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ATITUDES DE OURO

Atlantica Hotels, maior rede hoteleira multimarca­s da América Latina, fechará ano com queda de 45% no faturament­o, mas aposta na ampliação de conversões de pequenos hotéis para as bandeiras do grupo

- Sérgio VIEIRA

Com a pandemia, a empresa suspendeu, no final de março, as operações da sua fábrica na Zona Franca de Manaus. A produção foi retomada gradualmen­te em junho, com foco nos estoques das 262 lojas espalhadas pelo Brasil. Durante o trimestre, a rede de joalherias registrou queda de 54,6% na receita líquida – para R$ 137,6 milhões –, na comparação com igual época de 2019. O prejuízo líquido foi de R$ 1,67 milhão, revertendo lucro de R$ 156,9 milhões computado no mesmo período do ano passado. As lojas físicas venderam R$ 59,5 milhões de abril a junho, queda de 82,3% em um ano.Em compensaçã­o, as vendas virtuais avançaram 387% no segundo trimestre, para R$ 108 milhões. O dado representa 63,9% das vendas da companhia no período. “O cresciment­o do e-commerce nos deu um entendimen­to muito maior do quão grande pode ser esse canal”, afirmou.

Projeto de venda direta aos clientes via telefone e/ou Whatsapp

Antecipaçã­o do Order Management System permite integração do estoque de 18 praças, o que gerou mais rapidez na entrega dos pedidos on-line

RETOMADA Dos pedidos realizados pela internet nos últimos meses, cerca de 30% foram de clientes que compravam apenas nas lojas físicas e outros 30% de consumidor­es que não tinham cadastro na rede. A Vivara adotou, ainda, o projeto Joias em Ação (venda direta ao cliente, por meio de telefone e WhatsApp) e drive thru (comerciali­zação feita de forma remota, com retirada no estacionam­ento dos shoppings) para ampliar os negócios.

Vendas feitas de forma remota para retirada no estacionam­ento dos shoppings

Entrada em novos marketplac­es para aumentar a presença digital e atrair novos clientes para a plataforma própria

O CEO da Vivara se mostrou surpreso com a aceleração das vendas nas lojas físicas. Em abril, com apenas nove lojas abertas, a empresa registrou queda de 75,2% na receita operaciona­l. Esse número perdeu força com o decorrer da quarentena. Em maio, início da reabertura das unidades em alguns estados (26 no total), o índice caiu para 60,3%. E junho, a redução foi de 36% (com 186); de 10,3% em julho (214 unidades); e até o dia 24 de agosto (261 lojas), de 0,6%. “Em julho, atingimos 90% da venda total de 2019. Em agosto, já estávamos próximos dos 100%.”

Além disso, a empresa implemento­u medidas para reduzir despesas. No período, os custos operaciona­is recuaram 34,9%, na comparação com o segundo trimestre de 2019. No início da quarentena, a Vivara se apoiou na Medida Provisória 936, do governo federal, para adotar redução de jornada e de salário aos colaborado­res, além de

Empresa entregou 16 lojas da Vivara, cinco da Life e dois quiosques, após revisar plano de expansão eventual suspensão de contrato. A companhia revelou gastos de R$ 4 milhões com rescisões contratuai­s – o número de cortes não foi oficialmen­te divulgado.

Em agosto, a empresa concluiu a implantaçã­o de 23 novas operações no ano, superando a meta revista no início da pandemia – de 50 novas unidades para 21. São 16 lojas Vivara, cinco exclusivas Life (especializ­ada em prata), além de dois quiosques, somando 263 pontos de venda no País, praticamen­te todos localizado­s em shoppings – a exceção é a loja conceito na rua Oscar Freire, tradiciona­l região de marcas de luxo, em São Paulo.

A paulistana Carmen Takada, especialis­ta no setor joalheiro, valoriza as iniciativa­s adotadas por redes como a Vivara – casos da venda direta ou por WhatsApp – para chegar aos clientes. Há mais de 40 anos no ramo, ela classifica a joia como um autopresen­te. “Neste período de quarentena, quem pode investir numa joia o fez”, disse Carmen. “Isso eleva a autoestima. De quem recebe e de quem presenteia, mesmo se a pessoa tiver de usar dentro de casa.”

A consultora, a exemplo do CEO Marcio Kaufman, afirmou que a joia tem um valor residual, mas uma pessoa, segundo ela, não pensa, no ato da compra, que um dia poderá precisar se desfazer do produto. “O comprador pensa no hoje”, afirmou. “Se você adquire uma joia hoje, amanhã não vai vender pelo preço que pagou, mas a longo prazo terá o valor residual, o que acontece com poucos produtos.” Ela vê com surpresa a rápida retomada do mercado. E lembra que, no início da pandemia, a queda no movimento foi brutal, a exemplo do que aconteceu nos mercados de carros e de relógios de luxo. “Não vou dizer que vamos recuperar rapidament­e as vendas do período durante o qual o setor ficou estagnado. Isso vai demorar um pouco mais”, disse Carmen. “Mas esse cresciment­o apresentad­o pela Vivara é uma grata surpresa.”

Apalavra-chave no momento para o setor hoteleiro no Brasil, após meses de sufoco com o isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19, é resiliênci­a. Se pousadas e hotéis foram um dos primeiros segmentos a sentir a fuga dos clientes a partir do cresciment­o de casos do novo coronavíru­s, a retomada deve ser em ritmo bem lento. Quem não fechou as portas pela ausência de hóspedes e receio de frequentar um ambiente, em tese, movimentad­o, teve de desligar a tomada por determinaç­ão do poder público – a partir de decretos municipais, como ocorreu em São Paulo e Rio de Janeiro. Para se ter uma ideia do tamanho do buraco, a Confederaç­ão Nacional de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima perdas da ordem de R$ 122 bilhões.

Nesse cenário, quem perdeu mais foram os pequenos hotéis, os chamados independen­tes, normalment­e de gestão familiar, com menos fôlego para enfrentar longos períodos de baixa procura por hóspedes. E é justamente nessa baixa que a Atlantica Hotels, maior operadora hoteleira multimarca­s da América Latina, planeja

crescer nos próximos meses. Desde o início do isolamento social por conta da pandemia, o aumento de consulta para conversões, que na prática significa adesão às marcas do grupo – são 22 bandeiras, do budget ao luxo –, cresceu 20%. E apesar de a perspectiv­a de fechar o ano com queda de 45% sobre o faturament­o de 2019, de

funcionári­os serão entregues em 2020

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NOVOS PROTOCOLOS Para Eduardo Giestas, CEO da Atlantica, os hotéis têm feito ótimo trabalho quanto à segurança

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