Fusca e CIA

Aspirado

Com mais que o dobro de sua potência original, este 1.300L ganha as estradas em seu caminho

- TEXTO E FOTOS: RAFAEL MICHESKI

Todo entusiasta de automóveis antigos tem uma história com pelo menos um modelo, Rocha sempre teve Fuscas ou seus derivados de motor refrigerad­os a ar. “Sempre fui fã de VW, desde os meus 15 anos, trabalhei em uma revenda VW, fiz revisão de Fuscas 0 km”.

Antes deste 1.300L 1976 que ilustra nossas páginas, ele teve um 1985 vermelho que acabou chamando atenção em uma feira de carros antigos:

- Num sábado fui em um feirão de veículos para comprar um carro para ele, deixei o meu Fusca no estacionam­ento. Não achamos nada de interessan­te e quando voltamos para pegar o meu carro e ir embora, havia um senhor e seu filho perto do carro me esperando para saber se ele estava à venda. A oferta foi muito boa, mas não aceitei e trocamos contatos. Dois dias depois o senhor me ligou e fez uma oferta ainda melhor, então o 85 foi vendido. Quando o Fusca foi embora, nem olhei para trás! Entrei em casa e minha esposa perguntou se estava tudo bem, até me trouxe uma água.

- No fim de semana, quando fui na garagem e não vi o Fusca, caí na realidade. Fiquei angustiado, tinha que comprar outro

BAIXO “PERO NO MUCHO” A SUSPENSÃO FOI RETRABALHA­DA PARA MELHORAR A ESTABILIDA­DE

Fusca, fui ver um monte e queria vermelho!

A versão 1.300L foi lançada em 1975, possuía lavador de para-brisa com acionament­o através de uma bombinha no pé, as hastes do limpador de para-brisa pintadas de preto e rodas com furação 4x130 iguais ao Fuscão. O motor 1.300 recebeu uma nova taxa de compressão, de 6,8:1. Neste Fusca, muito mais do que as mudanças do modelo 1.300L chamam atenção.

Este Fusca já está nas mãos de Rocha há 6 anos. Quando comprou, o carro já possuía alguma personaliz­ação: a suspensão estava com catracas na frente, no interior, haviam sido instalados os bancos de Chevrolet Corsa e o volante da Saveiro. O motor era 1.600 mas o câmbio continuava original para o motor 1.300 com escapament­o simples.

A primeira parte de mudanças no carro foi a mecânica. Primeiro foi instalada uma dupla de carburador­es, o que deixou o comportame­nto do carro mais esperto, entretanto era só o começo. Logo depois, o motor foi aberto, revisado e um novo kit foi instalado para aumentar a cilindrada para 1.900 cc com comando de válvulas P100.

Além da cilindrada e do comando de válvulas, os cabeçotes foram rebaixados e as válvulas de admissão foram substituíd­as por outras novas de diâmetro maior. O sistema de

FACILIDADE PARA MANOBRAS COM O NOVO SISTEMA DE CAIXA DE DIREÇÃO INSTALADO

escapament­o foi refeito com duas saídas para cada lado e a cereja do bolo de toda essa preparação foi a dupla de carburador­es Weber 40.

O rendimento do motor 1.300 original era de 46 cavalos (SAE) e passou a 102 cavalos com a nova configuraç­ão 1.9. Para se ter uma ideia, a relação peso/potência na configuraç­ão original oferecia 1 cv para cada 17 kg do peso do veículo e com o novo motor, passou a 1 cv para cada 7,6 kg. O Porsche 911 do mesmo ano deste Fusca, por exemplo, possui a relação peso/potência de 7 kg para cada cavalo de potência gerado, ou seja: o Fusca do Rocha assusta muito carro grande por onde passa.

O motor trabalha muito bem resfriado e lubrificad­o devido à instalação de uma bomba de óleo auxiliar, radiador externo de óleo com ventoinha e filtro de óleo externo.

O câmbio original de relação 8x35 foi substituíd­o pelo mais longo da linha VW a ar, 8x31, usado no SP-2, nos fuscas do final dos anos 80 e no Fusca Itamar. O ganho na velocidade final, por exemplo, é cerca de 17 km/h. Além de coroa e pinhão mais longos, ainda foi instalado um blocante no diferencia­l para o fusca tracionar sempre com aderência nas duas rodas.

Todas essas melhorias deixam Rocha e seu Fusca muito à vontade na estrada para fazer longos percursos como costumam, “eu e minha esposa sempre estamos viajando de Fusca pelos eventos!”. Podemos ver, no vidro traseiro, vários adesivos de encontros de carros antigos pelo sul e sudeste do Brasil.

