Folha de S.Paulo

Grammy dá mais atenção às mulheres após ano marcado por reclamaçõe­s

- Thiago Ney

Dos 84 troféus concedidos na edição de 2018 do Grammy, apenas 11 foram dados a mulheres. Houve queixas, muitas, e a Academia de Gravação (Recording Academy), que organiza a premiação, se mexeu.

A principal mudança foi o aumento no número de indicados (de cinco para oito) nas quatro principais categorias: disco do ano, artista revelação, canção e gravação —o prêmio de gravação vai para o intérprete e pode ser dado a uma música que não seja inédita; o de canção vai para o compositor e a faixa tem de ser necessaria­mente nova.

As indicações divulgadas nesta sexta (7) mostram que a alteração funcionou. Em disco, por exemplo, concorrem Cardi B., Brandi Carlile, H.E.R., Janelle Monáe e Kacey Musgraves (os outros são Post Malone, Drake e Kendrick Lamar, este pelo álbum do filme “Pantera Negra”).

Se o Grammy quiser premiar pela qualidade da obra, o troféu ficará entre Janelle Monáe e Cardi B.

Já em canção do ano, entraram Ella Mai, Brandi Carlile e Lady Gaga (com Bradley Cooper, por “Shallow”, do filme “Nasce uma Estrela”). Em gravação, estão Brandi Carlile, Cardi B., Lady Gaga e SZA (esta ao lado de Kendrick Lamar).

É um Grammy, também, que tenta fugir da mesmice. Brandi Carlile e Kacey Musgraves são cantoras country; H.E.R. é uma jovem (e talentosa) que faz um R&B estiloso e Cadi B. dominou o tradiciona­lmente masculino rap norte-americano neste ano.

Nomes como Taylor Swift, Kanye West e Ariana Grande, por exemplo, ficaram relegados a categorias menos importante­s. Em artista revelação, as mulheres também tomam conta: com as irmãs Chloe x Halle, H.E.R., a inglesa Dua Lipa, a country Margo Price, a pop Bebe Rexha e Jorja Smith, que lançou um elogiado disco na linha R&B.

Elas disputam com Luke Combs e Greta van Fleet, esta última uma espécie de banda de gente que tenta imitar o Led Zeppelin no Guitar Hero.

Uma das categorias mais diversas e equilibrad­as deste Grammy é a de performanc­e pop solo. Estão concorrend­o de Beck (por “Colors”) ao rapper meloso Post Malone (“Better Now”), passando por Ariana Grande (“God Is a Woman”), Camila Cabello (“Havana”) e Lady Gaga (“Joane”).

Taylor Swift, que em 2016 recebeu sete indicações para o disco “1989” (que inclusive ganhou como álbum do ano), agora disputa apenas em álbum pop vocal, por “Reputation”. Ela tem a companhia de Camila Cabello (“Camila”), Kelly Clarkson (“Meaning of Life”), Ariana Grande (“Sweetener”), Shawn Mendes (“Shawn Mendes”) e Pink (“Beautiful Trauma”).

O Grammy, sendo Grammy, ainda vê a necessidad­e da existência da categoria música alternativ­a. E concorrem para disco de música alternativ­a nomes nada alternativ­os como Arctic Monkeys, David Byrne, St. Vincent, Beck e Bjork.

Dentro do universo rap, Cardi B. é favorita em álbum por “Invasion of Privacy”. Mas estão na disputa bons discos, como “Daytona”, de Pusha T, “Astroworld”, de Travis Scott, “Swimming”, de Mac Miller (morto recentemen­te), e “Victory Lap”, de Nipsey Hussle.

Cardi B. está ainda em performanc­e solo de rap, por “Be Careful”. Com ela, concorrem Drake, por “Nice for What”, Kendrick Lamar, Jay Rock, Future e James Blake, por “King’s Dead”, Anderson Paak, por “Bubblin”, e Travis Scott, Drake, Big Hawk e Swae Lee, por “Sicko Mode”.

O troféu de melhor disco de rock ficará entre Alice in Chains, por “Rainier Frog”, Fall Out Boy, por “Mania”, Ghost, por “Prequelle”, Greta van Fleet, por “From the Fires”, e Weezer, por “Pacific Daydream”.

A premiação será realizada em 10 de fevereiro no ginásio Staples Center, em Los Angeles. Os artistas que vão se apresentar ao vivo na noite ainda não foram anunciados.

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Caitlin Ochs/Reuters Janelle Monáe se apresenta em Nova York

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