CORREDOR DUPLA-FACE
POR QUE ESCOLHER ENTRE ASFALTO E TRILHA SE VOCÊ PODE TER OS DOIS? VEJA COMO É POSSÍVEL ESTAR SEMPRE PRONTO PARA DESAFIOS EM QUALQUER TERRENO
Desde 2000, o pesquisador e biólogo molecular Miguel Mitne, 37, calcula ter corrido cerca de 30 provas de rua, tendo como melhores tempos 1h20m nos 21km e 35min nos 10k, marcas bastante expressivas para um atleta amador. Poderia parar por aí, mas o rapaz ainda coleciona resultados de alto nível nas trilhas: Nos 50km do The North Face Endurance Challenge cravou um 4º lugar geral em Ilhabela (2011) e um 2º lugar geral em Santiago, no Chile (2014). Há quase duas décadas, ele vem conservando a boa forma e a certeza de que bom mesmo é ser capaz de se aventurar em todos os terrenos e distâncias, amparado pela experiência da assessoria esportiva que elegeu, Núcleo Aventura, pioneira no treinamento das modalidades ao ar livre. Para ser um corredor híbrido, ele cumpre religiosamente os treinos de tiro ao menos uma vez por semana e aposta em agachamentos e exercícios de isometria, além de usar o
ciclismo como arma secreta para fortalecer e prevenir lesões. “Fazer força e sentir o limite do corpo, ainda mais em boa companhia, é muito bom”, ressalta. Miguel aprendeu com os mestres. Primeiro, teve a sorte de conviver e seguir os ensinamentos de Cris Carvalho, fundadora do Núcleo Aventura, e atleta excepcional no triathlo, corrida de montanha e de aventura. Desde de sua morte, em 2015, ele aproveita a experiência daquele que treinou a professora querida, o pentacampeão mundial de Ultraman – triathlo de três dias, que conta com 10km de natação, 421km de ciclismo e 84,4km de corrida – Alexandre Ribeiro, diretor técnico da assessoria há três anos. Ele, melhor que ninguém, conhece os segredos da multidisciplinariedade e as delícias de poder curtir qualquer percurso, cenário ou desafio. Quer algumas dicas preciosas desta lenda do esporte? Então anota aí!
MISTURE RECURSOS
“No treinamento com meus alunos, procuro sempre mesclar o treinamento de corrida no asfalto com o chamado “off-road”, além de complementar com o treino funcional, dando ênfase em exercícios educativos, que têm eficiência comprovada para os corredores, tanto na evolução do desempenho, como na prevenção de lesões.”
IMPROVISE
“Morar numa grande metrópole, sem acesso fácil a trilhas, pode até ser um fator limitante para um bom treino de montanha, mas não chega a ser determinante a ponto de inviabiliza-lo. Há maneiras de simularmos diversas situações que encontramos nas montanhas. Na esteira, por exemplo, trabalhe as inclinações em graus variados, subindo e descendo, e fazendo séries intervaladas. Faça repetições em rampas, escadas e bancos, visando o fortalecimento das musculaturas mais exigidas durante uma corrida na trilha.”
FAÇA CROSS-TRAINNING
“Intercale os treinos de corrida com sessões de moutain bike e ciclismo, além de métodos de fortalecimento muscular como pilates, yoga, musculação e treinamento funcional, que são excelentes companheiros para quem deseja ter boa performance tanto no asfalto como nas trilhas.”
NÃO ABANDONE OS TIROS
“Treinos de qualidade são fundamentais para manter o desempenho no asfalto, mas também agregam muito para quem gosta de subir montanhas: ganho de capacidade cardiovascular, de velocidade, resistência e administração do esforço físico são sempre bem-vindos em qualquer situação”.
MANTENHA O EQUILÍBRIO PESSOAL
“O atleta amador tem que ter consciência de que ele está fazendo algo para minimizar o estresse, e não o contrário. Cobranças demais e falta de sintonia na vida pessoal ou no trabalho, são sinais que não devem ser ignorados. Com tudo em dia, fatores limitantes passam a ficar em segundo plano. Sempre falo para os meus alunos: natureza e atividade física são os melhores remédios para tudo. Não tem nada melhor do que participar de uma prova offroad, passando por cachoeiras, mar, floresta, riachos, e depois hidratar com uma boa cevada com os amigos.”