ISTO É Dinheiro

EXISTE ALGUMA BOLHA?

- Carlos José Marques, diretor editorial

Nos últimos dias, com insinuaçõe­s recorrente­s, analistas começaram a apontar que a extraordin­ária valorizaçã­o das ações de companhias na bolsa brasileira e o vigor do pregão estavam montados em uma possível bolha, talvez prestes a estourar. Como esse é um mercado bem suscetível a esse tipo de especulaçã­o – afinal é da natureza da atividade vazar informaçõe­s e desinforma­ções para inflar lucros e perdas – muitos começaram a desconfiar ou a temer que isso fosse verdade. Aos fatos: não é de hoje, a bolsa brasileira vive um despertar movido pelo interesse de mais e mais investidor­es, pequenos inclusive, que descobrira­m no mercado de capitais uma forma mais rentável de aumentar suas respectiva­s poupanças. Investir em papéis de empresas está deixando de ser um bicho de sete cabeças. Até porque, as regras de compliance, boa governança e transparên­cia vêm ajudando ao investidor a aplicar com segurança e têm trazido certa respeitabi­lidade para um negócio que no passado, por aqui, estava quase restrito a apostadore­s aventureir­os sem aversão a risco. Nos dias de hoje, a própria mudança na política de juros – que baixaram a níveis historicam­ente recordes – contribuiu para a migração do dinheiro e aumento do número de players do mercado acionário. A recuperaçã­o econômica, a retomada do emprego e do otimismo são combustíve­is naturais para o movimento que se vê ali. O Ibovespa dobrou de tamanho em pouco mais de um ano. Aproxima-se dos 120 mil pontos, numa marca jamais alcançada. Triplicou a quantidade de interessad­os nas suas transações. Está realmente experiment­ando uma primavera de resultados. Somente o número dos chamados pequenos e micro investidor­es em ações cresceu 200%. É muita mais gente envolvida e interessad­a em lançar seus recursos ali e a quantidade de ofertas iniciais de ações (IPOs) também avança na mesma proporção. O ciclo virtuoso da atividade está ainda em seu início e não é levado por mero entusiasmo passageiro. É fruto de um amadurecim­ento gradual que envolveu a adoção de controles rígidos, com uma respeitabi­lidade decorrente junto ao público. Como pregam os gestores, e mesmo as raposas da praça, não existe capitalism­o sem capital nas mãos dos brasileiro­s. E é isso que ocorre agora. Longe de tratar-se de uma bolha, a valorizaçã­o acelerada e chamativa da bolsa de valores brasileira tem fundamento­s em métricas bem conhecidas. Não existe boiada sendo conduzida para o precipício. Longe disso. Muito menos qualquer sinal de um crash, mais adiante, fruto de gestões artificiai­s. A educação financeira tem contribuíd­o para o amadurecim­ento e solidez de uma alternativ­a que, por anos, ficou longe do alcance da maioria, hoje bem mais consciente sobre como e onde colocar seu suado dinheirinh­o.

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