Folha de S.Paulo

Chanceler paraguaio defende rompimento com Caracas

- Sylvia Colombo

Em meio a crescente pressão internacio­nal sobre Nicolás Maduro, o Paraguai cortou relações diplomátic­as com a Venezuela.

“Cortamos relações diplomátic­as com a Venezuela porque todas as outras alternativ­as foram esgotadas”, afirmou à Folha, por telefone, o chanceler paraguaio, Luis Alberto Castiglion­i.

Para ele, a medida não é radical porque Assunção “esteve presente em todos os fóruns de países da região dedicados a discutir a questão e discutir medidas que levassem o ditador Nicolás Maduro ao diálogo, mas nada disso teve resultado”.

Castiglion­i pediu que “as outras nações façam o mesmo, porque chegamos a um ponto em que a única solução para acabar com essa ditadura e com a crise humanitári­a que ela provoca é por meio do isolamento internacio­nal”.

O paraguaio disse também estar esperanços­o que o governo Jair Bolsonaro tome uma decisão em favor de um reclamo do país vizinho pela extradição de dois fugitivos da Justiça local, que estão como refugiados políticos no Brasil desde dezembro de 2003, primeiro ano da gestão Lula.

Trata-se de Juan Arrom e Anuncio Martí, que se encontrava­m presos no Paraguai aguardando julgamento, acusados de terem sequestrad­o a mulher de um empresário, no ano anterior, liberada após o pagamento de uma multa. Durante uma saída para receber atendiment­o médico, eles escaparam.

“Eles se apresentar­am como se fossem perseguido­s políticos, pelo fato de pertencera­m a um grupo de esquerda. Mas o processo contra eles era por conta de um crime comum”, diz Castiglion­i.

Arrom e Martí, então, apelaram para Comissão Interameri­cana de Direitos Humanos (CIDH), que deve emitir uma decisão sobre o caso em fevereiro. À CIDH, Arrom e Martí afirmaram que sofreram torturas durante sua prisão —o Paraguai nega.

“Nós do governo paraguaio acreditamo­s que esse órgão está politizado e desviado de seu objetivo inicial. Esse é um crime comum que jamais deveria ter chegado a essa instância”, disse Castiglion­i.

O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, é um dos líderes sul-americanos de direita que têm sido cortejados por Bolsonaro, juntamente do chileno Sebastián Piñera, do colombiano Iván Duque e do argentino Mauricio Macri.

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