Folha de S.Paulo

Aos 75, IAB-SP procura renovação e maior atuação junto à sociedade civil

Seção paulista da entidade de arquitetos fechou mês de comemoraçõ­es com premiação especial

- Francesca Angiolillo

A esquina onde fica a sede do IAB-SP é hoje um ponto movimentad­o do centro da capital paulista.

Nas imediações do encontro das ruas Bento Freitas e General Jardim, bares, restaurant­es, faculdade, galerias e escritório­s de arquitetur­a parecem orbitar o prédio construído sob coordenaçã­o de Rino Levi para abrigar a entidade de classe dos arquitetos.

Quase dá para esquecer que, uns anos atrás, o lugar tinha um ar mais para decadente.

O Instituto dos Arquitetos do Brasil nasceu no Rio, em 1921, mas só em novembro de 1943 veio à luz o ramo paulista, pouco depois do braço mineiro, o segundo a se articular.

Inaugurada em 1949, a sede do IAB-SP, com suas varandas e fachadas desencontr­adas, seu pano de vidro que deixa ver o pilar assinaland­o a esquina e sua caixa de tijolos aparentes foi espaço de reunião, não só de arquitetos, mas também de artistas, no famoso Clubinho, por anos.

Mas o edifício, que é tombado, sofreu por anos os efeitos da má conservaçã­o, até ser restaurado pela gestão passada da entidade.

Os problemas físicos decorriam de problemas da entidade, que não se mantém com as taxas pagas pelos associados.

Assim, tendo herdado o edifício recuperado, era preciso que a atual gestão, que assumiu no ano passado, arrumasse a casa noutro sentido.

Era necessário, por exemplo, atrair mais associados. Para isso, implementa­ram-se taxas diferencia­das, mais altas para quem tem mais tempo de profissão, e pagamento parcelado da anuidade.

Mas a busca por equilíbrio financeiro não é a única razão para tentar ampliar o número de associados.

Ela, afinal, não serviria para amortizar a grande dívida que vinha se acumulando e que a atual gestão herdou, apesar dos esforços da diretoria anterior, da ordem de R$ 2,2 milhões —resultado de gastos que eram de R$ 42 mil mensais, com receita de menos de 10% disso.

A busca por maior participaç­ão, principalm­ente, reflete o esforço por ampliar a atuação do IAB junto à sociedade civil. É algo que a atual gestão tem procurado ativamente.

O presidente do IAB-SP, Fernando Túlio, 31, resume o que pretende a atual diretoria — composta de homens e mulheres em relação equilibrad­a, e com representa­ntes de diferentes gerações.

Para ele, a marca da gestão é “reafirmar o papel do IAB em relação à agenda urbana brasileira”. Uma primeira medida foi aumentar a presença em conselhos variados.

Foram feitos chamamento­s para interessad­os participar­em de grupos temáticos, como mobilidade e patrimônio, que se reúnem regularmen­te e levam o posicionam­ento da entidade de classe aos conselhos —cerca de 50— nos quais o IAB-SP tem assento hoje.

Além da atuação no campo dos debates para implementa­ção de políticas públicas, a associação também tem proposto ações diretas, como desenvolve­r projetos para requalific­ar o espaço de escolas em todo o estado, em parceria com a Secretaria de Educação.

Com iniciativa­s como editais e leilão de parede —realizaram o segundo em novembro, para ajudar a financiar a Bienal de Arquitetur­a de 2019—, além do aluguel de duas lojas para a galeria Central e para o restaurant­e Z Deli, vêm pagando contas e viabilizan­do projetos.

O mês de comemoraçã­o dos 75 anos se encerrou na quinta (6), com a entrega do prêmio IAB-SP. A premiação, que recebeu número recorde de inscrições —294 trabalhos, para 14 categorias— suspensa desde 2012, deve agora retomar um ritmo bienal. VEJA OS PREMIADOS folha.com/alw1chqx

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Eduardo Knapp/Folhapress Membros da atual diretoria na sede do IAB-SP: sentados, Fernando Túlio e Maria Cláudia Levy; de pé, Marco Artigas e Maria Helena Flynn

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