AOS INIMIGOS DO REI, A LEI
Apesar da política de beneficiar seus pares ser uma constante na política brasileira, a garantia de privilégios como política de estado remonta ao período em que os portugueses ainda estavam atracando em terras tupiniquins. Em 1513, o pensador italiano Nicolau Maquiavel já versava sobre o tema. Em sua obra O Príncipe, escreveu: “Aos amigos, favores. Aos inimigos, a lei”. Essa parece ser a máxima de um governo que protege aliados e suprime inimigos. A frase, segundo o pensador europeu, define a forma como um rei deve agir para se manter no poder, mas ignora a criação de antagonismos gigantescos e tensão crescente de uma sociedade dividida entre amigos e inimigos do mandatário.
No caso do Brasil, essa reforma meia boca (que reduz a um terço o potencial de uma reestruturação séria) só servirá para polarizar um País marcado pela divisão e por ideologismos. Ao atingir em cheio apenas os servidores da saúde, educação e seguridade social, a reforma renderá apenas R$ 300 bilhões em uma década e evidencia que a mudança não é pela economia, mas para mostrar quem são os inimigos. Ao isentar militares e servidores dos Três Poderes na mesma semana em que pode perdoar R$ 1 bilhão de dívidas dos templos religiosos, Bolsonaro vira o pequeno rei que se mantém no poder de olho em continuar no poder. Mais nada. Paula Cristina