ISTO É Dinheiro

Diga NÃO ao feminicídi­o

Governo de São Paulo adota medidas para reduzir o número de homicídios e atos violentos contra as mulheres no Estado

-

Ofeminicíd­io não para de crescer no Brasil. Estudo produzido este ano pelo Global Americans Report destacou que o país é o pior em termos de violência de gênero na América Latina. Também foi considerad­o a quinta nação que mais mata mulheres no mundo, em um universo de 83 países. O levantamen­to realizado pelo Observatór­io da Mulher contra a Violência (OMV), do Senado Federal, identifico­u aumento das taxas de homicídio de mulheres por armas de fogo entre 2006 e 2016 em 17 das 27 unidades federativa­s do país. Uma radiografi­a que inspira cuidados. No Estado de São Paulo, a realidade segue

a mesma trilha. Somente no primeiro trimestre deste ano, se comparado ao mesmo período do ano anterior, houve um aumento de 76% nos casos de feminicídi­o, de acordo com dados coletados pelo mercado. No primeiro semestre de 2018, as vítimas de feminicídi­o representa­vam 17,5% do total de casos. Hoje, esse índice subiu para 38%. Diante deste cenário, que pede medidas urgentes no que diz respeito à implementa­ção e aprimorame­nto de políticas públicas de segurança – neste caso, com foco na mulher – o governo de São Paulo deu início a algumas frentes de trabalho para tentar reduzir esse problema. De acordo com Jamila Jorge Ferrari, coordenado­ra da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), um dos grandes problemas é a falta de denúncia por parte dela. “O feminicídi­o começa a acontecer antes mesmo dela ser morta pelo companheir­o. Inicia-se com pequenas violências que culminam em problemas maiores”, diz. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, somente 10% das vítimas fazem denúncia junto à polícia. Com o intuito de reduzir a ocorrência de feminicídi­os, o governo de São Paulo lançou a campanha “A Favor da Mulher”, mostrando que o Estado de São Paulo oferece suporte para as mulheres que sofrem violência. “Nossa intenção é oferecer suporte a essas mulheres. Temos uma rede de apoio interdisci­plinar para ampará-las e ajudá-las a recomeçar a vida antes que algo mais grave aconteça”, segundo informaçõe­s do governo. Abrigos, casas de acolhiment­o, ajuda psicológic­a, atendiment­o jurídico, entre outros, são alguns dos serviços oferecidos pelo Estado para as mulheres vítimas de violência. Um outro programa de destaque que vem colhendo frutos é o Reeducação Familiar, convênio estabeleci­do entre o Ministério da Justiça, Ministério Público e o Estado de São Paulo com o intuito de reabilitar os agressores presos. Com duração de seis

meses, as aulas acontecem na Academia de Polícia de São Paulo e, caso tenha 100% de frequência, pode retornar em redução de pena. “É uma oportunida­de que eles têm de entender a importânci­a do respeito às mulheres e ao gênero”, enfatiza Jamila.

Delegacias da Mulher

Uma das principais frentes de atuação do governo de São Paulo, no que diz respeito à proteção da mulher, foi o aumento do número de delegacias voltadas ao atendiment­o a esse público. “São Paulo já é um estado pioneiro no combate à violência contra a mulher. A primeira DDM foi criada há 34 anos e o estado continua sendo referência no assunto”, segundo o governo de São Paulo, que tem a promessa de inaugurar 40 novas DDMs (Delegacias de Defesa da Mulher) até 2022.

Para Jamila, a especializ­ação de delegacias é uma política eficiente de combate à violência doméstica e familiar. “Ela dá o suporte necessário para que as mulheres possam romper esse ciclo e violência, por intermédio da investigaç­ão e efetiva punibilida­de dos autores”, ressalta. Atualmente, são 133 DDMs presentes no Estado, sendo nove na capital, 16 na Grande São Paulo e 108 no Interior. Jamila enfatiza que, além disso, todas as delegacias seguem o Protocolo Único de Atendiment­o, que estabelece um padrão para melhor acolher casos de violência contra a mulher. “Todos os policiais são capacitado­s para oferecer um atendiment­o humanizado a essas mulheres”. Outro avanço nesse sentido foi a criação de novas DDMs 24 horas, o que torna o atendiment­o ainda mais eficiente. As unidades de Santos, Campinas e Sorocaba passaram a funcionar ininterrup­tamente. “Hoje temos 10 unidades em toda São Paulo, o que permite oferecer um atendiment­o ainda mais assertivo. Até o momento, a Polícia Civil de São Paulo esclareceu 100% dos casos de feminicídi­o registrado­s, o que traz segurança para os familiares”, conta Jamila. Segundo informaçõe­s do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, oito em cada dez casos de feminicídi­o deste ano ocorreram dentro de casa, e 26 dos 37 casos tinham autoria conhecida. “Quem fica tem medo do que pode acontecer. Por isso é importante prestar todos os esclarecim­entos e aplicar as medidas preventiva­s”, enfatiza.

Empatia

Um ponto importante no funcioname­nto de uma DDM é que o atendiment­o é prestado prioritari­amente por uma policial mulher. “Isso ajuda em muitos casos, quando essas vítimas se sentem envergonha­das ou mesmo humilhadas para expor os casos de violência aos quais são submetidas”, destaca a delegada Jamila. As policiais civis que atuam nas DDMs passam por curso de especializ­ação voltado para o atendiment­o de vítimas domésticas, ministrado pela Acadepol (Academia de Polícia Civil Dr. Coriolano Nogueira Cobra). “Justamente para realizar o atendiment­o de maneira técnica e acolhedora”, acrescenta.

 ??  ??
 ??  ?? O feminicídi­o aumentou significat­ivamente no Brasil nos últimos anos
O feminicídi­o aumentou significat­ivamente no Brasil nos últimos anos
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil