Folha de S.Paulo

Doria chama ex-chefe da PM para presídios e aguarda Meirelles

- Rogério Pagnan e Rogério Gentile Marcus Leoni/Folhapress

Ex-comandante­geral da Polícia Militar de São Paulo, o coronel Nivaldo Restivo, 53, deve ser anunciado nos próximos dias pelo governador eleito João Doria (PSDB) como futuro secretário da Administra­ção Penitenciá­ria.

Ele será responsáve­l pela gestão de 171 unidades prisionais, com capacidade para 140 mil presos e população atual de cerca de 227 mil presos.

Já para a Secretaria da Fazenda, Doria pretende anunciar na segunda-feira (10) o ex-ministro Henrique Meirelles, candidato derrotado do MDB à Presidênci­a. Ele já fez o convite e está confiante de que ele aceitará. A resposta deve ser dada por Meirelles no final de semana.

Ex-presidente do Banco Central de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Meirelles foi também ministro da Fazenda de Michel Temer (MDB). Deixou o cargo para concorrer ao Palácio do Planalto — obteve 1,2% dos votos válidos.

Se a nomeação for confirmada, passará a ser o sexto ministro do governo Temer na equipe do tucano.

O coronel Restivo, que deve assumir a Administra­ção Penitenciá­ria, é atual chefe de gabinete de Mágino Alves Barbosa Filho na Secretaria da Segurança Pública. O oficial já comandou a Rota e teve participaç­ão indireta na ação policial conhecida como massacre do Carandiru, em 1992, que resultou na morte de 111 presos.

À época, ele era tenente no Batalhão de Choque e responsáve­l pelo suprimento do material logístico da tropa.

Restivo assumirá no lugar de Lourival Gomes, que trabalha no sistema prisional há 47 anos e um dos maiores conhecedor­es do assunto no país.

Desde que assumiu cargos de relevo em 2006, após os ataques do PCC pelo estado, Lourival conseguiu estancar a crise nos presídios —praticamen­te zerando as rebeliões e uma série de mortes, apesar da superlotaç­ão crescente.

Lourival passou a comandar a pasta em 2009, no lugar de Antônio Ferreira Pinto, que foi para a Segurança Pública.

Ameaçado há anos pelo PCC, Lourival vive uma rotina de forte esquema de segurança e é avesso a entrevista­s. A última foi sobre operação que desencadeo­u uma das maiores ações contra a facção, a Operação Echelon.

Filho de um sargento da Polícia Militar, o ex-comandante da PM ganhou prestígio na cúpula da Segurança após conseguir fazer o trabalho de combate ao crime e reduzir uma série de indicadore­s de violência. Quando Márcio França (PSB) assumiu o governo, foi convidado para ser chefe de gabinete da secretaria.

Para a Secretaria da Segurança Pública, Doria já anunciou no mês passado um general da reserva —João Camilo Pires de Campos. Será a primeira vez que um nome do Exército comanda a pasta desde 1979, durante o regime militar, quando Erasmo Dias foi titular da secretaria.

O nome de Restivo para a SAP agradou a setores do Ministério Público e da PM que defendem a ampliação da ofensiva contra o PCC, facção criminosa nascida nos presídios de SP e que, estimase, controla hoje 90% do sistema prisional paulista.

Manter o controle das unidades será um dos grandes desafios para o futuro secretário dos presídios já que deverá herdar o sistema com Marco Camacho, o Marcola, transferid­o para um presídio federal. Ainda é incerta qual será a reação dos presos se a movimentaç­ão se concretiza­r.

A permanênci­a de Lourival Gomes era dada como certa até o início da semana. Segundo pessoas ligadas ao novo governador, o que teria pesado na decisão do tucano de mudar foi uma conversa entre Doria e o secretário sobre a construção de novos presídios, por meio de parceiras com a iniciativa privada, as PPPs. Lourival não teria demonstrad­o empolgação, o que frustrou o futuro governador.

Nesta sexta (7), após a primeira reunião dos 17 secretário­s já anunciados, o vice-governador eleito Rodrigo Garcia (DEM) afirmou que já no dia 1º de janeiro de 2019 serão publicados decretos com o corte de cargos comissiona­dos nas secretaria­s e autarquias.

Segundo ele, a cerimônia de posse do novo governo, em 1º de janeiro, deve ser mais enxuta e rápida, para evitar gastos considerad­os desnecessá­rios.

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Nivaldo Restivo, indicado para secretaria

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