Hotelnews Magazine

Wi-fi grátis de qualidade já é item essencial

OFERECER BOA CONEXÃO DE INTERNET É TÃO IMPORTANTE QUANTO ÁGUA QUENTE NO CHUVEIRO

- POR NATHALIA MOLINA

Café da manhã na diária é algo que se espera no Brasil. Porém, ter um bom wi-fi grátis é tão importante quanto, asseguram especialis­tas no assunto. “Oferecer internet para o hóspede deixou de ser uma despesa. É como água quente no banheiro”, afirma Jorge Della Via, gerente de Tecnologia a Clientes e Inovação da AccorHotel­s na América do Sul. “Ela só perde para a cama. O hóspede chega à recepção e já pergunta a senha da o wi-fi. Não quer nem saber onde fica o quarto”, conta Della Via.

A comparação da internet de qualidade com um bom banho também é usada por Julio Diz, diretor da WebSpot. “Há uma expectativ­a do hóspede de que vai ter wi-fi grátis. Virou um item básico”, afirma o diretor da empresa, que gerencia rede de internet tanto em pequenos hotéis quanto em unidades da Bourbon Hotéis & Resorts e da Brazil Hospitalit­y Group (BHG).

“Com certeza é um diferencia­l, visto que acaba sendo fator decisivo em muitas escolhas por hotéis ou resorts”, diz Mariana Mello, gerente geral de Vendas e Marketing do Grupo Pratagy, com resort e pousada em Maceió (AL) voltados para o público de lazer. E faz uma ressalva: “O wi-fi deve funcionar e não apenas ser um argumento de venda”.

Para Rafael de Albuquerqu­e, CEO da Zoox - que presta serviços de internet para redes como Atlantica, Accor e Blue Tree -, o item não está relacionad­o ao perfil do público. “Cada vez mais o hóspede não deseja pagar pela internet e exige qualidade, especialme­nte com a chegada dos Millennial­s. É uma geração que quer

a internet voando, para jogar, assistir à Netflix”, afirma Albuquerqu­e, que recomenda um mínimo de 50 Mega de internet em um empreendim­ento de 100 apartament­os. Atualmente, é comum também a pessoa ter mais de um dispositiv­o para conectar à rede do hotel.

De olho nas reclamaçõe­s

Como é um aspecto fundamenta­l para o cliente, o wi-fi gratuito pode gerar reclamaçõe­s. “Só a Zoox atende a 3.200 ligações mensais de hóspedes”, conta Albuquerqu­e, mencionand­o problemas que vão da queda de link até o nome do hóspede digitado com erro pela recepção.

De acordo com os especialis­tas consultado­s, as reclamaçõe­s se devem, principalm­ente, a alguns fatores: o brasileiro está constantem­ente conectado; nem sempre o hotel investe em equipament­os e sistema para oferecer uma boa conexão gratuita; e a tecnologia muda o tempo inteiro, exigindo acompanham­ento e atualizaçã­o contínuos.

“A expectativ­a do hóspede é encontrar no hotel o mesmo que tem em casa”, afirma Jorge Della Via. “Mas a melhoria da internet é constante e não vai parar. A exigência do cliente vai sempre aumentar”, acredita o executivo, com base na rápida evolução tecnológic­a, que resulta em aparelhos cada vez mais potentes.

A fundadora e presidente da rede Blue Tree, Chieko Aoki, concorda: “Como em qualquer outro segmento, a melhoria de um determinad­o serviço eleva seu patamar de tal modo, que o ‘impensável’ acaba aparecendo, exigindo constante acompanham­ento e novos ajustes, sem contar os reflexos da evolução tecnológic­a sem precedente­s que estamos vivenciand­o. O que atendia bem até ontem, hoje já pode não ser verdade”.

Internet paga à parte

O monitorame­nto ajuda o hoteleiro a decidir quando é necessária uma atualizaçã­o e também se vale oferecer internet paga à parte. A Blue Tree, por exemplo, tem conexão grátis em todas as unidades, mas o hóspede pode pagar para ter uma opção mais potente. Na Accor, a conexão é gratuita em todas as bandeiras. Nos hotéis Sofitel, além disso, existe a chance de contratar um wi-fi melhor.

O diretor da WebSpot acredita que oferecer a internet paga à parte pode ser uma alternativ­a, se o hotel não tem condição de contratar uma conexão muito potente e se o hóspede tem uma necessidad­e específica, como enviar um arquivo pesado. “Nós tentamos incentivar muito isso. É uma solução boa na média”, conta. Mas, segundo ele, o hoteleiro geralmente resiste, alegando que os concorrent­es não têm a prática de cobrar.

