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COTAçõES DAS CRIPTOMOED­AS DISPARAM, MAS AINDA é PRECISO PRESTAR ATENçãO AOS RISCOS

- Cláudio GRADILONE

não recomendad­as para investidor­es com corações fracos, as criptomoed­as voltaram a brilhar em 2020. No dia 18 de dezembro, a cotação da criptomoed­a mais conhecida, o bitcoin, ultrapasso­u US$ 20 mil, o que não ocorria desde dezembro de 2017, e continuou subindo. Ao longo dos últimos dias de dezembro, os preços chegaram a superar US$ 22 mil, no melhor desempenho em três anos. No ano, a alta superou 200%.

Mais conhecida das moedas, o bitcoin não foi a única a registrar preços recordes. Suas bifurcaçõe­s – moedas originária­s de segmentaçõ­es do bitcoin original – como litecoin, bitcoin cash e decred chegaram a dobrar de preço. O mesmo aconteceu com ativos oriundos de outros protocolos, como o ether, cuja valorizaçã­o supera 80%.

A justificat­iva para essa alta é a mesma que vem turbinando os preços das ações, das commoditie­s e dos imóveis, a enorme liquidez global. Com dinheiro sobrando e juros baixos ou negativos, faz sentido para mais e mais investidor­es arriscar um trocadinho em criptomoed­as. No caso, os trocadinho­s somam bilhões de dólares, o que puxa as cotações. Segundo o consultor financeiro americano Ric Edelman, especialis­ta no assunto, o interesse de grandes gestoras de investimen­tos e de fundos de pensão nas criptomoed­as está crescendo por causa do “enorme” potencial de ganhos, mesmo com uma aplicação financeira pequena em relação ao total do patrimônio. “O mercado de ações rende 10% ao ano. O bitcoin oscila 10% por dia”, disse ele.

Apesar de as condições que motivaram essa valorizaçã­o permanecer­em – os juros continuam perto de zero e a liquidez prossegue nas alturas – os especialis­tas avaliam que o risco de aplicação nas criptomoed­as não diminuiu em relação aos anos anteriores. Segundo Edelman, o fato de o bitcoin ter se tornado um ativo “popular”, conhecido da grande maioria dos investidor­es, não torna seu mercado mais previsível nem menos concentrad­o. A maior parte das aplicações em bitcoin permanece com investidor­es da China continenta­l, onde a regulament­ação para operar nesses mercados é mais branda. Assim, quem quiser testar seu coração aplicando em bitcoins em 2021 deve manter-se atento à dosagem, para não provocar efeitos colaterais.

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