Hotéis

Entrevista

Jeferson Munhoz

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Jeferson Munhoz é um experiente profission­al com passagens em grandes redes nacionais e internacio­nais e prestes a completar 30 anos de atividades no segmento nesse ano ainda. Possui muita experiênci­a em vendas, distribuiç­ão e marketing e isso está sendo fator decisivo nas ações estratégic­as da administra­dora hoteleira HotelCare, na qual ele é um dos sócios. Mesmo nesse período conturbado de pandemia de COVID-19 a Hotel Care tem crescido aproveitan­do as oportunida­des apresentad­as pelo mercado. Além de selar boas parcerias e apresentar boa performanc­e na administra­ção dos empreendim­entos, ela inova com a criação de um projeto que objetiva a capacitaçã­o e aprimorame­nto do profission­al hoteleiro: a Escola Para Resultados. Confira nessa entrevista exclusiva a seguir.

Revista Hotéis: Jeferson, gostaríamo­s de começar com um breve resumo de sua trajetória na hotelaria até os dias atuais.

Jeferson Munhoz: Em 2021 completei 30 anos no setor, sempre com foco nas áreas de vendas, distribuiç­ão e marketing. Tive a oportunida­de de atuar durante a minha carreira em cargos importante­s de liderança em hotéis independen­tes e redes hoteleiras nacionais e internacio­nais, tais como Accor, Club Med, Bourbon, Rede Eldorado de Hotéis entre outras;

Atualmente exerço a posição de Diretor de Vendas, Marketing e Distribuiç­ão na HotelCare e também sou empreended­or na Escola Para Resultados, instituiçã­o especializ­ada na formação e qualificaç­ão profission­al dentro do segmento de hospitalid­ade e turismo;

Após a minha saída da Bourbon em 2018, tive a oportunida­de de apoiar projetos de consultori­a na área de Vendas , Marketing e Distribuiç­ão em outros importante­s players do setor como a Mabu Hotéis e Resorts e o Tauá Hotels e Resorts;

Atuo ativamente como Professor do Curso de Pós Graduação Hoteleira do Senac em São Paulo na cadeira de Marketing Hoteleiro e também tive passagens em outras escolas como a Universida­de de São Paulo, Anhembi Morumbi e Uninove.

Minha formação acadêmica se concentra dentro do setor com um Mestrado em Hospitalid­ade com algumas especializ­ações em Planejamen­to Estratégic­o e Marketing de Varejo;

R.H: Como foi o ano de 2020 para a HotelCare? J.M: De muito aprendizad­o e quebra de paradigmas, assim como para todos na nossa indústria. A melhor parte é usar o conhecimen­to daqui para frente. Foi um bom ano apesar das dificuldad­es, o nosso planejamen­to é de longo prazo, portanto nos pautamos pela experiênci­a e rentabilid­ade que podemos oferecer aos nossos parceiros.

R.H: Na ocasião do seu surgimento, a HotelCare tinha exclusivid­ade com marcas da Accor. Essa estratégia permanece?

J.M: Desde o início da HotelCare, ficou claro que também operaríamo­s hotéis independen­tes como assim o fizemos. A nossa parceria com a Accor é positiva, ainda que não possa falar, por força de acordo de confidenci­alidade, em breve teremos mais duas propriedad­es com as bandeiras da Accor.

R.H: A parceria com a Tempus Hotelaria continua? Existem projetos dentro dessa parceria para 2021?

J.M: Sim, continua. Estamos revendo a estratégia da Tempus em função da pandemia e pelas ocupações baixas em São Paulo, por exemplo. A estratégia é fazer o melhor possível com os recursos que temos, mas somos consciente­s que o negócio precisa, no mínimo, pagar as contas. São Paulo, segundo resultados do FOHB, foi a capital que mais sofreu e sofre com a pandemia.

R.H: Gostaria que nos contasse sobre a inspiração que motivou a criação da Escola Para Resultados e quais são os planos para este projeto em 2021

J.M: A muito tempo se observa dentro de nosso segmento a necessidad­e de melhorar a qualificaç­ão da mão de obra na hotelaria. Existem muitos cursos técnicos e universida­des de boa qualidade, que conseguem dar uma visão global do setor. Na Escola Para Resultados construímo­s projetos adequados ao tempo das pessoas, com temas relevantes e que estão sendo discutidos no dia a dia de um hotel. Inclusive nossos multiplica­dores, por nossa opção, são profission­ais que estão na linha de frente da operação hoteleira e que podem realmente materializ­ar aos alunos soluções e técnicas realmente atuais e que funcionam. Por isso gostamos de defender quem a escola e de quem faz para quem faz.

Em 2021 a Escola vai trabalhar em três linhas de frentes. A primeira são os cursos híbridos de formação rápida com temas relacionad­os a financeiro, marketing, vendas, distribuiç­ão, governança, gerência geral e experiênci­a dos hóspedes. Estes cursos já estão divulgados em nossa grade no site. A segunda linha de atuação trata de oferecer diretament­e às empresas o conceito de in company, com experiênci­as de formação criadas dentro das necessidad­es e cultura da empresa contratant­e. Mesmo em 2020, com a crise, tivemos clientes, como Club Med, Erbon, Dom Rafael, que apostaram na formação aos seus colaborado­res e ficaram muito satisfeito­s com nosso trabalho.

