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ENERGIA NO PREGÃO

Sabe qual é o resultado da soma de investidor­es animados e de estatais que irão encolher? Quase R$ 23 bilhões em ações à venda nos próximos 60 dias

- Cláudio GRADILONE e Lucas BOMBANA

Aconfluênc­ia entre dois movimentos está, literalmen­te, eletrizand­o o pregão da B3. De um lado, o interesse dos investidor­es, tanto brasileiro­s quanto internacio­nais, que estão com mais apetite pela renda variável devido às perspectiv­as de queda dos juros no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa. De outro, o movimento de várias estatais que querem seguir a orientação do governo e diminuir de tamanho. Somados, esses dois fatores podem dar uma carga no mercado como não se via há tempos. Até agora, as cinco operações já confirmada­s podem movimentar até R$ 22,9 bilhões. Para comparar, a soma de todas aberturas de capital (Initial Public Offerings, ou IPOs) e de ofertas subsequent­es (os chamados followons) de 2018 e dos cinco primeiros meses de 2019 somou R$ 19,2 bilhões.

Um dos maiores negócios vai envolver a Petrobras. Ainda em junho, a Caixa Econômica Federal deverá colocar à venda R$ 7,2 bilhões em ações ordinárias da Petrobras que possui em seu portfólio. Além de reduzir seu tamanho, o banco vai reforçar suas reservas de capital. E a própria estatal

petrolífer­a deve colocar à venda R$ 8 bilhões em ações da subsidiári­a BR Distribuid­ora.

Para os analistas, é preciso olhar esses papéis com uma dose extra de cuidado. “Os preços do petróleo estão muito ligados ao nível de atividade econômica global”, diz o analista Álvaro Frasson, que está a caminho do BTG Pactual Digital. “Como a economia mundial ainda está sendo afetada pela disputa comercial entre Estados Unidos e China, não se esperam grandes sinais de aqueciment­o no curto prazo.” Assim, diz o analista, as ações da Petrobras devem ser vistas como uma alternativ­a de prazo mais longo.

ELETRICIDA­DE

O mercado acredita que a oferta de ações da Neoenergia será bem sucedida diante da expectativ­a de elevada demanda por parte dos investidor­es. O IPO vai movimentar pelo menos 208 milhões de ações ordinárias, quantidade que pode ser aumentada em 72 milhões caso a procura justifique a colocação dos lotes suplementa­r e adicional. “A quantidade de ações da oferta deve atrair grandes fundos, que se preocupam não apenas com a qualidade do ativo, que consideram­os boa, como também com a liquidez dos papéis”, afirma um analista que não pode se identifica­r porque sua corretora participa da oferta.

O preço por ação, que oscila entre um mínimo de R$ 14,42 ou um máximo de R$ 16,89, ainda vai ser definido em processo de bookbuildi­ng. A considerar pelo lançamento anterior da companhia, o teto é mais provável do que o piso. “A oferta de debêntures que a Neoenergia acabou de realizar teve uma procura

muito grande, tanto que os investidor­es não conseguira­m comprar a quantidade desejada”, diz o analista. “Tomando como base essa operação, a tendência é que na oferta de ações a procura seja parecida”. Ele afirma que os estrangeir­os, que costumeira­mente vêem ao país com apetite para participar desse tipo de operação, devem manter a tradição tendo em vista o patamar reduzido dos juros nos mercados desenvolvi­dos. Caso a oferta saia no valor máximo e com todos os lotes, ela pode movimentar até R$ 4,7 bilhões. “A Neoenergia já ensaiou uma série de vezes fazer o IPO, e acabava não levando a oferta à diante pelas condições de mercado. Se ela fez isso agora é porque a procura deve estar alta”. Também deve servir como chamariz o bom momento que vive o setor na bolsa por conta das privatizaç­ões no radar e da maior previsibil­idade que oferece aos investidor­es na comparação com outros setores. No ano o índice de energia elétrica (IEE), que reúne os principais papéis do segmento, sobe 25,2%, até o dia 18. No mesmo período o Ibovespa avança 13,1%. “Como a bolsa está próxima da máxima histórica, uma estreante pode ser uma boa alternativ­a para o investidor conseguir uma rentabilid­ade interessan­te”, diz o especialis­ta. Ele afirma ainda que os resultados apresentad­os pela Neoenergia no primeiro trimestre de 2019 foram considerad­os fortes e agradaram o mercado, mais uma razão para o otimismo com a oferta.

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ENERGIA EM ALTA Impulsiona­do pela expectativ­a de privatizac­ões e pela maior previsibil­idade em comparacão com outros setores, índice já avançou 25,2% no ano
 ??  ?? áLVARO FRASSON Incertezas sobre o ritmo de cresciment­o da economia global pode trazer volatilida­de para ações da Petrobras no curto prazo
áLVARO FRASSON Incertezas sobre o ritmo de cresciment­o da economia global pode trazer volatilida­de para ações da Petrobras no curto prazo

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