A ferro, fogo e pata de boi
Documentário e reportagens ensinam como a carne devasta a Amazônia
É verdade que o agronegócio apoia um candidato chegado aos “profissionais da violência”, mas é verdade parcial. Uma boa safra jornalística ajuda agora a conhecer quem são seus apoiadores, a banda BBC (boi, bala, correntão) dos proprietários rurais.
A outra banda ruralista, que mobiliza soja, cana e capital (financeiro, não o natural), atua de maneira mais discreta. Usa terno e gravata, paga propaganda soft do agro e deixa que pares mais truculentos falem grosso no Congresso, aprovando retrocessos nos quais também têm interesse.
Para entender melhor como pensam e agem os verdadeiros caubóis, comece pelo documentário “Sob a Pata do Boi” (para assistir ao filme, acesse: https:/ www.facebook. com/sobapatadoboi). O filme de Marcio Iseense e Sá e Eduardo Pegurier pode ser visto em várias plataformas digitais (links no final do texto).
Não se recomenda que a sessão ocorra num churrasco em família. Quem desprezar o conselho corre risco de desatar a falação do sobrinho vegetariano e deixar a picanha passar do ponto.
Por falar em picanha, os 48 minutos da película se abrem com o corte de fatias pingando sangue num rodízio. Noutra cena, antológica, a imagem se repete ao som de motosserras acompanhando a faca.
A sonoplastia também foi cruel com o ex-ministro do Meio Ambiente Zeca Sarney (PV-MA), em cuja entrevista se ouvem mugidos pouco discretos. Sarney Filho aparece em gravações contraditórias, ora vangloriando-se por ação do Ibama contra frigoríficos, ora deplorando-a como inoportuna.
É a cara do agronegócio, pura ambivalência que o documentário se põe a evidenciar com foco concentrado na Amazônia. Pululam fazendeiros e políticos que se consideram heróis alimentadores da humanidade ao mesmo tempo em que defendem o desmatamento.