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Apaixonada pela arte!

Marília Martins viveu com plenitude a década de noventa e, agora, revive os bons tempos interpreta­ndo Dirce em Verão 90

- Texto: Aline Campanhã/colaborado­ra Entrevista: Julyana Caldas/colaborado­ra

Quando você descobriu o dom pelas artes cênicas?

“Quando eu tinha nove anos, na escola. Primeiro com o professor Tomil Gonçalves, que hoje é diretor da Multirio, e depois com a professora Lurdinha. Os dois davam aulas de teatro no Centro Educaciona­l Anísio Teixeira (CEAT), em Santa Teresa, onde estudei até os 14 anos. Com o Tomil me apaixonei pela primeira vez por uma personagem: a boneca Emília, de Monteiro Lobato. Não só queria interpretá-la, mas fazer o figurino, a maquiagem, tudo.”

Como surgiu o convite para fazer a novela das sete?

“Foi a autora, Izabel de Oliveira, que me convidou para fazer a Dirce. Trabalhei com a Bel em Cheias de Charme (2012) e Geração 90 (1982). Em algumas outras novelas que fiz, como Tempos Modernos (2010), ela também estava presente, mas não era a autora principal, era colaborado­ra. Em Malhação fiz algumas participaç­ões e ela era a redatora final. Bel é uma escritora incrível que eu admiro muito.”

O que ainda podemos esperar da sua personagem?

“Olha, eu sou suspeita, mas acho que a Dirce é só amor. Ela gosta de trabalhar e ajudar as pessoas. Ela pode, ainda, ter muitas conquistas na vida! Quem sabe ter um negócio próprio e uma bela família com muitos filhinhos. Por outro lado, talvez ela não queira, de fato, se casar. Acho que Dirce também ama os animais, apesar disso nunca ter aparecido na novela, mas acho que ela viveria feliz também entre cachorros, gatos, tartarugas, passarinho­s, pintinhos... Ela é linda e merece um final digno.”

Quais são as suas principais lembranças dos anos 90?

“Eu era recém-formada como atriz. Fazia muita coisa que rola na novela. Saía dos ensaios e ia correndo para o Real Astória, no Baixo Leblon, ou para o Hipódromo, no Baixo Gávea. Ia à praia no Posto Nove. Assistia às peças de teatro da Bia Lessa, do Antunes Filho, Denise Stoklos, Gerald Thomas. Gostava das mostras de cinema no Centro Cultural Cândido Mendes. Ia a shows no Morro da Urca, no Circo Voador. Vi Cazuza, Cássia Eller, Legião Urbana, Alceu Valença. Era incrível.”

Quais são suas referência­s nas artes?

“Tenho algumas referência­s importante­s na minha formação, mas acho que o mais legal é que a cada trabalho artístico que faço busco as referência­s que irão me ajudar naquele momento. Na construção da Dirce, em Verão 90, por exemplo, tenho na minha mesa de cabeceira as crônicas de Clarice Lispector em A Descoberta do Mundo e o romance A Hora da Estrela, também da autora.”

Você, além de atriz, também é professora. Como você vê a educação, hoje em dia, no país?

“O investimen­to em educação é baixo e os cortes na área só estão aumentando. Lamento muito tudo isso. Sou professora há 30 anos. Vejo que a educação é realmente um investimen­to de retorno rápido para o nosso país. Em oito anos já vemos resultados.”

Como você tenta contribuir para a área educativa?

“Dou aulas também para crianças. E vejo que a experiênci­a artística traz para a criança e para o jovem autoconhec­imento e autoestima, tanto pela liberdade de expressão, como pelo potencial de criação que vai sendo descoberto. Quando os investimen­tos em educação e arte se multiplica­m, é uma sociedade toda que sai fortalecid­a.”

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