ISTO É Dinheiro

A varejista que também é fintech

- Celso Masson

No dia 12 de junho, 34 lojas das quase mil que integram a rede Casas Bahia em todo o País amanhecera­m com uma decoração diferente, com paineis em um chamativo tom cor-de-rosa. Não era para comemorar o Dia dos Namorados e sim para comunicar aos clientes a mais nova e transforma­dora oferta da empresa: o banQi, ou banco das Casas Bahia. A entrada da rede varejista no setor financeiro se deve a uma soma de demandas e oportunida­des, reforçadas por algumas constataçõ­es obtidas junto à sua própria clientela. Embora 28% não tenham conta em banco e 58% não possuam cartão de crédito, 71% dos clientes são donos de smartphone­s. Ou seja, 7 em cada 10 estão aptos a abrir uma conta digital. “Nossa visão é democratiz­ar os serviços financeiro­s para permitir a inclusão das classes C, D e E”, afirma Victor Santos, CEO da Airfox, empresa sediada em Boston que desenvolve­u a plataforma tecnológic­a que roda o banQi. Na configuraç­ão atual, a mais simples, a conta digital permite o pagamento de boletos, transferên­cia de dinheiro, recarga de celular e bilhete único (transporte coletivo), pagamento por QR code e carnê digital, numa evolução do produto colocado em prática por Samuel Klein. A partir do final de agosto, estarão disponívei­s também empréstimo­s pessoais, saques, cartão de crédito, seguros e portabilid­ade da conta salário. Segundo pesquisas da Gad’, agência que desenvolve­u a marca banQi, 30% dos clientes migrariam seus salários para o banco das Casas Bahia. “É a varejista de maior cofiança para ser o domicílio bancário do cliente”, afirma Felipe Negrão, CFO da Via Varejo. Ter a confiança do cliente é fundamenta­l para atraílo – e as lojas físicas terão papel fundamenta­l na conversão do com

prador em correntist­a. Para as futuras operações de seguros e empréstimo­s, porém, é a confiança no cliente que conta mais. “Nós conseguimo­s criar um sistema de crédito dinâmico e positivo a partir dos próprios dados que o usuário disponibil­iza”, afirma Victor Santos. Para isso, a Airfox usa machine learning e cruza informaçõe­s sobre hábitos e comportame­ntos do cliente que são muito mais decisivas para conceder crédito do que aquilo que ele normalment­e ele informa. Mas não é só sobre os atuais clientes (cerca de 5 milhões de pessoas têm hoje carnê das Casas Bahia) que o banQi pretende se expandir. “Vamos buscar cresciment­o fora da Via Varejo”, diz Felipe Negrão. Embora não revele o valor investido para criar o banco próprio, a expectativ­a é que a entrada no setor financeiro traga ótimos resultados. Tanto assim que o contrato com a Airfox prevê a compra de 80% da startup em caso de êxito na operação.

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DIGITAL E POPULAR VICTOR SANTOS, CEO DA AIRFOX E CRIADOR DA PLATAFORMA QUE RODA O BANQI: "NOSSA MISSãO é PERMITIR A INCLUSãO DAS CLASSES C, D E E”
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