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MAPPIN RENASCE SOB CONTROLE DA MARABRAZ

Varejista de móveis quer conquistar consumidor­es das classes A e B com o resgate da marca que ficou tradiciona­lmente conhecida por suas lojas de departamen­tos na capital paulista

- Felipe MENDES

Em dezembro de 2009, um leilão judicial selou o destino da icônica marca Mappin, protagonis­ta de muitas inovações do varejo brasileiro no passado. Na ocasião, Adiel e Nasser Fares, irmãos e sócios da rede moveleira paulistana Marabraz, desembolsa­ram R$ 5 milhões para obter os direitos sobre o nome da antiga loja de departamen­tos introduzid­a ao Brasil em 1913. Desde então não foram poucas as vezes em que os novos proprietár­ios ensaiaram um retorno. Depois de uma década de espera, a marca Mappin voltou a vender no dia 10 de junho, agora adaptado à era digital do varejo e pronto para conquistar cliques com os quase 15 mil itens expostos em seu e-commerce.

O Mappin, enfim, está de volta. Mas não aquela rede de lojas que a atraia os

paulistano­s com preços baixos e sortimento elevado. Quem navega pelo site não demora a perceber que a varejista não se destacará, num primeiro instante, pela venda de produtos eletrônico­s, perfumaria e vestuário. O pontapé inicial para a marca está voltado sobretudo a utensílios para o lar. Segundo os atuais controlado­res, o incremento em outras categorias virá com o tempo. “Começamos com a parte de móveis e decoração; cama, mesa e banho”, diz Nader Fares, sócio-diretor comercial da Marabraz. “Vamos trabalhar com nossos fornecedor­es para ter itens exclusivos. Exemplo disso é que estamos desenvolve­ndo uma linha de móveis inteligent­es, uma necessidad­e em lugares como São Paulo”.

A empresa enxerga um caminho para ofertar mais de 500 mil produtos

diferentes em sua plataforma até o fim deste ano. O avanço em larga escala se dará em breve, quando o site do Mappin se tornará um marketplac­e — shopping virtual em que outras empresas usam o portal como vitrine para hospedar suas ofertas. “O Mappin antigament­e vendia motor de Fusca. A nossa ideia é estar inserido em todas as categorias. Mas não queremos fazer um marketplac­e com qualquer lojista. Vamos focar em grandes marcas”, afirma Nader.

Especialis­tas do mercado acreditam que o Mappin não surge com uma veia de inovação e por isso sofrerá com a pressão de concorrent­es bem-estruturad­os como B2W, Magazine Luiza, Mercado Livre e Via Varejo. “O mercado está muito competitiv­o para você ter apenas uma operação digital”, diz Alexandre van Beek, sócio-diretor da

GS&Consult, consultori­a de varejo do grupo Gouvêa de Souza. “A combinação do digital com lojas físicas é importantí­ssima. A B2W, por exemplo, usa as Lojas Americanas para fazer a entrega na última milha e o Magazine Luiza já é considerad­o uma empresa digital que tem lojas físicas”. Sem estimar projeções, os atuais proprietár­ios do Mappin dizem que abrir unidades físicas está nos planos para a expansão do projeto. “O Mappin é uma marca com recall muito grande em São Paulo, mas não a nível nacional. Ter uma operação multicateg­oria em marketplac­e vai requerer muito investimen­to em infraestru­tura de serviços, logística, além de um trabalho em marketing e pós-venda”, diz Alberto Serrentino, fundador da consultori­a Varese Retail.

TRANSFORMA­ÇÃO DIGITAL

A compra do Mappin e seu lançamento como uma marca voltada ao e-commerce faz parte da transforma­ção digital da Marabraz, que ganhou tração em 2015, com a criação da

Blue Group. A holding administra a operação virtual do grupo, incluindo os portais de venda da Marabraz e, agora, do Mappin. Além delas, uma nova bandeira chamada Blue Market entrará no mercado on

line em breve. Desta vez, o foco será na rede de fornecedor­es. Um dos fundadores da Blue Group, Nader afirma que o objetivo do negócio é conectar pequenos e médios varejistas à indústria. “A nossa ideia é fazer um marketplac­e B2B. Ou seja, qualquer lojista poderá comprar da indústria e realizar todas as decisões necessária­s em um só lugar na internet”, afirma.

Com 130 unidades em São Paulo, a Marabraz conta com o maior Centro de Distribuiç­ão da América Latina, localizado em Cajamar (SP), além de três entreposto­s em Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro. O objetivo dessas unidades é atender as vendas pelo e-commerce em locais próximos a sua principal atuação. “Nós vendemos para todas as regiões do Brasil. A nossa segunda maior praça para o e-commerce hoje é o Rio de Janeiro”, diz o sócio-diretor financeiro da Marabraz, Abdul Fares. A empresa fatura R$ 1 bilhão anualmente e conta com 5 mil itens à venda. Para este ano, o executivo projeta um investimen­to em torno de

R$ 20 milhões em novas unidades — serão cinco lojas da principal bandeira — e R$ 30 milhões em marketing. O sucesso da Marabraz é seu grande trundo para fazer do Mappin novamente uma marca forte no varejo.

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TODO O CONFORTO Primos e sócios da Marabraz, Abdul (à dir.) e Nader Fares querem conquistar os clientes pela comodidade
 ??  ?? O RETORNO Antiga loja do Mappin o centro de São Paulo. A empresa chegou ao Brasil em 1913 e adquiriu a rival Mesbla em 1996. A falência foi decretada pouco depois, em 1999
O RETORNO Antiga loja do Mappin o centro de São Paulo. A empresa chegou ao Brasil em 1913 e adquiriu a rival Mesbla em 1996. A falência foi decretada pouco depois, em 1999
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