ISTO É Dinheiro

Caixa, comandada por Pedro Guimarães, será a nova gestora do seguro obrigatóri­o para os motoristas, que neste ano estão livres da cobrança

- Anna FRANÇA

OConselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e a Superinten­dência de Seguros Privados (Susep), entidades que regulament­am o setor no Brasil, estão tentando escrever o último capítulo da novela em que se transformo­u o seguro de Danos Pessoais por Veículos Automotore­s Terrestres, o DPVAT. Para isso, neste ano a contrataçã­o do seguro será gratuita e o novo gestor será a Caixa Econômica Federal, em substituiç­ão à Seguradora Líder, decisão anunciada no sábado (16).

Segundo a superinten­dente da Susep, Solange Paiva Vieira, essa operação era um grande desafio. Seria muito difícil coloca-la em pé tão rápido. Mas a conclusão foi que a larga experiênci­a da Caixa em administra­r programas públicos garante que ela pode atender os segurados de todo o País.

O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, admitiu que o desafio é grande. Cerca de 500 mil pessoas devem pedir indenizaçõ­es pelo DPVAT neste ano. Ele afirmou, porém, que a Caixa tem condições para isso. “Em 2020 fizemos 627,9 milhões de pagamentos entre auxílio emergencia­l e saques do FGTS, movimentan­do R$ 363,9 bilhões”, disse ele. “Agora vamos administra­r o DPVAT e nos firmamos como o banco das maiores ações públicas.” A Caixa fará o atendiment­o presencial e, em duas semanas, pretende colocar no ar um aplicativo para os segurados interagire­m. Os pedidos de sinistros que ocorreram até 31 de dezembro do ano passado, independen­temente da data de aviso, permanecem sob responsabi­lidade da Líder.

COMBATE àS FRAUDES A gratuidade não é uma cortesia. Após o levantamen­to das contas considerad­as suspeitas por participan­tes do mercado, as autoridade­s chegaram à conclusão que havia R$ 4,3 bilhões em recursos excedentes, mais que suficiente­s para cobrir os valores de 2021. Segundo a Susep, esse número comprova a necessidad­e das mudanças no DPVAT.

Criado em 1975, ele é um seguro de responsabi­lidade civil que cobre danos causados pelos motoristas, indenizand­o vítimas de atropelame­nto ou acidentes. É uma apólice muito vendida no exterior, mas que no Brasil precisou ser obrigatóri­a. Pela suas caracterís­ticas, o DPVAT sempre foi sujeito a fraudes. Qualquer acidentado pode chegar a um hospital, dizer que sofreu um acidente e solicitar a indenizaçã­o, hoje de R$ 13,5 mil. Isso levou a Polícia Federal e o Ministério Público de Minas Gerais a lançar, em 2015, a operação Tempo de Despertar, que mirou uma quadrilha de policiais civis, médicos e servidores públicos que fraudavam o seguro por meio de laudos falsos. No início da operação, a estimativa era de fraude de R$ 28 milhões. Atualmente, a conta chega a R$ 1 bilhão.

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