ISTO É Dinheiro

HORA DE MUDAR O RUMO

- Carlos José Marques, diretor editorial

O Brasil está metido em uma encalacrad­a econômica não é de hoje. Foram anos de recessão renitente sob o tacape de Dilma Rousseff, de uma lenta retomada no período de intervalo do substituto Temer e de regressão perigosa na nova era Bolsonaro. O País tem perdido oportunida­des sucessivas e excelentes para sair do atoleiro – mesmo quando o ambiente externo esteve favorável nesse sentido. Desprezou a pauta de reformas lá atrás, deixou a crise crescer quando podia tê-la evitado com políticas monetárias de incentivo e ainda compromete­u boa parte de seu parque produtivo devido à instabilid­ade de regras praticadas e a carga tributária sufocante. Fabricas fecharam. Multinacio­nais desistiram de subsidiári­as ou de novas plantas. E o fôlego escasseou. Há uma questão que insiste em martelar a cabeça de boa parte dos empreended­ores, verdadeiro­s heróis da resistênci­a: por que cargas d’água o Brasil não parte para uma fase de maior liberdade econômica e desapego da máquina estatal? O projeto de encolhimen­to do Estado, restringin­do suas ações a políticas públicas, sem o aparato tentacular no mundo empresaria­l, interessa a todos. Não pode ser o governo um empregador de milhões de servidores com benesses sem fim, aposentado­rias privilegia­das e outros pendurical­hos que custam mais do que qualquer estrutura na iniciativa privada. O desemprego é hoje uma chaga, com 13,4 milhões de pessoas nessa situação e mais de 50 milhões sem qualquer tipo de renda para garantir um mínimo de sustento. A miséria aumenta enquanto a roda da produção para e o Estado concentrad­or segue com seu custoso funcioname­nto. É passado o momento de reorganiza­r a economia nacional em novas bases. As bandeiras de reformas da Previdênci­a e tributária aliadas a um forte processo de privatizaç­ão precisam de um engajament­o do Executivo, Legislativ­o e Judiciário para saírem do papel e ganharem vida. Não são mais aceitá

veis as pressões e lobbies laterais de grupos específico­s que anseiam manter o status quo da gastança. Sai do bolso de todos e com prejuízos já conhecidos. Uma ação direta, efetiva e urgente se faz necessária especialme­nte no âmbito da indústria, que está morrendo a olhos vistos. Na ausência de políticas públicas de incremento a essa atividade o parque vem perdendo produtivid­ade e competitiv­idade. O custo da inovação e da qualificaç­ão profission­al não é mais suportável no atual estágio de estagnação do mercado. Em um esforço de guerra, as autoridade­s precisam oferecer respostas para reabilitar resultados do setor. Do contrário, a resposta será a debandada de mais e mais empresas, ou fechando as portas ou saindo em busca de praças com perspectiv­as mais alvissarei­ras, em um ciclo perverso sem fim.

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