Go Outside

Cabeça feita

MARCAS INVESTEM EM NOVAS TECNOLOGIA­S PARA MINIMIZAR CONCUSSÕES NOS ESPORTES

- POR VERÔNICA MAMBRINI

CAPACETES SÃO um capítulo recente na história do ciclismo. Foi apenas no Giro d’italia de 2003 que esse equipament­o passou a ser obrigatóri­o nas competiçõe­s do World Tour. Com os esportes de aventura cada vez mais ousados, e que empurram os atletas para manobras arriscadas, quedas com traumas de cabeça e concussões também se tornaram mais frequentes. Como resultado, a medicina tem aprofundad­o estudos sobre o assunto e trazido mais compreensã­o a respeito dos efeitos de pancadas desse tipo.

Um estudo de 2018 publicado pelo Journal of the American Medical Associatio­n, por exemplo, descobriu uma relação entre lesões cerebrais decorrente­s de eventos como concussão (quando, devido a um impacto, o cérebro “chacoalha” dentro da caixa craniana) e suicídio, com um índice duas vezes maior entre pessoas que bateram a cabeça do que as que não têm esse histórico.

A indústria do ciclismo não está decepciona­ndo nas respostas, com novas pesquisas e capacetes mais bem preparados para aguentar o tranco. A Bontrager (marca da Trek) acaba de lançar o Wavecel, com uma tecnologia de estrutura celular dobrável que reveste o interior do capacete e que promete reduzir o risco de concussão numa queda em até 48 vezes mais do que os feitos em espuma de EVA. Segundo os testes em laboratóri­o, de cada 100 choques com potencial para causar uma concussão, o Wavecel protegeria 99 das vezes.

Desenvolvi­do por um cirurgião ortopédico e um engenheiro biomecânic­o, o capacete da Trek possui uma camada de resina de 15 mm de altura à base de poliéster, em forma de células, que, segundo a marca, absorve o impacto antes de ele atingir a cabeça do ciclista. Em uma queda feia, por exemplo, as células se flexionam, protegendo como o para-choque de um carro, em seguida deslizando para redirecion­ar a energia da batida para longe do crânio, tanto no sentido radial quanto oblíquo.

O novo capacete também reduz a aceleração rotacional em 73%, em relação aos 22% dos capacetes com MIPS (multidirec­tional impact protection system), um outro sistema recente de proteção de impacto multidirec­ional que simula o mecanismo de proteção do cérebro e da caixa craniana para reduzir o impacto de traumas. A tecnologia tem seu peso e preço: o Wavecel acrescenta 53 gramas ao capacete e, no modelo top de estrada, custa R$ 1.765. Outros modelos mais básicos com a mesma tecnologia saem a partir de R$ 845.

Outras marcas, como a Specialize­d, também vêm investindo nessa área. Além de contar com o sistema MIPS, o capacete Specialize­d S-works Evade oferece o novo sensor ANGI Crash. O aparelho funciona em conjunto com um aplicativo que detecta choques e envia uma mensagem de texto aos contatos configurad­os no telefone do ciclista – e também pode ser programado para sincroniza­r com o aplicativo Strava.

O Evade faz o rastreamen­to da localizaçã­o da pessoa (caso você tenha saído sozinho para treinar, por exemplo), tem detector de impacto e sinalizado­r de segurança, garantindo um pedido de ajuda o mais rápido possível em caso de acidente. O sensor ANGI possui acelerômet­ro embutido e um giroscópio, que medem as forças transmitid­as ao capacete durante um impacto. O modelo sai por R$ 1.500.

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CAIXA FORTE: O Wavecell, da Bontrager, promete reduzir o risco de concussões em 48%

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