Go Outside

PELO MUNDO

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O MELHOR JEITO de viajar. Essa é uma frase que costuma acompanhar o relato de aventureir­os que têm rodado de bike por aí. Ao conseguir levantar a âncora da rotina e passar a viver sobre duas rodas, muitos viajantes acabam se deparando com os benefícios da escolha: a sensação de liberdade e o contato mais intimista com pessoas e destinos. Mas, por trás dos momentos épicos e das fotos que dão inveja em quem está sentado na frente de um computador, a vida na estrada está repleta de desafios – dos mais inesperado­s e urgentes até a própria dificuldad­e de tirar um plano desse tipo do campo da imaginação.

O carioca Ricardo Martins, 33, está vivendo isso na pele. Depois de concretiza­r a Roda América, uma viagem de quatro anos pela América do Sul ao lado da sua fiel companheir­a, a bike Capitu, ele agora cumpre a Roda Mundo. Nesse novo giro, a bordo de uma bike de bambu, ele tem desbravado culturas (e a si mesmo) enquanto estuda, capta dados e desenvolve soluções de mobilidade pelo mundo. Atualmente, junto da sua nova versão de bike, a Dulcineia 2.0, ele atravessa a Europa com a expectativ­a de fazer a conexão com a Ásia entre o fim de 2018 e o início de 2019. Durante uma rápida pausa em Mainz, na Alemanha, a caminho de Praga, na República Tcheca, Ricardo falou à Go Outside:

“O MAIS DIFÍCIL é sempre o primeiro passo. Quando você está na estrada, as coisas vão se ajeitando, simplesmen­te porque você não se dá a opção de voltar. Você se adapta da maneira que for.”

“NO RODA AMÉRICA eu estava cheio de expectativ­as: queria ver a realidade das coisas, conhecer novas pessoas, países e culturas. Na segunda expedição, eu simplesmen­te fui. Com ou sem expectativ­a, as coisas vão acontecer do mesmo jeito. Melhor sair com as ‘páginas em branco’ e preenchê-las com o que encontro no caminho.”

“O MOVIMENTO de viagens de bike vem de pessoas que resolvem viver a partir do que acreditam, do que gostam e dos próprios sonhos, em vez de simplesmen­te por dinheiro. Hoje valorizo mais o meu trabalho, por fazer o que eu gosto. E isso acaba sendo lucrativo. Nem sempre em termos de quantidade de dinheiro, mas com certeza em aproveitam­ento.”

“ESTAR MUITO FORTE fisicament­e para dar conta de uma viagem longa era uma grande preocupaçã­o minha. Dos 22 anos, durante minha primeira investida, aos atuais 33, isso mudou bastante. Meu planejamen­to agora é mais mental. E eu me sinto muito mais bem preparado.”

“MINHA CAPITU foi roubada quando terminei a volta pela América, no Rio de Janeiro. Eu tinha status de ‘viúvo’ no Face, para você ter uma ideia da minha relação com ela [risos]. Foi aí que descobri a Art Bike Bamboo, do Klaus [Volkmann, construtor de bikes]. A Dulcineia, agora na nova versão 2.0, é segura e resistente. O material absorve o impacto e o bambu me aproxima com qualquer pessoa de qualquer classe social em qualquer lugar do mundo.”

– BRUNO ROMANO

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Com sua bike de bambu, Ricardo Martins já desbravou até as pirâmides africanas

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