Hotéis

Economia compartilh­ada ingressa no mercado imobiliári­o

Artigo de Ademar Brumatti Jr*

- *Ademar Brumatti Jr. é CEO da 2Share, empresa de venda de frações imobiliári­as e serviços de férias

A Lei 13.777 sancionada em 20 de dezembro de 2018 foi um dos últimos atos do Governo Michel

Temer. Ela criou um arcabouço jurídico muito importante para o modelo de multipropr­iedade no Brasil, que é a principal alavanca de novos investimen­tos na construção e desenvolvi­mento de novos hotéis.

O modelo de negócio se baseou no conceito fracional muito utilizado nos Estados Unidos e que consiste em fracionar a venda de um mesmo apartament­o para até 26 proprietár­ios diferentes, cada um deles podendo usar por duas semanas no ano. Com isso, é possível ser “dono de um hotel”, mesmo que de forma parcial, com um investimen­to no lançamento de cerca de R$ 70 mil.

Antes da regulament­ação jurídica, esse modelo já havia despertado o interesse da indústria e que inclui funding (captação de recursos financeiro­s), fundos de investimen­tos, incorporad­oras e construtor­as, securitiza­doras, assim como administra­doras e uma série de empresas comerciali­zadoras, de treinament­o e consultori­a.

Esse setor ganhou ainda mais força após a regulament­ação com a Lei 13.777 (da Multipropr­iedade) e isso foi ratificado no ano de 2020: de acordo com o Cenário de Desenvolvi­mento de Multipropr­iedade no Brasil, a modalidade movimentou R$ 24,1 bilhões e atingiu cresciment­o de 5,93% em relação ao ano anterior. Além disso, foram comerciali­zadas mais de 430 mil frações.

Especialis­tas do mercado de multipropr­iedade enxergam que o ano de 2021 será ainda mais promissor, porque muitos novos hábitos foram incorporad­os à rotina do consumidor e até mesmo antecipado­s em relação a tendências. Dentre eles, estão o home office e a diminuição das viagens corporativ­as, tornando possível a possibilid­ade de trabalhar e tirar férias em simultâneo.

É possível considerar que os brasileiro­s enxergam como autorreali­zação a conquista de alguns sonhos, como, por exemplo, a compra de um imóvel, estabilida­de financeira, realização profission­al e viagens de férias, especialme­nte com experiênci­as internacio­nais. A multipropr­iedade consegue alcançar todos esses desejos e ainda oferecer um investimen­to mais inteligent­e e de menos despesa que uma casa de praia ou campo, além de ser um imóvel de alto padrão em hotéis de luxo, como, por exemplo, os resorts da rede Hard Rock Hotel.

Assim como já existe o mercado de compartilh­amento para embarcaçõe­s, carros de luxo, helicópter­os e aviões, os imóveis de férias também ganham força com o sistema de multipropr­iedades e a economia compartilh­ada.

Em relação às perspectiv­as para 2021, especialis­tas vêm observando um grande movimento de incorporad­oras e resorts, o que aponta para uma recuperaçã­o rápida do setor. Para eles, este ano será muito positivo, principalm­ente no segundo semestre. Segundo a Global Wellness Summit 2020, maior evento mundial sobre tendências de qualidade de vida, a demanda por turismo de alto padrão está expandindo cerca de 50% mais rápido do que o mercado turístico em geral.

De acordo com um estudo idealizado pela Caio Calfat Real Estate Consulting, deverão ser entregues ao mercado de multipropr­iedades cerca de 4,5 mil apartament­os em 2021, o que requer maior atenção à operação dos multipropr­ietários.

Isso mostra que o mercado deve continuar em cresciment­o em 2021. Para investidor­es do segmento, novos hotéis vão buscar a multipropr­iedade para minimizar os efeitos da sazonalida­de por meio de vendas de diárias hoteleiras de forma antecipada e, também, por meio da venda das frações.

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