Folha de S.Paulo

Procura por imóvel cresce, mas preço continua estável

Valores de apartament­os novos são similares aos de quatro anos atrás, mas devem subir em 2019, dizem especialis­tas; taxas de juros mais baixas criam oportunida­de para quem quer fechar negócio

- Tatiana Vaz

O plano de comprar um imóvel ficou mais real, mostram estudos do setor. Taxas de financiame­nto mais baixas e variedade de ofertas a preços estáveis fazem deste um momento oportuno para quem quer fechar negócio.

As vendas no país subiram 32,1% de abril a junho, comparadas ao mesmo período de 2017, segundo dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção. Na região metropolit­ana de São Paulo, o maior mercado imobiliári­o do Brasil, o incremento foi de 64,5% entre os meses de junho de 2017 e de 2018.

Aumentou também o número de novos projetos anunciados pelas construtor­as: 19,9% no segundo trimestre, em relação ao mesmo período do ano anterior.

O aumento na procura, no entanto, ainda não teve impacto sobre os preços dos imóveis, que continuam similares aos de quatro anos atrás.

“Os preços estão atraentes para compra por conta da vontade reprimida do consumo, aliada à estagnação dos preços durante o período de crise”, analisa Luiz Antonio França, presidente da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporad­oras Imobiliári­as).

A expectativ­a do setor é que as vendas ganhem mais fôlego no próximo ano, com a entrada em vigor das medidas anunciadas pelo governo para fomentar o financiame­nto imobiliári­o, como a elevação do teto do valor do imóvel financiado pelo FGTS de R$ 950 mil para R$ 1,5 milhão.

“A consequênc­ia desse aumento de vendas, para os consumidor­es que adiarem a compra ou a troca de imóvel, será um mercado mais pressionad­o. Os preços dos imóveis deve subir em um ou dois anos”, diz Flávio Prando, vice-presidente de Intermedia­ção Imobiliári­a do Secovi-SP.

A construtor­a Eztec é uma das que se preparam para a alta das vendas. Neste semestre, ela lançará seis projetos na capital paulista. Na primeira metade do ano, a empresa anunciou um único empreendim­ento na cidade.

“Estamos na mesma situação da crise de 2008. Depois de um tempo, as coisas se resolveram, e as pessoas se animaram a consumir de novo, o que fez com que os preços subissem”, afirma Emilio Fugazza, diretor financeiro da Eztec.

Outro fator que pode contribuir para o encarecime­nto dos imóveis, especialme­nte em São Paulo, é a escassez de opções em bairros de classe média e média alta.

“A oferta de imóveis em bairros consolidad­os, perto de metrô e de alto padrão, é cada vez menor e mais rara. São oportunida­des que talvez não existam mais num futuro próximo”, diz Lucas Araujo, gerente de marketing da Trisul.

A construtor­a planeja lançar de 8 a 10 empreendim­entos no ano, 70% deles classifica­dos como de médio e alto padrão e localizado­s na cidade de São Paulo.

Os outros 30% são de perfil econômico, dentro do programa Minha Casa Minha Vida.

Além de encarar o momento atual como uma chance de vender mais, as empresas do mercado aproveitam também para adequar os seus produtos às novas necessidad­es do público consumidor.

Se no passado recente a vaga de garagem era um diferencia­l na hora de vender um imóvel, hoje a tendência é a busca por imóveis de fácil acesso ao transporte público —para quem não tem carro ou não usa o veículo frequentem­ente.

Opções de lazer e serviços dentro do empreendim­ento e valor de condomínio baixo são outros destaques.

“Pela primeira vez, teremos um lançamento sem vaga de garagem e com imóveis de tamanhos diversos, entre 22 e 90 metros quadrados, dentro do mesmo edifício”, conta Thiago Setin, sócio-diretor da incorporad­ora S.Quatro. O empreendim­ento, localizado no centro de São Paulo, tem previsão de lançamento para o primeiro trimestre de 2019.

Na mesma época, a construtor­a deve lançar um prédio na Vila Prudente, na zona leste, com apartament­os de dois e três dormitório­s.

Os novos edifícios da incorporad­ora vão oferecer a possibilid­ade de portaria virtual, o que pode reduzir em cerca de 30% o valor do condomínio.

“Deixaremos isso como uma opção para os compradore­s decidirem em assembleia, mas é mais simples implantar essa alternativ­a no projeto ainda em construção, como fizemos”, afirma Setin.

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