ISTO É Dinheiro

UMA AJUDA DE R$ 217 BI

Governo federal e Congresso avançam em projeto que flexibiliz­a dívidas de estados e municípios. O alívio deve elevar ratings e viabilizar investimen­tos

- Paula CRISTINA

Ao fim de um ano recheado de problemas financeiro­s e crise sanitária, governador­es e prefeitos poderão respirar um pouco mais aliviados. O motivo é o projeto do governo federal, aprovado no Congresso em 15 de dezembro, que afrouxa os prazos de pagamentos de dívidas públicas. Traz alívio de R$ 217 bilhões, em nove anos, para estados e municípios. Além de facilitar o pagamento das despesas obrigatóri­as, a medida visa a obtenção de novos créditos dentro e fora do Brasil. Segundo dados Secretaria Tesouro Nacional (STN), o aumento da nota de risco (rating) pode ocorrer já em 2021. Entre os favorecido­s estão Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. Subiriam da nota C para B, o que facilita o acesso a crédito.

Uma das cabeças por trás do programa é o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues. À DINHEIRO, ele afirmou que a medida é fundamenta­l para que os governos regionais se reestrutur­em. “Temos de pensar além da pandemia. Por isso, a medida tem visão de longo prazo”, disse. O texto define que estados em grave situação fiscal renegociem prazos de pagamento das dívidas e revisem os Regimes de Recuperaçã­o Fiscal firmados antes da pandemia. “Os estados endividado­s poderão aderir ao programa se revisarem ao menos 20% dos incentivos fiscais em três anos”, afirmou o secretário. Segundo cálculos do governo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Goiás suspenderã­o, juntos, R$ 130 bilhões em dívidas com a União ao longo dos próximos nove anos.

Aprovado na Câmara, o projeto seguiu para sanção do presidente Jair Bolsonaro. Se não houver vetos, a contrapart­ida para os estados será a venda de estatais e a aprovação de uma reforma previdenci­ária. Em alguns casos será possível aderir ao Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal, com regras mais brandas.

EXEMPLO Curitiba, terceira capital no Ranking de Qualidade da Informação Contábil e Fiscal dos municípios, atrás de Recife e Belo Horizonte, conseguiu obter R$ 365 milhões após aderir ao Programa de Recuperaçã­o Fiscal. Segundo o secretário municipal de Planejamen­to, Finanças e Orçamento, Vitor Puppi, em 2017 a prefeitura tinha um déficit de R$ 2,19 bilhões. Este ano, o caixa fechará no azul em R$ 300 milhões. “Foi um trabalho de três anos para reerguer o município do ponto de vista fiscal’’, disse. A capital paranaense também foi pioneira na criação de um fundo anticrise, aprovado neste ano. Que sirva de exemplo para outras prefeitura­s e estados.

Temos de pensar além da pandemia. Por isso, a medida tem visão de longo prazo” WALDERY RODRIGUES, SECRETÁRIO ESPECIAL DE FAZENDA DO MINISTÉRIO DA ECONOMIA

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