ISTO É Dinheiro

O MOVIMENTO DA EMPRESA

49,9% US$ 3 bilhões

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Venda de de ações das fábricas de contêinere­s de metal da AB InBev nos Estados Unidos por para consórcio liderado pela Apollo Global

O momento de transforma­ção da cervejaria coincide com as especulaçõ­es sobre uma eventual troca do comando. Desde o início, a empresa está nas mãos do executivo Carlos Brito. Quando o tema é sucessão, o CEO desconvers­a. “O que posso dizer é que farei esse tipo de apresentaç­ão para vocês por muitos trimestres ainda”, afirmou. “Não há nada para se preocupar.”

Ainda que negue a mudança, o mercado enxerga três nomes como possíveis substituto­s de Brito no comando da cervejaria: o catarinens­e Michel Doukeris, presidente para a América do Norte da companhia — visto como favorito —, o carioca Ricardo Tadeu de Souza, que cuida da área de comércio digital, e Carlos Eduardo Lisboa, presidente para a América Central. Os três têm a Ambev como origem, a exemplo de Carlos Brito, que está na companhia desde 1999, ainda na época da Brahma.

DESTAQUE BRASILEIRO No balanço do terceiro trimestre da AB InBev, a operação brasileira, com a Ambev, é destaque positivo. O texto considera “um desempenho muito saudável do nosso negócio de cerveja no Brasil”, que, em volume, registrou alta de 25%. A receita das marcas globais da companhia no País cresceu 8,1% no período. Outro ponto observado foi o investimen­to em plataforma­s de e-commerce, como o Zé Delivery, hoje presente em todos os estados brasileiro­s, a partir de tecnologia para conectar redes de varejo aos consumidor­es, para entrega de bebida gelada. E de forma rápida. “A pandemia mudou a forma como fornecemos os produtos, mas os consumidor­es se mostraram fiéis a marcas que confiam. Além disso, tudo está sendo digitaliza­do”, afirmou Brito.

O volume total de bebidas produzidas pela companhia registrou alta de 2,2% no terceiro trimestre, o que confirma o processo de retomada

Fato é que o mercado de cervejas no Brasil conseguiu atravessar relativame­nte bem a turbulênci­a sentida principalm­ente entre abril e maio, auge do isolamento social e de fechamento de bares e restaurant­es no País. Dados da Associação Brasileira da Indústria de Cerveja (CervBrasil) mostram que o volume comerciali­zado em 2020 deve, no mínimo, ser igual ao de 2019, com 13,7 bilhões de litros, e possibilid­ade de ser um pouco acima. Os números devem ser consolidad­os até o fim do mês.

O fechamento dos principais pontos de vendas de bebidas no auge da pandemia não alterou apenas o canal de compra, mas o formato da embalagem. Até 2019, 60% da cerveja consumida era em embalagens retornávei­s, basicament­e as garrafas de vidro de 600 ml. Hoje, o cenário se inverteu, com 70% para latas e long neck.

Para o diretor-executivo da CervBrasil, Paulo Petroni, a extensão do auxílio-emergencia­l até o fim de 2020 e a chegada do verão contribuír­am para a recuperaçã­o nas vendas de cerveja no País. “As quedas de abril e maio foram compensada­s a partir da recuperaçã­o de setembro. Em novembro, o cenário já era de alta”, afirmou.

Especialis­tas do tema no Brasil corroboram com o fato de que a Ambev é um dos principais pilares da AB InBev e demonstrou robustez no período mais crítico de 2020, inclusive com lançamento­s de produtos durante a pandemia, como a Brahma Duplo Malte. Usando um termo muito usado na Economia, a brasileira é vista como “vaca leiteira”, que tem produtos que geram muito lucro, são estabeleci­dos no mercado e reconhecid­os pela qualidade e reputação.

Os números da Ambev no penúltimo trimestre de 2020 confirmam o bom desempenho da subsidiári­a brasileira. Entre julho e setembro do ano passado, a empresa registrou receita de R$ 15,5 bilhões, alta de 31,1% sobre o mesmo período de 2019, com R$ 11,9 bilhões. De janeiro a setembro, a companhia alcançou R$ 39,8 bilhões, ante R$ 36,7 bilhões nos mesmos meses de 2019. O lucro líquido ajustado, de R$ 2,49 bilhões,

foi 2,2% superior ao mesmo período de 2019. Outro ponto a ser considerad­o é que sua principal concorrent­e no País, a Heineken, enfrentou problemas de desabastec­imento por falta de insumos, como vidro para produção de garrafas.

O analista do setor de alimentos e bebidas da XP Inc., Leonardo Alencar, acredita que um ponto importante a ser destacado é a compreensã­o da equipe de liderança da cervejaria em ampliar o leque de opções para atender a novos perfis de clientes. “A empresa tem um enorme diferencia­l competitiv­o, que é a grande capilarida­de comercial e a força de distribuiç­ão no Brasil”, afirmou. “A Ambev também vem conseguind­o explorar o espaço para novos produtos, com lançamento­s importante­s, como o da linha Premium.”

Em relatório sobre o desempenho da cervejaria brasileira, a XP diz: “Poucos mostraram a mesma resiliênci­a em 2020, com players menores ainda fragilizad­os pela pandemia.” Segundo a CervBrasil, a Ambev hoje tem 55% de market share, com a Heineken com 21%, e o grupo Petropólis, que produz a Itaipava, com 16%. O restante fica com as demais empresas do segmento.

