peças mais agressivas desde o atentado.

Apesar de continuar tendo um desempenho melhor entre homens e eleitores com ensino superior, Bolsonaro cresceu, desde agosto, entre todas as parcelas do eleitorado —seja gênero, idade, renda ou escolarida­de.

Marina Silva (Rede), que foi de 16% para 8% nas intenções de voto desde agosto, caiu mais entre seus principais eleitores: mulheres e jovens (perdeu dez pontos em cada), eleitores de ensino fundamenta­l e com renda mais baixa (caiu nove pontos) e do Norte.

20%

das intenções de voto tem Haddad no Nordeste

36%

das intenções de voto tem Jair Bolsonaro no CentroOest­e, seu melhor resultado

 ?? Ricardo Stuckert/Divulgação ?? O presidenci­ável Fernando Haddad, em Vitória da Conquista neste sábado
Ricardo Stuckert/Divulgação O presidenci­ável Fernando Haddad, em Vitória da Conquista neste sábado

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