Estudo de caso

Para saber como está a conexão de internet e quais seriam as melhorias possíveis, o primeiro passo para o hoteleiro é contratar uma empresa para fazer um estudo de caso, levando em conta a infraestru­tura existente e a necessidad­e do empreendim­ento.

O Pestana, cuja diária inclui wi-fi grátis, fez essa análise para seus hotéis no Brasil. Brand manager do grupo, Pedro Botelho explica o que um hotel deve considerar na hora de projetar a rede: “Tem a ver, sobretudo, com os lugares onde iremos instalar os pontos de internet para que todos os apartament­os tenham acesso, sem lentidão”.

Para cada hotel, a Accor cria um plano de ação, segundo Della Via. “Pelo número de quartos, conseguimo­s saber qual é quantidade de antenas”, diz. Também é considerad­o o aspecto físico - paredes mais antigas são mais grossas para o sinal atravessar, por exemplo. “Temos alguns empreendim­entos com 15, 20 anos. Você tem que pensar numa configuraç­ão diferente.” Em novos hotéis da Accor, a estrutura para internet faz parte do projeto inicial.

Fazer um estudo também é a dica da Blue Tree. Em 2014, a rede desenvolve­u e implantou o seu, consideran­do infraestru­tura (com novos cabeamento­s e antenas), sistema (com autenticaç­ão em uma plataforma de controle) e link (com ao menos um dedicado por empreendim­ento e também links contingenc­iadores para o caso de incidentes).

Segundo Rodrigo Miluzzi, gerente geral do Quality Resort & Convention Center Itupeva, a precaução para o caso de instabilid­ades deve ser prioridade. “É preciso avaliar a qualidade e a estabilida­de do link, mas, sem dúvida, o que mais importa é se o fornecedor oferece link de contingênc­ia, pois o sinal pode sofrer variação e até ter queda”, afirma. “Outro ponto principal é o tipo e a quantidade de antenas. No Quality Resort Itupeva há mais de 50, em diferentes áreas, como salas de convenções, apartament­os, área de lazer, restaurant­e e lobby”.

Tipo de link e banda

Uma importante questão a ser considerad­a é a necessidad­e de ter um link dedicado, com mais qualidade na conexão. “É um dos nossos pilares. Todos os hotéis da Accor têm link dedicado”, afirma Della Via. Segundo ele, nos últimos anos, o esforço da empresa foi para conscienti­zar o investidor sobre a importânci­a de aumentar a capacidade da internet.

A diferença de preço entre o link dedicado e o compartilh­ado pode ser grande. “É, no mínimo, dez vezes mais caro”, afirma Julio Diz. Ele cita, em média, R$ 5.000 para 100 Mega com link dedicado, contra cerca de R$ 400 para 280 Mega em compartilh­ado. “Eu prefiro link dedicado. Trabalhand­o remotament­e ele é necessário. Tem 90% de estabilida­de, não vai cair nem ficar offline”, completa o executivo.

Mas, consideran­do a crise econômica no Brasil, uma alternativ­a pode ser um link compartilh­ado com uma largura de banda maior, sugere Julio Diz. “Para uma opção mais econômica, quando o acesso é lazer, o link compartilh­ado supre a necessidad­e, dependendo da largura de banda e da estabilida­de”, explica. “Nossa solução é para tentar identifica­r todos esses pontos sobre a conexão para economizar mantendo a qualidade”.

Para garantir que o hotel não fique sem internet em caso de queda de link compartilh­ado, o executivo explica que é possível dividir a largura total de banda em links de diversas operadoras. “Quando o link de um provedor cair, os outros podem suprir a demanda”, afirma. “Nós entramos em contato com o provedor para resolver o problema, mas mantemos a internet funcionand­o com outros links”.

Para eventos e negócios

Com necessidad­es específica­s, as áreas de eventos e de negócios geralmente exigem uma internet melhor. A opção, nesse caso, é oferecer a conexão paga. “Se o hóspede desejar ter um serviço mais rápido ou se irá fazer muitos downloads, deverá ser cobrado um adicional”, explica Botelho, do Pestana, grupo em que o público corporativ­o representa em torno de 60% dos hóspedes.

Também há essa cobrança extra no Quality Resort & Convention Center Itupeva em caso de eventos, que respondem por 70% do público. “É comum o organizado­r solicitar um link dedicado. Algumas atividades exigem mais velocidade ou mesmo rede exclusiva”, diz Miluzzi, gerente geral do hotel.

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É comum os hóspedes terem mais de um dispositvo
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Hotéis podem cobrar por internet mais potente

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