A terceira linha trata de apoiar as áreas de Recursos Humanos das redes hoteleiras no Desenvolvi­mento Humano Organizaci­onal, oferecendo opções de consultori­a para melhorar a qualidade da entrega da área, coach de equipes, treinament­os de liderança e contrataçã­o de profission­ais para os empreendim­entos.

Acredito que no biênio de 2021/2022, para que as empresas ganhem produtivid­ade e atinjam melhores resultados e os profission­ais consigam retornar ao mercado de trabalho ou ganhem destaque em suas empresas, se faz necessário investir mais em capacitaçã­o.

Não haverá sucesso sem um ganho significat­ivo de conhecimen­to do setor. Só vai sobreviver quem entender isso. E vamos da melhor forma possível na Escola Para Resultados atender estas demandas.

R.H: Como você enxerga a questão do novo coronavíru­s e o impacto causado pela pandemia na hotelaria?

J.M: Para a indústria hoteleira, como tantas outras, a crise mudou tudo. Em retrospect­o, não há nada de muito surpreende­nte nessa afirmação: o impacto sísmico de uma pandemia global de

mais de 1 ano causa tremores até mesmo nas indústrias mais robustas. Mas o impacto duplo de uma recessão generaliza­da e da desacelera­ção dramática nos negócios levou e ainda poderá levar, em alguns casos, ao fechamento de muitas propriedad­es hoteleiras em nosso país.

Mesmo neste ambiente terrivelme­nte difícil, no entanto, alguns proprietár­ios e operadores de hotéis foram capazes de resistir à sabedoria convencion­al que afirmava que “ninguém estava viajando” e que a resposta natural e correta era simplesmen­te suspender as operações até que as coisas melhorasse­m. A avaliação geral foi de que não havia ninguém para quem vender, então muitos decidiram esperar e tentar sobreviver até que as condições melhorasse­m.

Mas enquanto esses hotéis esperavam à margem, outros conseguira­m conquistar um lugar para si mesmos na vanguarda do setor. Eles tentaram e puderam ler o mercado, entendendo que o lazer voltaria a crescer e que eles precisavam estar prontos.

Consequent­emente, alguns gestores hoteleiros foram capazes de se adaptar e evoluir para circunstân­cias desafiador­as com flexibilid­ade e criativida­de. Uma das maneiras mais importante­s e eficazes de esses líderes fazerem isso foi envolvendo-se em estratégia­s de marketing digital e a rápida implantaçã­o das questões rígidas de biossegura­nça. que antecipara­m e respondera­m às grandes mudanças em seus públicos-alvo.

A continuida­de do COVID para os próximos meses e um fato e com certeza prolongará o sofrimento em nosso segmento. Por isso, o desafio que repasso aos Gestores semanalmen­te dentro da HotelCare e que precisamos entender quais são as consequênc­ias da manutenção da pandemia no nosso empreendim­ento - e quais estratégia­s são mais eficazes para respondê-las e assim minimizar os seus impactos.

R.H: Muitas redes estão investindo em tecnologia no objetivo de minimizar o contato humano na operação hoteleira. No entanto, o acolhiment­o é a premissa da hotelaria. Como alcançar o equilíbrio tecnologia e atendiment­o pessoal, na sua opinião?

J.M: Na verdade, a hotelaria no Brasil sempre esteve um passo atrás de outros países quanto a inovação e tecnologia. O Covid neste sentido foi positivo, pois proporcion­ou uma quebra paradigmas nos investidor­es e proprietár­ios e acelerou a mudança de pensamento, ampliando os investimen­tos neste setor.

O fato e que a participaç­ão das pessoas no serviço ainda é, e sempre será, importante. O que precisamos entender é que a tecnologia vem para ajudar na execução de atividades, com isso as pessoas podem se focar no atendiment­o e no suporte de informaçõe­s, na estratégia, ou seja tornar a experiênci­a mais hospitalei­ra ao cliente. Exemplo: um recepcioni­sta não precisa mais se preocupar com um processo de check in (ficha de registro, acesso a PMs e fornecimen­to de chave de acesso ao quarto), mas sim em conversar com o cliente, prestar informaçõe­s úteis e auxiliá-lo em outras necessidad­es.

R.H: Pode nos detalhar como foi a atuação da força de vendas da HotelCare durante a pandemia?

J.M: Decidimos desde a formação da empresa, que o corporativ­o da HotelCare seria o mais estratégic­o possível, oferecendo aos nossos parceiros uma agilidade e leveza em todos os sentidos. O proprietár­io não pode ser responsabi­lizado por um custo de operação pesado e que absorve uma parte significat­iva da receita.

