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Com mais que o dobro de sua potência original, este 1.300L ganha as estradas em seu caminho
Todo entusiasta de automóveis antigos tem uma história com pelo menos um modelo, Rocha sempre teve Fuscas ou seus derivados de motor refrigerados a ar. “Sempre fui fã de VW, desde os meus 15 anos, trabalhei em uma revenda VW, fiz revisão de Fuscas 0 km”.
Antes deste 1.300L 1976 que ilustra nossas páginas, ele teve um 1985 vermelho que acabou chamando atenção em uma feira de carros antigos:
- Num sábado fui em um feirão de veículos para comprar um carro para ele, deixei o meu Fusca no estacionamento. Não achamos nada de interessante e quando voltamos para pegar o meu carro e ir embora, havia um senhor e seu filho perto do carro me esperando para saber se ele estava à venda. A oferta foi muito boa, mas não aceitei e trocamos contatos. Dois dias depois o senhor me ligou e fez uma oferta ainda melhor, então o 85 foi vendido. Quando o Fusca foi embora, nem olhei para trás! Entrei em casa e minha esposa perguntou se estava tudo bem, até me trouxe uma água.
- No fim de semana, quando fui na garagem e não vi o Fusca, caí na realidade. Fiquei angustiado, tinha que comprar outro
BAIXO “PERO NO MUCHO” A SUSPENSÃO FOI RETRABALHADA PARA MELHORAR A ESTABILIDADE
Fusca, fui ver um monte e queria vermelho!
A versão 1.300L foi lançada em 1975, possuía lavador de para-brisa com acionamento através de uma bombinha no pé, as hastes do limpador de para-brisa pintadas de preto e rodas com furação 4x130 iguais ao Fuscão. O motor 1.300 recebeu uma nova taxa de compressão, de 6,8:1. Neste Fusca, muito mais do que as mudanças do modelo 1.300L chamam atenção.
Este Fusca já está nas mãos de Rocha há 6 anos. Quando comprou, o carro já possuía alguma personalização: a suspensão estava com catracas na frente, no interior, haviam sido instalados os bancos de Chevrolet Corsa e o volante da Saveiro. O motor era 1.600 mas o câmbio continuava original para o motor 1.300 com escapamento simples.
A primeira parte de mudanças no carro foi a mecânica. Primeiro foi instalada uma dupla de carburadores, o que deixou o comportamento do carro mais esperto, entretanto era só o começo. Logo depois, o motor foi aberto, revisado e um novo kit foi instalado para aumentar a cilindrada para 1.900 cc com comando de válvulas P100.
Além da cilindrada e do comando de válvulas, os cabeçotes foram rebaixados e as válvulas de admissão foram substituídas por outras novas de diâmetro maior. O sistema de
FACILIDADE PARA MANOBRAS COM O NOVO SISTEMA DE CAIXA DE DIREÇÃO INSTALADO
escapamento foi refeito com duas saídas para cada lado e a cereja do bolo de toda essa preparação foi a dupla de carburadores Weber 40.
O rendimento do motor 1.300 original era de 46 cavalos (SAE) e passou a 102 cavalos com a nova configuração 1.9. Para se ter uma ideia, a relação peso/potência na configuração original oferecia 1 cv para cada 17 kg do peso do veículo e com o novo motor, passou a 1 cv para cada 7,6 kg. O Porsche 911 do mesmo ano deste Fusca, por exemplo, possui a relação peso/potência de 7 kg para cada cavalo de potência gerado, ou seja: o Fusca do Rocha assusta muito carro grande por onde passa.
O motor trabalha muito bem resfriado e lubrificado devido à instalação de uma bomba de óleo auxiliar, radiador externo de óleo com ventoinha e filtro de óleo externo.
O câmbio original de relação 8x35 foi substituído pelo mais longo da linha VW a ar, 8x31, usado no SP-2, nos fuscas do final dos anos 80 e no Fusca Itamar. O ganho na velocidade final, por exemplo, é cerca de 17 km/h. Além de coroa e pinhão mais longos, ainda foi instalado um blocante no diferencial para o fusca tracionar sempre com aderência nas duas rodas.
Todas essas melhorias deixam Rocha e seu Fusca muito à vontade na estrada para fazer longos percursos como costumam, “eu e minha esposa sempre estamos viajando de Fusca pelos eventos!”. Podemos ver, no vidro traseiro, vários adesivos de encontros de carros antigos pelo sul e sudeste do Brasil.
Para colocar no chão essa nova potência, a suspensão foi retrabalhada. Foram instaladas
VIGIA TRASEIRO COM DESEMBAÇADOR. ALGO RARO DE SE VER
mangas invertidas, o quadro de suspensão foi encurtado em 4 mm na dianteira de cada lado e instalados novos amortecedores recalibrados. Na traseira, houve um trabalho nos facões e a instalação de amortecedores da Ford F-100.
Os freios também receberam atenção especial com a colocação de discos na dianteira e sistema de cilindros duplos, que foi usado no Fusca Itamar.
Outra curiosidade do carro é que, apesar das rodas Fuchs aro 17 e pneus 205/40, não há dificuldades para manobrar o carro mesmo sem direção hidráulica, isso devido à instalação da caixa de direção com sistema de pinhão e cremalheira do Fiat Palio.
De cara da para perceber que sua cor é em um vermelho muito mais vivo do que o vermelho dos Fuscas daquele ano. Originalmente o vermelho oferecido pela VW em 76 era o Málaga, um tom mais escuro do que vemos hoje no carro, Rocha descreve “era vermelho cereja, mas era vermelho! Pois queria um Fusca vermelho novamente!”. O novo tom escolhido foi o vermelho Tornado, oferecido no novo Fusca TSI. O que facilitou a troca de cor e ainda deixou o acabamento impecável foi o carro ter sido pintado na concessionária VW Corujão, em Curitiba, onde Rocha trabalhou durante 23 anos.
Outra parte que merecia uma atenção especial era o interior do carro que ainda estava com os velhos (novos) bancos de Chevrolet Corsa. Rocha conseguiu os bancos baixos originais com trilho largo e fez o revestimento no padrão “gomão”, mas revestido em couro.
- Minha filha está nos acompanhando agora, vou montar uma Kombi com mecânica 1.900 e câmbio todo retrabalhado!
Com certeza, estamos tão ansiosos quanto o Rocha pelo término do projeto da Kombi com a nova mecânica 1.900. Se o seu atual Fusca foi tão bem montado e pensado, quanto mais o próximo aircooled da família.
COM MAIS QUE O DOBRO DE POTÊNCIA DA VERSÃO ORIGINAL, ESTE FUSCA É MUITO MAIS DO QUE UM 1.300L