Analista do banco Itaú BBA, André Hachem entende que a empresa soube compreende­r a nova necessidad­e do consumidor a partir do isolamento social. “A Ambev se destaca entre as concorrent­es, principalm­ente pela evolução tecnológic­a. Há desenvolvi­mento grande focado em acesso aos clientes”, disse. Além do Zé Delivery, ele destaca a mudança na plataforma B2B da Ambev, que facilitou a forma do cliente comprar os produtos, por meio de aplicativo e com a ajuda maior do vendedor, que passou a ser mais uma espécie de consultor, trazendo dicas de consumo, mostrando opções, discutindo o melhor cenário para o ponto de venda.

Graças ao bom desempenho da subsidiári­a brasileira e às ações tomadas em 2020, a AB InBev tem grandes motivos para acreditar que 2021 será um ótimo ano para brindar os resultados no cenário de retomada. E com o copo cheio. De cerveja.

Com o fechamento de bares e restaurant­es em boa parte do mundo, a AB InBev implemento­u plataforma­s de e-commerce para atender à nova demanda por delivery

Universida­de Estadual de Campinas (Unicamp), fim da década de 1980. Um aluno do curso de Engenharia Elétrica desafia um professor, conhecido por convocar provas orais de surpresa. O jovem estudante, sabendo das dificuldad­es da matéria e das provocaçõe­s do mestre, “devorou” os livros. Estudou tudo com afinco. E um belo dia foi chamado para o teste, de duas perguntas, cada uma valendo 50% da nota. Na primeira indagação, êxito. Na segunda, outra resposta correta. A aparente vitória foi comemorada com um sorriso maroto, tão provocador quanto a intenção do professor. Foi o suficiente para que aquela prova verbal excepciona­lmente mudasse de formato e ganhasse uma terceira pergunta. Um questionam­ento difícil, que não estava nos livros. Sequer fazia parte do curso. O argumento do aluno foi óbvio: “Mas, professor, isso não está na matéria!”. A tréplica do docente foi arrebatado­ra: “Não está? Mas que droga de engenheiro você vai ser se você só estuda o que está na matéria?”

Cristiano Amon, aquele aluno perspicaz, relatou o episódio três décadas depois, em novembro de 2019, quando recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Unicamp. Foi o 29º cientista a receber a honraria em 53 anos. O único da área tecnológic­a. “Não só aprendi coisas fundamenta­is

quase o dobro da Vale, a maior empresa cotada na B3 (R$ 491,5 bilhões) e mais de duas Petrobras, com valor de mercado na casa dos R$ 394,5 bilhões. No ano fiscal 2020, encerrado em setembro, o faturament­o da Qualcomm foi de US$ 23,5 bilhões. De março a dezembro do ano passado, as ações da empresa cresceram 150%, passando de US$ 60,91 (valor próximo ao registrado na média dos anos anteriores) para US$ 152,43. Pelas cifras e pelo contexto global, o engenheiro Cristiano Amon será o principal executivo brasileiro no mundo dos negócios.

Com passagens também pela Vésper, NEC, Ericsson e Velocom, ele ingressou na Qualcomm em 1995. Na gigante americana, passou por vários cargos técnicos e de liderança comercial. Desde janeiro de 2018 é o presidente da empresa — posição abaixo da de CEO global. Liderou o desenvolvi­mento da estratégia 5G da companhia, incluindo sua aceleração, roteiro de tecnologia e implementa­ção global. Também impulsiono­u a diversific­ação dos negócios para além dos dispositiv­os móveis e em novos segmentos da indústria, como sistemas automotivo­s, RF Front-End (circuito receptor de rádio) e IoT. “Estivemos na vanguarda da inovação por décadas e estou ansioso para manter essa posição no futuro”, afirmou o executivo, em nota. “Estou ansioso para trabalhar com nossos 41 mil funcionári­os em todo o mundo para criar tecnologia­s que revolucion­em a maneira como as pessoas vivem, trabalham e se conectam”, disse. Entre suas histórias mais famosas no ambiente corporativ­o está uma briga judicial com a Apple por questões de patente. As empresas chegaram a um acordo, cujas condições não foram divulgadas. O engenheiro também traz no currículo a tentativa de abertura de uma fábrica no Brasil em 2019, projeto que acabou engavetado.

Steve Mollenkopf, que iniciou o processo de passagem do bastão a Cristiano Amon, elogiou o brasileiro. “Com nosso modelo de negócios claramente validado e nossa liderança em 5G, este é o momento certo para Cristiano assumir a liderança da empresa e presidir o que vejo como a maior oportunida­de da história da companhia”, afirmou, também em nota.

CHIPS Segundo pesquisa da consultori­a Couterpoin­t, a Qualcomm perdeu a liderança de mercado de chipsets de smartphone­s no terceiro trimestre de 2020. Com 29% de market share, foi ultrapassa­da pela MediaTek, com 31%. A quinta geração de internet, que deve começar a neste ano no Brasil, é um grande campo a ser explorado pela empresa.

A partir de junho à frente da operação global da Qualcomm, Amon terá de dar respostas a perguntas cada vez mais complexas, que não estão no roteiro do mercado — ou na matéria, como dizia eu professor. Mas ele saberá as respostas.

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