Do lixo ao luxo
Este Fusca 1962 foi encontrado em pedaços dentro de uma garagem e hoje é um dos exemplares mais bonitos do estilo Cal look
Grande parte dos fusqueiros começa com o gosto desde cedo, muitas vezes com o contato com o Fusca “fafá” e com os fuscas da década de 70 e 80 na família, mas há um grande apreço pelos fuscas da década de 60.
Foi assim também com Michael Carlos, fusqueiro morador de Campo Largo, região metropolitana de Curitiba. Apaixonado pelo besouro desde criança sob influência principalmente de sua família, “em um passado não muito distante, os Fuscas ocupavam a maioria das ruas e garagens do Brasil e em minha família não foi diferente, tenho excelentes lembranças de meu pai levando eu e meu irmão dentro do chiqueirinho para passear, era o carro do dia a dia e aprendi a gostar muito dele”, relata.
Seu primeiro carro foi um Fusca 1977 que vendeu após 10 anos de uso por conta de uma oportunidade única, a compra de um modelo anterior, “após algum tempo de procura encontrei algo que me comoveu e que seria um desafio pessoal para ressuscitá-lo”, frisa.
Através de um amigo, ficou sabendo que um fusquinha 1962 estava desmontado dentro de uma garagem em sua cidade, “fui ver o carro e quando cheguei lá vi uma cena comum e lamentável, um fusquinha batido que tinha sido esquecido no tempo, o antigo proprietário não tinha mais interesse em mexer nele”. A situação do carro era precária, carroceria batida, chassis abandonado sobre a terra, mas isso não desanimou Michael, fechando negócio, colocou o que encontrou do Fusca sobre a caçamba de uma C10, e partiu para a recuperação do carro.
Passo a passo, foi reconstruindo o carro com as próprias mãos,
APESAR DE MUITO BAIXO, O CARRO RODA CONFORTÁVEL NA DIANTEIRA E TRASEIRA FORAM INSTALADAS LUZES AUXILIARES
“fiz toda a funilaria, mecânica, solda e parte estrutural do carro, meu irmão, proprietário da empresa Hot Toys Custom, me ajudou muito na parte de funilaria e pintura”.
Hoje o carro totalmente recuperado foi personalizado no estilo cal look. O veículo foi pintado na cor original do ano, verde Berilo (L478). As rodas instaladas são modelo Fuchs aro 15, com furação 5x205 com 6 polegadas na dianteira e pneus 145/65. Na traseira, as rodas tem 8 polegadas e pneus 205/65. Para arrematar o visual, a suspensão dianteira foi encurtada em 12 mm, instaladas mangas de eixo EMPI e sistema a ar independente que também auxilia no conforto com a opção de diversas regulagens. Na traseira foi instalado o facão regulável.
Na dianteira, logo abaixo do brasão de São Bernardo do Campo, foi instalada a “gravatinha” de capô que ajuda na proteção da pintura recém-feita na hora do abastecimento. Proteção também adotada nas maçanetas de porta e nos para-lamas com o kit de polainas modelo americano.
Ainda no exterior, foram instalados os retrovisores modelo Albert, no parachoque dianteiro um bumper bar
e para garantir a ventilação da cabine, para-brisa modelo safari e vidros traseiros basculantes, que só viriam de fábrica em 1963.
Os faróis dianteiros são do modelo sealed-beam e, para ajudar à noite, foi instalado um farol de longo alcance no para-choque junto ao farol direito, os pisca-piscas são os originais finos. As lanternas traseiras são originais bicolores, entre elas, o charmoso “nariz de bruxa” ilumina a placa. Para ajudar na visualização da frenagem, Michael instalou uma luz auxiliar de freio do lado esquerdo do para-choque traseiro.
No interior, os bancos “caixote” foram revestidos em couríssimo vermelho terra mesclado de dois tipos: rugo
OS BANCOS REVESTIDO EM COURÍSSIMO EXCLUSIVO DEIXAM O INTERIOR CONFORTÁVEL E LUXUOSO
so na metade inferior do encosto e acento, nas demais partes courvin liso, com canaletas delimitando as bordas dos bancos com costura clara aparente e o detalhe fica para quatro ilhós costurados no centro do encosto. O acabamento também foi aplicado na coifa de freio de mão.
Os forros de porta acompanham o tecido dos bancos com manivela e maçanetas em metal e um puxador de metal bem discreto foi instalado na porta, deixando o visual limpo. Manômetro de pressão de ar da suspensão e monster para acompanhar o motor ficam discretos, instalados abaixo do painel. No chiqueirinho, um cooler da coca-cola.
Para completar o visual interno, o carro ganhou um volante modelo Banjo, cintos de segurança modelo aviação, pedal de ace
lerador roller, rádio com friso e botões do painel cromados.
No porta-malas, Michael revestiu com carpete igual ao revestimento do interior. Para segurar o estepe no lugar, há uma simpática fivela de couro. O tanque de combustível com tampa personalizada e pintura com renda, deixam o visual incrível.
Para empurrar toda essa beleza, o motor foi refeito com um kit 1.700, dupla carburação Solex 34, sistema de polias Poly V, prolongador de óleo, filtro de óleo externo, nos cabeçotes, foi instalado o comando W100. O escapamento esportivo dá o tom do motor. O sistema de freios original a tambor foi substituído por discos e pinças do VW Golf nas quatro rodas.
Toda essa paixão pela montagem de um carro dado como perdido é recompensada com passeios de Fusca com sua esposa e filhos que sempre acompanham Michael nos eventos onde o carro sempre é elogiado e premiado.