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Uma das maiores líderes do varejo de moda do País, a Riachuelo aposta na linha casa e decoração

- Victoria GHIRALDI

Gorros e luvas foram substituíd­os por cobertores e chocolate quente num sofá aconchegan­te. Com a mudança forçada dos hábitos, em decorrênci­a da pandemia, a Riachuelo – uma das empresas líderes no varejo de moda do Brasil, com o maior parque fabril da América Latina – foi obrigada a mudar de look. O período de isolamento social foi duro para o Grupo Guararapes, que adquiriu a rede de lojas em 1979. Houve queda de 52,3% na receita líquida no segundo trimestre de 2020 frente ao de 2019. De R$ 1,8 bilhão para R$ 885,8 milhões. Buscando reverter essa situação, a marca decidiu investir mais fortemente na linha Casa Riachuelo, espaço exclusivo para a venda de itens de casa, mesa e banho. O espaço já existia como um setor, mas ganhou a primeira loja própria em São Paulo. “Acreditamo­s que uma pessoa não define seus gostos apenas pela forma como se veste, mas também em como decora a sua casa”, disse o CEO da companhia, Oswaldo Nunes.

Para atravessar o pior da crise, com suas 323 lojas próprias sendo fechadas em todo o País, a Riachuelo aderiu à Medida Provisória 936 como forma de não precisar demitir nenhum dos 40 mil funcionári­os das lojas e fábricas. Além de reduzir a carga horária e a remuneraçã­o de toda a diretoria e do CEO. A mudança acontece em um cenário em que o consumidor passa a valorizar mais o ambiente onde fica confinado, iniciando pequenas reformas ou mudando a decoração. Pesquisa da Associação Nacional de Material de Construção (Anamaco) em parceria com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), aponta cresciment­o de 40% nas vendas das lojas de materiais de construção de maio a junho, se comparado com o mesmo período de 2019.

Indicadore­s como esse mostram o tal do novo consumidor. De olho nessa mudança, a Riachuelo transformo­u o que antes era apenas um setor da loja em um espaço próprio e com mais visibilida­de. Daí a chegada da primeira Casa Riachuelo, no Shopping Ibirapuera, na capital paulista. O espaço de 420m² possui 2 mil itens exclusivos divididos por diferentes lifestyles, incluindo um setor para pets. A rede varejista aposta, também, na parceria com marcas já consolidad­as no segmento, como Buddemeyer, Cadence, Fom, Karsten, Nespresso e Oster e deve inaugurar mais cinco lojas exclusivas em Campinas, Rio de Janeiro e São Paulo. Para o analista de mercado Alberto Serrentino, o segmento é muito fragmentad­o no País, o que abre espaço para novas marcas em um cenário sem grandes redes. “A marca Riachuelo é forte, traz notoriedad­e e já tem uma certa relação com a categoria”, afirmou. “O novo segmento deve ativar a base fidelizada de clientes.”

As alternativ­as de atuação da rede estavam sendo estudadas antes mesmo do início da crise mundial. Isso porque o grupo já não desfilava tão bem, apresentan­do queda de 52% no lucro líquido em 2019 – de R$ 1,235 bilhão, em 2018, para R$ 592,7 milhões, no ano passado. Em março, a Riachuelo já havia anunciado contrato de licença com a Carter’s, maior comerciant­e americana de roupas de marca e produtos para bebês e crianças, comerciali­zada em mais e 90 países e com 600 lojas próprias nos Estados Unidos.

INVESTIMEN­TOS A companhia investiu R$ 160,4 milhões no período de janeiro a junho, aumento de 8,9% em comparação com 2019, quando os investimen­tos foram de R$ 146 milhões. O setor de infraestru­tura de TI recebeu destaque, com alta de 119,14% nos investimen­tos, que passaram de R$ 47 milhões para R$ 103 milhões. A alta aconteceu, também, nos e-commerce, que recebeu R$ 8,8 milhões em investimen­tos, uma alta de 44% em relação aos R$ 6,1 milhões investidos na primeira metade de 2019.

A inevitável aposta no digital já rendeu frutos. Estudo da Conversion, consultori­a de performanc­e e SEO, analisou as 50 principais lojas digitais do Brasil apontou a Riachuelo em segundo lugar na categoria de moda com o maior número de visitas em junho, com 10,37 milhões de acessos no período. As vendas dos canais digitais triplicara­m no segundo trimestre do ano em comparação com os três primeiros meses de 2020, e representa­ram 46,1% das vendas totais do período. Além disso, o tíquete médio apresentou aumento de 24,4% no segundo trimestre de 2020, passando de

R$ 134,50 para R$ 167,20. Para Oswaldo Nunes, as pessoas se habituaram ao uso do digital e isso não irá retroceder. “Lojas físicas viravam pontos de experiênci­a e o digital, conveniênc­ia. Com o cenário atual, essa transforma­ção ganhou ainda mais velocidade”, afirmou à DINHEIRO.

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Para aproveitar o aumento do segmento de cama, mesa e banho, a rede vai abrir cinco lojas exclusivas neste ano

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