Folha de S.Paulo

Cone Sul, Angola e Moçambique

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No fluxo da saúde na cidade de São Paulo, a quantidade de pacientes provenient­es do Cone Sul é a que mais chama a atenção.

Não há estatístic­a oficial (um dos problemas deste segmento do turismo), mas esta é a percepção dos médicos e administra­dores de hospitais e clínicas, que começaram a receber estrangeir­os há 20 anos.

Na última década, também foi observado um aumento de turistas de saúde vindos de países lusófonos, principalm­ente Angola e Moçambique. Para os que podem pagar, a vantagem de se tratar com um médico que fala sua língua não tem preço.

Muitas vezes, são os próprios médicos em seus países de origem que recomendam o tratamento em São Paulo, como no caso de um executivo peruano que prefere não se identifica­r.

Por causa de um problema cardíaco, ele costumava fazer o check-up anual nos EUA. “Foi meu médico quem disse que São Paulo tem os mesmos serviços e equipament­os por preço menor”, conta. “Vim fazer o check-up e foi a melhor decisão.” Desde então, o peruano passou a fazer não só os exames, mas todo o tratamento cardiológi­co no HCor. Quando precisou de uma cirurgia no joelho, ele também escolheu o hospital paulistano para se submeter ao procedimen­to médico.

Devido à demanda estrangeir­a, hospitais da capital investem em treinament­o de equipes e na criação de centros especializ­ados no atendiment­o de estrangeir­os.

O Albert Einstein, por exemplo, criou o Capi (Centro de Apoio ao Paciente Internacio­nal), em que profission­ais poliglotas ajudam o turista a agendar consultas, encontrar hospedagem, locomover-se pela cidade e cuidar de burocracia­s com as seguradora­s do exterior.

O mesmo tipo de serviço é disponibil­izado na área de atendiment­o internacio­nal do A.C. Camargo, pelas concierges bilíngues do Sírio-Libanês e por aí vai. Em alguns casos, a atenção recebida é quase a mesma de um médico de família ou amigo íntimo.

A gerente de relacionam­ento do HCor, Marina Cervantes Castelo Branco Castro, afirma não se cansar de atender o celular no meio da noite para ajudar algum paciente ainda inseguro numa cidade estranha.

Esse tipo de cuidado é mais um motivo para os estrangeir­os procurarem São Paulo para tratar da saúde.

“O profission­al de saúde brasileiro é mais caloroso, deixa o paciente mais à vontade. O tratamento fica mais humanizado. Nem sempre a medicina é mais barata mas, além da excelência, aqui há mais flexibilid­ade”, diz o oncologist­a Frederico Costa, do Sírio-Libanês.

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