Para colocar no chão essa nova potência, a suspensão foi retrabalha­da. Foram instaladas

VIGIA TRASEIRO COM DESEMBAÇAD­OR. ALGO RARO DE SE VER

mangas invertidas, o quadro de suspensão foi encurtado em 4 mm na dianteira de cada lado e instalados novos amortecedo­res recalibrad­os. Na traseira, houve um trabalho nos facões e a instalação de amortecedo­res da Ford F-100.

Os freios também receberam atenção especial com a colocação de discos na dianteira e sistema de cilindros duplos, que foi usado no Fusca Itamar.

Outra curiosidad­e do carro é que, apesar das rodas Fuchs aro 17 e pneus 205/40, não há dificuldad­es para manobrar o carro mesmo sem direção hidráulica, isso devido à instalação da caixa de direção com sistema de pinhão e cremalheir­a do Fiat Palio.

De cara da para perceber que sua cor é em um vermelho muito mais vivo do que o vermelho dos Fuscas daquele ano. Originalme­nte o vermelho oferecido pela VW em 76 era o Málaga, um tom mais escuro do que vemos hoje no carro, Rocha descreve “era vermelho cereja, mas era vermelho! Pois queria um Fusca vermelho novamente!”. O novo tom escolhido foi o vermelho Tornado, oferecido no novo Fusca TSI. O que facilitou a troca de cor e ainda deixou o acabamento impecável foi o carro ter sido pintado na concession­ária VW Corujão, em Curitiba, onde Rocha trabalhou durante 23 anos.

Outra parte que merecia uma atenção especial era o interior do carro que ainda estava com os velhos (novos) bancos de Chevrolet Corsa. Rocha conseguiu os bancos baixos originais com trilho largo e fez o revestimen­to no padrão “gomão”, mas revestido em couro.

- Minha filha está nos acompanhan­do agora, vou montar uma Kombi com mecânica 1.900 e câmbio todo retrabalha­do!

Com certeza, estamos tão ansiosos quanto o Rocha pelo término do projeto da Kombi com a nova mecânica 1.900. Se o seu atual Fusca foi tão bem montado e pensado, quanto mais o próximo aircooled da família.

COM MAIS QUE O DOBRO DE POTÊNCIA DA VERSÃO ORIGINAL, ESTE FUSCA É MUITO MAIS DO QUE UM 1.300L

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 ??  ?? Detalhes como os farois originais Arteb. Os farois de neblina e milha ajudam na condução por estradas. O charme fica com o estribo em aço inox.
Detalhes como os farois originais Arteb. Os farois de neblina e milha ajudam na condução por estradas. O charme fica com o estribo em aço inox.
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 ??  ?? Rodas Fuchs aro 17 calçadas com pneus 205/40, garantem tração e estabilida­de.
Rodas Fuchs aro 17 calçadas com pneus 205/40, garantem tração e estabilida­de.
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 ??  ?? A forração foi refeita em couro no padrão “gomão”. Os manometros de pressão de combustíve­l e RPM ajudam a conduzir o carro com segurança. O volante Walrod completa o visual interno.
A forração foi refeita em couro no padrão “gomão”. Os manometros de pressão de combustíve­l e RPM ajudam a conduzir o carro com segurança. O volante Walrod completa o visual interno.
 ??  ?? Lentes das lanternas traseiras com piscas vermelhos, caracterís­tico do ano. Farois dianteiros originais Arteb com lâmpadas super brancas.
Lentes das lanternas traseiras com piscas vermelhos, caracterís­tico do ano. Farois dianteiros originais Arteb com lâmpadas super brancas.
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 ??  ?? Corujão, a concession­ária VW responsáve­l pela nova cor do Fusca acompanha o brasão 1.300L no capô.
Corujão, a concession­ária VW responsáve­l pela nova cor do Fusca acompanha o brasão 1.300L no capô.
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 ??  ?? Esta Kombi 1997 é o novo projeto de Rocha para viajar pelos encontros com a família. A foto é do Econtro Sul Brasileiro de Fuscas
Esta Kombi 1997 é o novo projeto de Rocha para viajar pelos encontros com a família. A foto é do Econtro Sul Brasileiro de Fuscas
 ??  ?? A saída dupla de escape garante velocidade na liberação dos gases do motor e melhora o desempenho.
A saída dupla de escape garante velocidade na liberação dos gases do motor e melhora o desempenho.
 ??  ?? O coração 1.900 é empurrado por uma dupla de carburador­es Weber 40.
O coração 1.900 é empurrado por uma dupla de carburador­es Weber 40.

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