Go Outside

Manutenção preventiva

COMO DEFENDER O CORPO CONTRA LESÕES, SEGUNDO O MAIOR WATERMAN DE TODOS OS TEMPOS

- POR LAIRD HAMILTON*

JÁ LIDEI COM um monte de lesões durante minha carreira como surfista e remador de stand-up paddle, incluindo seis fraturas de tornozelo e um rompimento do ligamento anterior cruzado. Três anos atrás, fiz uma cirurgia de prótese de quadril. Quando você passa décadas no oceano, está fadado a ter maus momentos, sofrer acidentes, e o mesmo vale para qualquer atleta que leve seu esporte a sério. Então comecei a investir em resiliênci­a. Agora tudo o que faço – o que como, quantas horas durmo e como treino – é pensado para me proteger, para evitar que eu me machuque. A seguir, minhas dicas essenciais para você construir um corpo e uma mente capazes de aguentar o tranco.

TREINE COM INTELIGÊNC­IA

A probabilid­ade de se lesionar devido a forças externas existe em todo lugar – então não colabore com ela treinando de forma inadequada. Quando estou fazendo movimentos altamente repetitivo­s, uso a criativida­de e compenso com movimentos antagônico­s para evitar uma sobrecarga excessiva (por exemplo, complement­e seu treino de abdômen com exercícios para fortalecer a região lombar). Quando estou treinando para uma corrida longa, não saio para rodar uma tonelada de quilômetro­s. Opto por distâncias mais curtas com desafios específico­s: correr na areia ou com um colete com pesos, por exemplo.

ALIVIE A CARGA

Nos treinos de força, deixe seu ego fora da equação. Se pegar um peso gigante e começar a fazer agachament­os, poderá machucar as costas em um piscar de olhos. Por outro lado, terá que fazer centenas de agachament­os com a técnica incorreta utilizando apenas o peso do corpo para se lesionar. Em vez de aumentar 5 kg, diminua 5 kg e faça cinco repetições a mais. Lembre-se: treine suas fraquezas, não suas forças.

FOQUE NA FLEXIBILID­ADE

Uma grande parte de proteger a si mesmo envolve desenvolve­r sua amplitude de movimento. Trabalhe para melhorar a mobilidade onde você se sente encurtado. Cada corpo é único, então sua rotina de alongament­o provavelme­nte será diferente da de outras pessoas. Eu faço yoga uma ou duas vezes por semana, mas também ocupo meu tempo com outras atividades que trazem flexibilid­ade naturalmen­te – como nadar e surfar.

VOLTE À ATIVA

Depois da cirurgia de prótese do quadril, voltei a treinar (com cautela) assim que me senti capaz. Em duas semanas, estava saltando na piscina, ficando de pé na prancha de surf e remando de stand-up paddle. Usei meu corpo como guia para sentir quando estava pressionan­do demais o quadril e fui cauteloso quando me aproximava dessa linha de desconfort­o. A única forma de aprender que tipo de dor é sinal de que você deve recuar e qual você pode aguentar sem perigo é experiment­ando.

CHACOALHE AS COISAS

Se você precisar dar uma parada, não tem necessaria­mente que fazer menos coisas, pode simplesmen­te ajustar sua rotina. Se está acostumado a um determinad­o volume de treino, direcione-o para atividades que você não faz normalment­e – e que ficam em lugares inferiores na sua lista de prioridade­s quando você está 100%. Dedique mais tempo à alimentaçã­o, hidratação e técnicas de recuperaçã­o como massagem, acupuntura e fisioterap­ia.

APROVEITE O PODER DA MENTE

Depois de lidar com tantas lesões, aprendi a superar o impacto psicológic­o. É claro que a dúvida bate: será que conseguire­i surfar novamente? Meu cérebro lança todas essas perguntas em cima de mim. Mas sei como lidar, já passei por isso antes. Mesmo que você saia de uma lesão com metade da amplitude de movimento e metade da força que tinha antes, o poder da mente sobre a matéria é poderoso. Se você tiver confiança e paciência, pode fazer seu corpo voltar a ser como era antes – ou ainda melhor.

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