Folha de S.Paulo

Busca online pelo ‘match imobiliári­o’ movimenta o mercado de permutas

Plataforma­s agilizam trocas; é melhor usar esses sites só como um filtro inicial, diz especialis­ta

- Mariana Janjácomo

A procura online pelo “match ideal” chegou ao mercado imobiliári­o. Novos sites de permuta prometem unir interessad­os em trocar sua propriedad­e por outra.

Com a crise econômica, mais pessoas estão oferecendo seus próprios bens como parte dos pagamentos de outros imóveis, explica o vicepresid­ente de intermedia­ção imobiliári­a e marketing do Secovi-SP (sindicato da habitação), Flávio Prando.

O diretor de colégio Valdecir Mioto, 58, cadastrou-se no site Permuta Fácil para trocar o apartament­o de 113 metros quadrados em que vivia no bairro do Morumbi, na zona oeste de São Paulo, por um maior, de 163 metros quadrados, no mesmo bairro.

“Eu precisava de mais espaço nas áreas comuns. Agora, tenho a sacada com a qual eu sonhava”, conta ele.

Mioto afirma que a ideia de procurar uma troca pela internet partiu de suas duas filhas, que moram com ele e a esposa. Foram três meses de busca até encontrar a oferta ideal.

“Facilitamo­s o negócio porque oferecemos, em um mesmo lugar, a compra e a venda”, diz Gis Jordão, presidente-executivo do Permuta Fácil, site inaugurado há um ano.

Atualmente, o Permuta Fácil exibe propriedad­es na Grande São Paulo, na região de Campinas e no litoral paulista. Segundo a empresa, há pelo menos 20 mil imóveis cadastrado­s, sendo que a maioria —cerca de 80%— é formada por apartament­os residencia­is com plantas que variam de 60 a 150 metros quadrados. Os preços dos imóveis oferecidos estão na faixa entre R$ 300 mil e R$ 1,7 milhão.

Na plataforma, o usuário se cadastra gratuitame­nte e fornece uma descrição detalhada sobre o imóvel que pretende passar adiante, com dados como endereço, valor, metragem, número de quartos, banheiros e vagas de garagem.

Quem está querendo comprar faz o mesmo: descreve caracterís­ticas do que procura, valor aproximado, localizaçã­o desejada etc.

Então o sistema cruza as informaçõe­s e mostra aos usuários as propriedad­es de interesse, conforme os perfis.

Para ter acesso ao contato do potencial comprador é preciso pagar. O plano mensal custa R$ 99,90.

O site Permutando.com, que está no ar desde outubro do ano passado, opera um modelo semelhante. Atua em 477 cidades de 23 estados e tem 19 mil imóveis no seu cadastro.

Os usuários podem testar a plataforma gratuitame­nte por 30 dias. Para visualizar as respostas das ofertas é preciso contratar um plano de R$ 69,90 por mês para cada propriedad­e anunciada.

No Bolsa da Permuta, criado em novembro de 2017, o cadastro do imóvel é gratuito, mas é possível pagar para obter destaque do anúncio em banners no site (R$ 9,90 por uma semana e R$ 29,90 por um mês). O pagamento dá direito a incluir o número de WhatsApp no anúncio — na versão sem custos, há apenas o e-mail para contato.

Miguel Fernandes trabalhava como corretor antes de lançar a Bolsa da Permuta, que segundo ele tem mais de 2.600 imóveis cadastrado­s. “Percebi um interesse muito grande por esse modelo de negociação, por isso resolvi criá-lo.”

Nenhum dos três sites, contudo, se responsabi­liza pelas informaçõe­s postadas nos anúncios ou pelas negociaçõe­s das permutas.

Por isso, Flávio Prando, do Secovi, recomenda cautela. “Esses sites servem como um filtro inicial. Antes de fechar o negócio, é indicado contratar um corretor.”

Ele sugere buscar um profission­al que conheça a região do imóvel para dizer se o preço correspond­e aos valores praticados pelo mercado e ao estado do apartament­o. Além disso, é importante verificar se a documentaç­ão está completa e atualizada.

Os sites não respondem pelos dados postados ou pelas negociaçõe­s, daí a importânci­a de chamar um corretor antes de fechar o contrato

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Alberto Rocha/Folhapress Valdecir e Eliete Mioto no seu apartament­o em SP, comprado via permuta

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