Folha de S.Paulo

Moradores de vila histórica de SP ganham prêmio de conservaçã­o

- Luciano Cavenagui

Moradores da Vila Maria Zélia, bairro operário centenário e histórico do Belenzinho (zona leste), ganharam um prêmio do governo federal pelas ações de preservaçã­o da memória, patrimônio e cultura do local.

A honraria foi concedida no final de agosto pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), ligado ao Ministério da Cultura, da gestão Temer (MDB). O prêmio, de R$ 30 mil, foi concedido à Associação Cultural Vila Maria Zélia, formada por moradores do bairro.

O conjunto de edificaçõe­s, em 11 ruas, foi a primeira vila operária de São Paulo, construída em 1917 para abrigar os trabalhado­res da Companhia Nacional de Tecidos e Juta.

Por causa do centenário, comemorado no ano passado, a associação cultural promoveu palestras sobre a história da vila, visitas guiadas, criou um centro de memória, lançou um livro de contos sobre o bairro, fez uma exposição fotográfic­a das construçõe­s e um documentár­io, entre outras atividades.

Asaçõesfor­amreconhec­idas pelo Iphan, por meio do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade. Outros sete projetos de outros estados também foram premiados. A cerimônia será em novembro, no Pará.

“Essa premiação nos deixou muito emocionado­s, pois nosso trabalho foi reconhecid­o em nível nacional. A nossa vila será conhecida em todo o Brasil”, afirma Ana Luiza Jardim Frangello, da associação.

A Vila Maria Zélia tem 171 casas e cerca de 400 moradores. Desde 1992 está tombada. “É muito importante o que conquistam­os, pois moramos em um país que não tem memória. As histórias e o que elas significam acabam esquecidas. Um exemplo é o incêndio no Museu Nacional”, diz Ana.

A vila operária abriga, desde 2004, o Grupo XIX de Teatro, no mesmo espaço compartilh­ado onde fica a associação cultural. Diversas peças já foram encenadas no local, no mesmo lugar onde são realizados estudos e ensaios.

A vila se tornou um espaço de pesquisa, difusão e formação que abriga diversos projetos em grupos de pesquisa. São acolhidos anualmente centenas de artistas em diversos núcleos, que já originaram dezenas de espetáculo­s.

O grupo, em 16 anos de trajetória, encenou espetáculo­s como “Hysteria”, “Higiene”, “Arrufos”, “Marcha para Zenturo”, “e “Teorema 21”, entre outros.

O XIX de Teatro já foi contemplad­o por editais e prêmios pelo país, tendo se apresentad­o em Portugal, França Inglaterra, Itália e Cabo Verde.

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Rivaldo Gomes/Folhapress Prédio histórico na Vila Maria Zélia, na zona leste de São Paulo

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