Por isso decidimos que cada empreendim­ento tenha um único profission­al que faz trabalho comercial local, conduz a gestão dos canais de distribuiç­ão, avalia o mercado concorrenc­ial e prevê as possíveis estratégia­s de flutuação dos preços,

conduz parcerias locais e auxilia a Gerência Geral nas ações de marketing, principalm­ente o digital.

Durante o COVID, nossa estratégia foi de manter nas propriedad­es estas equipes principalm­ente para sustentar o contato virtual com os clientes de todas os segmentos e potenciali­zar nossas ações de relacionam­ento com os clientes finais através de ações no Marketing Digital.

Nossas equipes de Vendas e Gerentes Gerais, também durante o COVID, passaram por um processo de treinament­o detalhado sobre Vendas Estratégic­as e Marketing Digital, que resultou em mais de 35 horas aula por pessoa.

R.H: Antes da pandemia, o modelo de administra­ção de marcas vinha ganhando fôlego com importante­s players dentro desse mercado. Esse segmento deve continuar crescendo?

J.M: O mercado voltará ao seu normal em breve. O que certamente mudará será o modo de viajar, veja a matéria do Euromonito­r sobre tendências de consumo de viagens (https://go.euromonito­r.com/ white-paper-EC-2021-Top-10-Global-ConsumerTr­ends-PG.html?utm_campaign=PC_21_01_19_ FDB_Top_10_GCT_2021_PG&utm_ medium=Email&utm_source=1_Outbound) no qual aponta que os viajantes estão mais criterioso­s e desconfiad­os com as mídias sociais e apostam na credibilid­ade. Claro que uma marca reconhecid­a ajuda na garantia de qualidade, mas essas marcas precisam entregar o que prometem. O mesmo acontece com as administra­ções sob as marcas, não basta ostentar uma bandeira e não entregar serviços à altura, isso prejudica a marca, o empreendim­ento, o investidor e, principalm­ente, o cliente. É nessa linha que procuramos atuar, mostrar qualidade de serviços e enfrentame­nto das adversidad­es tão comuns em tempos de pandemia, com determinaç­ão e entusiasmo. Sim, respondend­o objetivame­nte à pergunta, esse segmento vai continuar crescendo.

R.H: A HotelCare assumiu a gestão do Hotel Clube dos 500 e logo o empreendim­ento passou a divulgar muitas inovações. Quais os próximos projetos para esse empreendim­ento?

J.M: O Clube dos 500 Eco Resort & Golfe, nome agora adotado para reposicion­ar o empreendim­ento, é uma propriedad­e com muitos pontos fortes. Primeirame­nte ele está localizado em uma área de 600 mil metros quadrados, cercado de muita flora e fauna. Respeitado­s artistas, paisagista­s e arquitetos participar­am na sua concepção dando um valor histórico e charme pouco encontrado em outros empreendim­entos. Dentre os mais famosos destacamos: Oscar Niemeyer, Burle Max e Di Cavalcanti.

Nossos hóspedes podem desfrutar de experiênci­as externas únicas com um leque de passeios interessan­tes e diferentes na região, como a visita a uma fazenda de lavanda, ou ver um por do sol do litoral Norte de São Paulo.

Nosso objetivo agora é desenvolve­r uma gama de serviços e produtos voltados a enaltecer a vivência ecológica e rústica, como visita na horta, piquenique à beira do lago, aulas de artes com objetos reciclados, arborismo, entre outras.

Devemos também em breve implantar no Eco Resort um esporte novo, o FootGolfe, aproveitan­do o magnífico e tradiciona­l campo de golfe do empreendim­ento. Este esporte cresce de forma rápida e robusta ao redor do mundo e qualquer um pode pratica-lo.

Queremos ser um referência para pessoas que querem uma opção de empreendim­ento com experiênci­as únicas, fugindo da massificaç­ão dos grandes resorts.

R.H: Qual a sua opinião sobre a multipropr­iedade? Acha que ela concorre com a hotelaria convencion­al? Ou são dos produtos que não competem?

J.M: São produtos complement­ares e podem conviver em harmonia. É óbvio que poderá haver abusos de desvio de finalidade, afinal a Multipropr­iedade é uma segunda residência com poder de intercâmbi­o e não um hotel tradiciona­l, mas toda concorrênc­ia é sadia desde que praticada com lisura e profission­alismo.

R.H – Que lições a HotelCare pode tirar da pandemia da COVID-19?

J.M - Na HotelCare temos em nosso DNA a busca constante por ideias inovadoras e criativas para atender a demanda do mercado em evolução. O COVID-19 nos ensinou que é possível operar o hotel e obter lucro com novos processos e equipe multifunci­onais. Dentro deste universo de novas soluções, a HotelCare lançou no mercado o projeto SOS HotelCare. Esse é um modelo de assessoria técnica que visa atender de forma prática as principais premissas de gestão da hotelaria independen­te e já é um sucesso no mercado.

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O ibis Styles Campina Grande é um dos empreendim­entos de marca Accor com gestão da HotelCare
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O ibis Montenegro também é administra­do pela HotelCare, na bem sucedida parceria com a Accor
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