“O trem vai dar a oportunidade de as pessoas morarem fora de São Paulo e trabalharem aqui”
Por que é preciso fazer concessões?
Os serviços podem e devem ser públicos. Não precisam ser estatais. A lógica de uma concessão ou de uma PPP é de que é mais barato e eficiente fazer uma parceria do que fazer um concurso público, estatizar o serviço.
No caso das marginais, as pessoas tiveram a impressão de que teriam de pagar um pedágio urbano. É possível detalhar?
Ainda não há a modelagem. Está em estudos.
Sim, mas foi incluída no plano, o que pressupõe uma decisão de conceder.
Porque é melhor? Tem vários contratos de manutenção suportados pela prefeitura. Não são suficientes para entregar uma via do jeito que queremos. Numa concessão ou numa PPP, eu vou pagar um valor por mês para a concessionária e entregar um serviço muito melhor. Vou colocar a marginal como a extensão de uma estrada que chega a São Paulo e o pedágio pago lá sustentará. Para isso o estado vai abrir mão de outorga, em vez de receber um dinheiro, determino que ela invista na manutenção. Com isso, consigo cobrar mais do concessionário e ter um indicador objetivo de qualidade. Se não atingir, não pago.
Na competição entre planos estaduais de concessões, há risco de algum não conseguir atrair investidores?
Tem espaço para todos. Os estados que modelarem bem vão encontrar apetite com o novo Brasil pós -reforma da Previdência.
Só a Previdência é suficiente para atrair o investidor de infraestrutura?
Com a reforma, o Brasil sai da UTI e vai para o quarto do hospital. Ainda não é alta. Vai inaugurar uma série de outras mudanças que beneficiarão os estados. Nossos contratos estão levando isso em consideração. Pretendemos publicar concorrências no meio do ano que vão dar tempo de o investidor avaliar o projeto e contextualizar com o que está acontecendo em Brasília. Esperamos que a reforma saia no meio do segundo semestre.
O plano resgata os trens de passageiros. Por que o estado não conseguiu fazer antes?
O intercidades é prioridade do governador. Restabelece o transporte ferroviário de passageiros intercidades no País. As concessões feitas há 20 anos estabeleceram como prioridade a carga e não o passageiro. O trem vai dar a oportunidade de as pessoas morarem fora de São Paulo e trabalharem aqui. É uma oportunidade de retomar esse modelo. Estamos começando por São Paulo e Campinas, depois será São Paulo – Santos. Estamos estudando alternativas para Sorocaba e São José dos Campos.
As obras do metrô caminham de forma lenta. Como é possível garantir os prazos?
São obras complexas. Tem um problema da regulação dos contratos no Brasil, que limita aditivos e não deixa evitar de contratar uma obra com um grande desconto e que depois lá na frente terá problema. Herdamos muitas obras paradas e o objetivo é retomar todas. As cinco maiores do Estado estão paradas (linha 6, linha 17, 18, rodoanel norte e Tamoios). Tem de ter uma gestão muito próxima, mas volto a dizer. A lei de licitações é ruim para que tenha o cumprimento de prazo.