Aos 75, IAB-SP procura renovação e maior atuação junto à sociedade civil
Seção paulista da entidade de arquitetos fechou mês de comemorações com premiação especial
A esquina onde fica a sede do IAB-SP é hoje um ponto movimentado do centro da capital paulista.
Nas imediações do encontro das ruas Bento Freitas e General Jardim, bares, restaurantes, faculdade, galerias e escritórios de arquitetura parecem orbitar o prédio construído sob coordenação de Rino Levi para abrigar a entidade de classe dos arquitetos.
Quase dá para esquecer que, uns anos atrás, o lugar tinha um ar mais para decadente.
O Instituto dos Arquitetos do Brasil nasceu no Rio, em 1921, mas só em novembro de 1943 veio à luz o ramo paulista, pouco depois do braço mineiro, o segundo a se articular.
Inaugurada em 1949, a sede do IAB-SP, com suas varandas e fachadas desencontradas, seu pano de vidro que deixa ver o pilar assinalando a esquina e sua caixa de tijolos aparentes foi espaço de reunião, não só de arquitetos, mas também de artistas, no famoso Clubinho, por anos.
Mas o edifício, que é tombado, sofreu por anos os efeitos da má conservação, até ser restaurado pela gestão passada da entidade.
Os problemas físicos decorriam de problemas da entidade, que não se mantém com as taxas pagas pelos associados.
Assim, tendo herdado o edifício recuperado, era preciso que a atual gestão, que assumiu no ano passado, arrumasse a casa noutro sentido.
Era necessário, por exemplo, atrair mais associados. Para isso, implementaram-se taxas diferenciadas, mais altas para quem tem mais tempo de profissão, e pagamento parcelado da anuidade.
Mas a busca por equilíbrio financeiro não é a única razão para tentar ampliar o número de associados.
Ela, afinal, não serviria para amortizar a grande dívida que vinha se acumulando e que a atual gestão herdou, apesar dos esforços da diretoria anterior, da ordem de R$ 2,2 milhões —resultado de gastos que eram de R$ 42 mil mensais, com receita de menos de 10% disso.
A busca por maior participação, principalmente, reflete o esforço por ampliar a atuação do IAB junto à sociedade civil. É algo que a atual gestão tem procurado ativamente.
O presidente do IAB-SP, Fernando Túlio, 31, resume o que pretende a atual diretoria — composta de homens e mulheres em relação equilibrada, e com representantes de diferentes gerações.
Para ele, a marca da gestão é “reafirmar o papel do IAB em relação à agenda urbana brasileira”. Uma primeira medida foi aumentar a presença em conselhos variados.
Foram feitos chamamentos para interessados participarem de grupos temáticos, como mobilidade e patrimônio, que se reúnem regularmente e levam o posicionamento da entidade de classe aos conselhos —cerca de 50— nos quais o IAB-SP tem assento hoje.
Além da atuação no campo dos debates para implementação de políticas públicas, a associação também tem proposto ações diretas, como desenvolver projetos para requalificar o espaço de escolas em todo o estado, em parceria com a Secretaria de Educação.
Com iniciativas como editais e leilão de parede —realizaram o segundo em novembro, para ajudar a financiar a Bienal de Arquitetura de 2019—, além do aluguel de duas lojas para a galeria Central e para o restaurante Z Deli, vêm pagando contas e viabilizando projetos.
O mês de comemoração dos 75 anos se encerrou na quinta (6), com a entrega do prêmio IAB-SP. A premiação, que recebeu número recorde de inscrições —294 trabalhos, para 14 categorias— suspensa desde 2012, deve agora retomar um ritmo bienal. VEJA OS PREMIADOS folha.com/alw1chqx